A queda de 63,5% no lucro da Klabin (KLBN11) no primeiro trimestre deste ano (1T24), para R$ 425,5 milhões na comparação anual, não foi o suficiente para fazer o BB Investimentos (BB-BI) deixar de olhar o balanço da empresa do setor de papel e celulose com bons olhos. “Boa performance de todos os segmentos leva a um consolidado equilibrado”, diz o relatório publicado pelo banco nesta sexta-feira (26), um dia após a divulgação de resultados da empresa.
Uma série de fatores chamaram a atenção dos analistas, que destacaram uma melhora ao analisar os números dos trimestres anteriores da Klabin, nos quais apenas o negócio de celulose se destacava positivamente.
Na análise, os estrategistas pontuam que houve uma evolução de 4,7% no volume de vendas da Klabin no 1T24 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Destaca-se a recuperação das vendas de kraftliner, impulsionada pelo aumento no volume de papel-cartão devido ao ramp-up da máquina MP28, além do forte ritmo de expedição de papelão ondulado.
No entanto, diz o banco, a receita líquida da Klabin registrou uma queda de 8,3% em relação ao ano anterior, impactada pelos menores preços de celulose, bem como pela valorização do real em relação ao dólar. O custo-caixa de produção continuou a recuar, mantendo a tendência dos trimestres anteriores.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado atingiu R$ 1,7 bilhão, representando uma queda de 15% em relação ao ano anterior, enquanto a margem Ebitda ajustada ficou em 37,3%, uma redução de três pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo análise do banco.
No que diz respeito à estrutura de capital, após novas captações no primeiro trimestre de 2024, a dívida bruta da Klabin atingiu R$ 33 bilhões e a dívida líquida ficou em R$ 21,3 bilhões, observam os analistas. “A alavancagem financeira medida pelo indicador dívida líquida/Ebitda ajustado avançou para 3,5x (ante 3,2x no 4T23), mas permanece dentro dos parâmetros estabelecidos na política de endividamento da companhia”, aponta o relatório.
Outro ponto chama atenção do BB-BI: a aprovação da distribuição de dividendos da Klabin no valor de R$ 330 milhões, com pagamento previsto para o dia 16 de maio deste ano. Além disso, foi aprovado um aumento de capital de R$ 1,6 bilhão para bonificação em ações, com o crédito de 1 nova ação para cada 10 ações detidas pelos acionistas, a ser realizado em 9 de maio.
O relatório do banco destaca ainda que, apesar da expectativa de resultados resilientes nos próximos trimestres, mantém a recomendação neutra para a Klabin devido ao limitado potencial de upside para o preço-alvo de R$ 24 até o final deste ano, uma evolução de +2,8%, considerando o risco de correção nos preços da celulose no segundo semestre de 2024 após a inauguração de novas plantas e o aumento da oferta global. Atualmente, o BB-BI recomenda as ações a R$ 23,25.
Lucro, receitas e Ebitda: confira o desempenho da Klabin no 1T24
No primeiro trimestre deste ano (1T24), a Klabin registrou um lucro líquido de R$ 425,5 milhões, representando uma queda de 63,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse declínio foi impactado principalmente por um resultado financeiro menos favorável durante o período.
As receitas da empresa do setor de papel e celulose alcançaram R$ 4,43 bilhões entre janeiro e março, apresentando uma queda de 8,3% em relação ao mesmo período de 2023. Esse recuo reflete principalmente a diminuição dos preços da celulose e do kraftliner, além da valorização do real em relação a outras moedas.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da Klabin foi de R$ 1,65 bilhão nos três primeiros meses de 2024, o que representa uma queda de 14,9% em relação ao ano anterior. A margem Ebitda ajustada também registrou uma diminuição de três pontos percentuais, ficando em 37%.
Por outro lado, o custo caixa por tonelada da Klabin teve uma redução de 9% em um ano, chegando a US$ 2.984. Esse declínio é explicado principalmente pela queda nas despesas de vendas e nos custos variáveis, além da diluição de custos fixos devido ao aumento do volume de vendas.
Entretanto, o resultado financeiro da empresa foi negativo em R$ 378 milhões, revertendo um resultado positivo de R$ 58 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. Esse resultado negativo se deve ao aumento das despesas financeiras e aos maiores efeitos da variação cambial.
A Klabin apresentou uma queima de caixa livre de R$ 454 milhões, devido aos investimentos realizados e ao aumento do capital de giro. A dívida líquida da empresa ao final de março era de R$ 21,3 bilhões, com uma alavancagem de 3,5 vezes o Ebitda.
Ações da Klabin fecham pregão em baixa um dia após divulgação de resultados do 1T24
A Klabin encerrou o pregão desta sexta-feira (26), um dia após divulgar os resultados do 1T24 da companhia, com ações negociadas a R$ 23,10 no Ibovespa, uma baixa de 0,65% quando comparado ao dia anterior.
Após atingir a maior alta deste ano na Bolsa de Valores, em 9 de abril, a Klabin começou a enfrentar quedas sucessivas no pregão. Mas ainda que no mês de abril a empresa de papel e celulose esteja em queda de 7,76%, nos últimos doze meses o grupo anota alta de 25,27% em sua valorização.