Klabin (KLBN11): projeto bilionário sobre fábrica é questionado até pelo comando da empresa

A XP divulgou suas impressões sobre o novo projeto da Klabin (KLBN11), o “Figueira”, com investimento bilionário, anunciado na quarta-feira (20). A fábrica de papelão a ser construída em Piracicaba (SP) ao custo de R$ 1,57 levou a questionamentos no mercado quanto a alocação de capital e o retorno esperado. Houve críticas até por parte do Conselho de Administração da companhia – o que foi anotado na ata de aprovação do projeto na reunião do colegiado.

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Além disso, prevê um capex de R$ 6,1 mil/ton, que deve incluir inflação dos custos e levantar percepções negativas por parte do mercado sobre o empreendimento, segundo a XP.

Após o anúncio do projeto, as ações da Klabin caíram cerca de 6% na abertura do pregão desta quinta (21), se recuperando parcialmente ao longo do dia e acumulando queda de 3,36% no fechamento, cotadas a R$ 18,43.

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Entenda o projeto da Klabin

A Klabin anunciou a aprovação da construção de uma nova fábrica de papelão ondulado, que deve fornecer 240 mil toneladas do produto.

O local terá 950 mil metros quadrados, inclui a instalação de duas máquinas waver, nove impressoras, condições para receber futuros projetos de produção de papel reciclado e capacidade adicional de papelão ondulado.

O capex deve somar R$ 1,57 bilhão (incluindo aproximadamente R$ 200 milhões em impostos a recuperar) financiados pelo caixa da empresa, enquanto o pagamento deve ocorrer entre 2022 e 2024.

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A Klabin, em apresentação complementar do projeto, enfatizou a sua crença em um modelo de negócios diversificado, sustentável e integrado.

“Tom negativo de conselheiros” sobre o projeto

Analisando as reuniões do conselho de administração nas quais o projeto da Klabin foi aprovado, a XP disse ver “negatividade” no tom de alguns conselheiros.

Muitos questionamentos ao projeto também falavam sobre a alocação de capital envolvida e mecanismos de incentivo à diretoria, segundo a corretora — as atas não serão bem recebidas pelo mercado.

A conselheira Isabella Saboya, por exemplo, escreveu na ata sobre a reunião que aprovou o projeto: “Voto a favor, mas reconheço que restam dúvidas sobre o projeto, notadamente por não se discutir projetos alternativos como o investimento numa fábrica de papel integrada e/ou integração com máquinas recicladoras feita conjuntamente ao projeto de papelão ondulado já na partida”.

Saboya acrescenta: “O projeto isoladamente parece não ser atrativo em termos de retorno financeiro, mas exerço o meu right to trust de que o projeto faz sentido no modelo de negócios geral da companhia e, portanto, dou o benefício da dúvida à administração. Mas insisto que a companhia deveria ainda esse ano dedicar pelo menos um dia inteiro ao Planejamento Estratégico entre administração e Conselho de Administração para que controvérsias como a desse projeto se tornem desnecessários. Fica evidente pelos votos contrários de que a ausência desse Planejamento Estratégico conjunto entre administração e Conselho de Administração causa danos à boa dinâmica do órgão e ao alinhamento imprescindível entre administração e Conselho.”

O conselheiro Camilo Marcantonio também anotou: “Expresso minha preocupação com o Projeto Figueira, que tem um VPL negativo em 20 anos e baixíssimo retorno mesmo considerando a perpetuidade. Considerando o aumento recente de juros, que implica aumento no nosso custo de capital, o VPL na perpetuidade deve
ser ainda mais baixo, ou até mesmo negativo. Além de o projeto ter baixo retorno em seu cenário base, o Projeto Figueira apresenta risco relevante de destruição de valor, visto que possui retorno negativo em parte significativa da tabela de sensibilidades apresentada pela diretoria, considerando variações de preço de papelão ondulado.”

O conselheiro Mauro Rodrigues da Cunha votou contra a aprovação do projeto: “Voto contrariamente à deliberação. Inicialmente, registro meu elogio à administração
pela transparência na apresentação do projeto, tanto nos seus méritos como nos seus desafios. (…) Na minha opinião não restou comprovado que o investimento é a melhor utilização para o capital neste momento. A despeito de todos os avanços operacionais, nossas ações estão no mesmo nível de 7 anos atrás. A Klabin tem
oportunidades de alocação de capital muito mais atrativas, e a única forma de revertermos essa percepção de baixo retorno ao acionista é focar nessas oportunidades.”

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“Esperamos que a empresa divulgue mais detalhes sobre o projeto, bem como forneça mais informações sobre a decisão de investimento, as premissas de VPL e detalhes sobre o montante de capex necessário para o projeto, a fim de melhor analisarmos a geração de valor”, ponderou a XP.

A XP, apesar da ponderação, manteve sua recomendação de compra para as ações da Klabin, com preço alvo de R$ 31,2 por ação.

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Redação Suno Notícias

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