Devido a crise gerada pela pandemia do coronavírus (Covid-19), a Latam está procurando flexibilizar a convenção coletiva, estabelecendo novas regras de remuneração de tripulantes. Isso ocorre em meio à possível demissão de 2,7 mil pilotos e comissários.
O plano da Latam de mudar de forma permanente o plano de remuneração dos seus colaboradores tem trazido um impasse com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA). Ondino Dutra, presidente da SNA, chegou a pedir publicamente a demissão do presidente da companhia, Jerome Cadier.
“Estamos descrentes sobre a real intenção da empresa em buscar o consenso na medida em que propõe uma redução permanente no salário para uma situação que é temporária”, disse Dutra. A declaração foi dada em uma teleconferência na última quarta-feira (17).
A companhia aérea, no entanto, mostra-se disposta a conversar com os representantes dos aeronautas. “A Latam informa que segue em negociação com o sindicato”, diz o comunicado divulgado na última sexta-feira (19).
Com o intuito de reduzir seus custos devido à crise, o que fez com que a demanda por viagens caísse bruscamente, a Latam apresentou duas propostas ao SNA, ambas contêm os seguintes princípios:
- Licença não remunerada;
- Programa de demissão voluntária.
No primeiro plano, caso a adesão aos programa de demissão voluntária não atinja 2,7 mil tripulantes — cerca de 2 mil comissários e 700 pilotos –, a companhia demitirá funcionários até que se chegue a esse número. Aproximadamente 4.965 dos tripulantes restantes terão a jornada reduzida em 50%.
A segunda proposta da Latam estipula o trabalho em meio período (corte de 50% da jornada) para todos os tripulantes, até dezembro de 2021.
Entretanto, de acordo com o presidente da SNA, a resistência às propostas da Latam não está ligada às regras temporárias, mas sim à tentativa de estabelecer mudanças permanentes na forma de remuneração da categoria.
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“A categoria tem demonstrado vontade em buscar um acordo para a proposta de redução temporária dos salários e com isso garantir a manutenção dos empregos nos próximos 18 meses”, afirmou Dutra. “Mas entendemos que a redução de salário a partir de 2022 não se justifica como medida para enfrentar a crise.”
Embora formalmente as negociações continuem, o presidente do sindicato disse que se a Latam insistir em mudanças permanentes, é esperado que o acordo seja rejeitado.