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CEO da Latam Brasil: compra da empresa pela Azul (AZUL4) está “fora de questão”; rival é criticada

Com Chapter 11 nos EUA, Latam se esquiva de compra da Azul há meses - Foto: Divulgação/Latam

Com Chapter 11 nos EUA, Latam se esquiva de compra da Azul há meses - Foto: Divulgação/Latam

O presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, negou em entrevista que a aérea esteja negociando uma eventual venda para a Azul (AZUL4) ou mesmo uma fusão. O rumor sobre a transação agitou o mercado em junho último e chegou a ser avaliada pelo Bradesco BBI — que sugeriu que a fusão entre as duas empresas, em relatório publicado naquele mês, era “muito provável” e ocorreria no segundo semestre de 2021. A operação voltou ao noticiário em agosto.

Mas, ao conceder entrevista ao Estadão/Broadcast, Cadier afastou essa possibilidade. Afirmou que uma eventual oferta de compra da empresa pela Azul está fora de questão e mais: disse que a rival tem “pavor de concorrência”.

O tema vem ganhando cada vez mais destaque, principalmente diante de declarações incisivas do presidente da Azul, John Rodgerson. Depois de um questionamento durante uma live sobre eventual oferta pela Latam Brasil, no último dia 17 de agosto, o executivo afirmou que o setor sempre teve “voos de galinha” e que o País precisa de “empresas fortes”.

“A Azul quer aumentar tarifa”, diz presidente da Latam

O presidente da Latam vê as declarações da rival como uma tática de mercado. “A Azul está fazendo isso para dificultar a saída da Latam do Chapter 11 (equivalente à recuperação judicial nos EUA), o que levaria a um processo mais complexo e mais caro. A Azul tem pavor de concorrência, e nós estamos saindo do Chapter 11 mais competitivos do que já fomos na história do grupo”, disse o executivo, que foi ainda mais incisivo nessa questão.

“A Azul defender que é melhor uma empresa monopolista é um absurdo. O que a companhia está querendo (com a oferta pela Latam Brasil) é aumentar tarifa, pois teria menos concorrência. Isso é bom para o acionista da Azul, não para o passageiro”, frisou o executivo.

A entrevista passou por outros temas sensíveis, como a recuperação das empresas aéreas um ano e meio após o início da pandemia que abalou o setor.

Cadier está otimista com a recuperação do mercado brasileiro. Para o executivo, a retomada da demanda nas rotas domésticas está mais forte do que o esperado, o que contribui para o grupo chileno sair fortalecido do processo de Chapter 11 nos Estados Unidos, sem a necessidade de venda de parte das operações.

Latam: exclusividade de negociação com credores

A Latam, resultado da união da brasileira TAM com a chilena LAN, em 2011, tem exclusividade de negociação com credores até o próximo dia 15 de setembro, mas o grupo ainda pode pedir a postergação dessa data-limite. Com isso, uma eventual proposta da Azul teria de esperar.

“Ainda estamos na fase em que credores e potenciais investidores conheceram o plano e podem enviar suas propostas sobre este plano. Nas próximas semanas, antes do dia 15, devemos ir a público e dar detalhes sobre tudo isso. A boa notícia é que existe vontade no mercado de financiar a Latam. Nosso plano é viável, se não fosse, ninguém iria querer botar dinheiro na empresa.”

Caso não haja prorrogação da exclusividade com a Latam, credores poderão optar por discutir um outro plano e levar para votação em assembleia, o que ocorreria provavelmente entre meados de novembro ou dezembro deste ano.

“Compra pela Azul seria financeiramente ruim para o grupo”

“A Azul levantou o desejo de adquirir a Latam Brasil, mas nós não temos interesse, seria uma decisão financeiramente ruim para o grupo”, diz Cadier. Ele acrescenta ainda que eventuais acordos comerciais, como compartilhamentos de voo ou até parcerias com outras empresas, poderiam caminhar paralelamente ao processo nos EUA.

“O que a Azul quer, uma aquisição, não faz sentido para nós. A probabilidade de o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovar uma fusão desse porte é baixíssima, próxima de zero, pois a nova empresa teria 70% do mercado doméstico”, pondera o executivo, acrescentando que o processo de análise de uma eventual aquisição levaria “de um a dois anos” na autarquia.

“Não seria possível aprovar o Chapter 11 enquanto não fosse decidido pelo Cade. O que você faz com a companhia nesses 12 meses? Não é um plano factível.”

Latam: “Temos caixa para atravessar a pandemia”

Enquanto o grupo não sai da recuperação judicial, Cadier garante que a companhia tem condições de atravessar a pandemia. Dos US$ 2,4 bilhões de empréstimo do tipo DIP, contratado na pandemia, ele afirma que a companhia acessou US$ 1,6 bilhão.

“Se precisarmos de mais caixa, ainda temos cerca de US$ 800 milhões à disposição. Isso mostra que estamos queimando menos caixa do que tinha no plano, principalmente com uma oferta bastante linear e equilibrada, além de mudanças fortes e estruturais no grupo.”

Ele assegura que as novas rotas anunciadas pela Latam Brasil são rentáveis. “Estou muito otimista com o curto prazo no mercado brasileiro, estamos voando mais do que imaginávamos em abril, quando a segunda onda da covid-19 atingiu em cheio o País.”

Procurada para responder às declarações de Cadier, da Latam, a Azul não quis dar entrevista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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