Juros futuros longos abrem em alta após Copom manter Selic
Os juros futuros abriram em alta nesta quinta-feira (29), após a manutenção da taxa básica de juros da economia (Selic) em 2% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Em uma sessão de alta volatilidade na última quarta-feira (28), a curva de juros já havia sido inclinada, demonstrando o receio dos investidores quanto ao aumento da inflação e questões ficais do País.
Por volta das 9h10 desta manhã, os contratos de juros futuros baseados no Depósito Interfinanceiro (DI) negociados na B3 para janeiro de 2022 apresentavam uma queda de 1,15%, a 3,45%. Os papéis para janeiro de 2023 sobem 0,80%, para 5,03%; para janeiro de 2025 avançam 1,35%, para 6,75%; para janeiro de 2027, também operam com alta de 1,35%, para 7,52%.
Após a reunião que sacramentou a permanência da Selic, o Copom salientou que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”. O mesmo entendimento já havia sido apresentado após a última reunião do colegiado do Banco Central (BC).
No Suno One você aprende a fazer seu dinheiro trabalhar para você. Cadastre-se gratuitamente agora!
Entretanto, o Copom não se mostrou pressionado pela recente alta dos índices de inflação, alegando que são “choques temporários” e que estão sob controle no âmbito da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Juros futuros em alta e dólar próximo das máximas
O BC salientou que “as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se em níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária“.
Para a autoridade monetária, o movimento do aumento dos preços nos últimos meses se deu por conta da “depreciação persistente do real, da elevação de preço das commodities e dos programas de transferência de renda”.
A valorização do dólar frente à moeda brasileira é um outro sintona de que o mercado mostra-se pessimista com o futuro do País. Na última quarta-feira, a divisa norte-americana chegou a ser negociada próxima de R$ 5,80 (maior patamar desde meados de maio), mas o BC entrou com um leilão de dólares à vista, o que arrefeceu o mercado — ainda antes das considerações do Copom.
Em um período de incertezas acentuadas pela retomada da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Hemisfério Norte, o colegiado do BC adota novamente um tom “dovish”, ou seja, favorável à manutenção de estímulos monetários. Agora o mercado se pergunta até que ponto a manutenção da Selic em patamares historicamente baixos não traga um effective lower bound, quando a política monetária dessa natureza passa a ter resultados contraprodutivos.
Até lá, os investidores refletirão nos juros futuros suas expectativas dadas as informações de depreciação do real e, sobretudo, dos índices de inflação. Nesta manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) disse que o Índice Geral de Preços -Mercado (IGP-M) avançou 3,23% em outubro, acumulando uma alta de 20,93% nos últimos 12 meses.