A Justiça do Trabalho de Camaçari proibiu na noite da última sexta-feira (5) a demissão dos funcionários da fábrica da Ford (NYSE: F) localizada na cidade baiana.
A decisão liminar do juiz Leonardo de Moura Landulfo Jorge, da 3ª Vara do Trabalho de Camaçari, determinou que a Ford não vai poder demitir os funcionários durante as negociações.
Além disso, enquanto os contratos de trabalho estiverem em vigor, a montadora americana não poderá suspender o pagamento dos salários e das licenças remuneradas dos seus funcionários.
A Ford poderá recorrer da decisão após ser notificada.
Além disso, no seu despacho, o juiz salientou como a empresa não pode praticar “assédio moral negocial, de apresentar ou oferecer propostas ou valores de forma individual aos trabalhadores, durante a negociação coletiva, devendo, caso seja do seu interesse, informar a coletividade das tratativas através de comunicados oficiais”.
Caso a liminar não seja cumprida, a Ford poderá ser multada em R$ um milhão por cada item indicado na liminar, e mais R$ 50 mil por cada trabalhador demitido.
Entenda o caso da Ford
No dia 11 de janeiro a Ford tinha anunciado o fechamento de todas as suas três fábricas no Brasil em meio a uma reestruturação de seus negócios na América do Sul.
A companhia diz que irá continuar operando no país com negócios de não-manufatura, incluindo seu escritório de desenvolvimento de produtos, na Bahia, sua sede regional e seu campo de provas, esses dois em São Paulo. A produção de veículos da Ford no continente, entretanto, ficará apenas na Argentina e no Uruguai.
As fábricas de Camaçari, na Bahia, que produz o Ford Ka e o EcoSport, e de Taubaté, em São Paulo, onde são produzidos motores, serão fechadas imediatamente.
No último trimestre de 2021 será a vez da fábrica em Horizonte, no Ceará, na qual são produzidos a veículos da Troller.
Em 2019, a Ford já havia encerrado sua produção na fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, onde produzia o Fiesta. O carro, um dos modelos de maior sucesso da Ford, deixou de ser vendido no país.
Agora, os modelos nacionais terão suas vendas interrompidas assim que os estoques terminarem.
A companhia promete “dialogar com sindicatos” para achar a melhor saída possível para o fechamento das plantas com seus funcionários. Ao total, cinco mil vagas devem ser encerradas.
No ano passado, segundo a Anfavea, a Ford vendeu cerca de 119,5 mil veículos no Brasil, número 39,2% menor na comparação com o ano de 2019. Os números da companhia ficaram piores do que os do mercado de automóveis em geral, que apresentou queda de 28,6%.