Juros dos EUA seguem no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano, decide Fed

A taxa de juros dos EUA foi mantida no intervalo entre 5,25% a 5,5% ao ano, de acordo com decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) comunicada na tarde desta quarta-feira (1º).

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A decisão foi unânime e ficou em linha com as expectativas do mercado financeiro. O Fed informou ainda que ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,4%, decisão que entra em vigor a partir da quinta-feira (2), enquanto a taxa de desconto ficou inalterada em 5,5% ao ano.

No comunicado, o Fed alertou que “não será apropriado” cortar as taxas de juros nos Estados Unidos até que os dirigentes tenham mais confiança de que a inflação está em tendência de queda sustentada rumo à meta de 2%.

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o Comitê ressaltou que “avaliará cuidadosamente vários fatores”, incluindo o mercado de trabalho, a inflação e as expectativas inflacionárias, além de desenvolvimentos financeiros e da economia internacional. “Estamos prontos para ajustar a política monetária como apropriado, se riscos surgirem”, pontuou a autoridade monetária dos EUA.

O Fed afirmou ter verificado uma falta de progresso na redução da inflação nos EUA últimos meses, o que exige que a instituição permaneça “muito atenta” aos riscos inflacionários. “Dados recentes sugerem que a atividade continua se expandindo em ritmo sólido”, afirma o texto, que também destaca as incertezas para a perspectiva econômica, ao continuar registrando taxas de inflação muito elevadas, apesar das marcas de desaceleração vistas no último ano.

Apesar disso, o Fed afirma que os riscos para atingir metas em emprego e inflação estão mais equilibrados nos EUA, com progresso visível no último ano, com ganhos no emprego robustos e taxa de desemprego em nível baixo.

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Powell diz que vê ameaça persistente da inflação

Em entrevista coletiva após o anúncio, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a inflação persistente poderia fazer a instituição manter os juros atuais “por mais tempo” nos Estados Unidos e enfatizou que os indicadores darão a resposta sobre se os juros estão restritivos o suficiente.

Powell disse que há, sim, caminhos que podem levar a “cortes de juros ou a nenhum corte neste ano”, sem se comprometer com os próximos passos.

Além de reafirmar que a inflação chegará à meta de 2% ao longo do tempo, Powell disse que o banco central “não está satisfeito” com o nível atual dela, em cerca de 3%.

De qualquer modo, considerou que não há necessidade de elevar mais os juros agora, com o argumento de que a política monetária “precisa de mais tempo para fazer seu trabalho”, no quadro atual.

Na avaliação de Powell, é possível que uma piora do emprego ainda ocorra nos EUA, para que a inflação perca fôlego. Apenas uma piora “significativa” no emprego poderia fazer o Fed “reagir” com corte de juros, avaliou.

Na coletiva, Powell enfatizou que o banco central norte-americano será cauteloso, ao se aproximar da decisão de reduzir juros. Apesar de reafirmar os “muitos progressos” já obtidos na inflação, ele também enfatizou que “ainda há mais trabalho a fazer” nessa frente, e disse que deve levar “algum tempo” até que o Fed seja bem-sucedido para atingir a meta.

Powell negou que veja neste momento aceleração no ritmo econômico e admitiu a atuação do Fed para “esfriar a economia”, mas negou que haja um quadro de estagflação nos EUA. Sobre o mercado de trabalho, avaliou que a demanda por trabalhadores ainda excede a oferta. Os ganhos fortes do emprego foram acompanhados por maior participação no mercado, acrescentou. De qualquer modo, a demanda “arrefeceu bastante” no mercado de trabalho no último ano, disse ele.

O presidente do Fed também afirmou que via “progressos” nos salários, porém acrescentou que esses avanços eram “acidentados”. De qualquer modo, lembrou que o BC não tem meta para os salários, e sim para a inflação, sendo eles “apenas um dos fatores” que afetam o quadro inflacionário.

Powell afirmou que gastos sensíveis a juros, como com habitação, têm sofrido os efeitos da política monetária. Ainda assim, comentou que um aperto nas condições financeiras é “apropriado”, considerando-se os números da inflação no primeiro trimestre.

Questionado sobre o quadro eleitoral, com disputa pela Casa Branca neste ano, Powell afirmou que as eleições ou o quadro político em geral não serão elemento para se definir as decisões de juros.

Em outro momento, Powell comparou o contexto nos EUA e em outros países em que bancos centrais também que avaliam cortar juros. Segundo ele, o que distingue os EUA dos demais, nesse contexto, é que o país está sustentando seu crescimento econômico.

Powell ainda disse que o Fed “está comprometido em prosseguir” com as reformas de Basileia III, mas acrescentou que não há decisão final sobre o tema.

Juros dos EUA: Fed anuncia redução de balanço

O Federal Reserve informou também que vai reduzir o ritmo mensal de enxugamento de sua carteira de Treasuries, os títulos do tesouro dos EUA, de US$ 60 bilhões para US$ 25 bilhões, como parte de seus esforços para trazer a inflação de volta à meta de 2%.

O Fed informou que ainda vai manter o teto de resgate mensal de títulos de agência e atrelados a hipotecas em US$ 35 bilhões.

A decisão foi anunciada horas depois da divulgação de estatísticas que confirmam o fortalecimento do mercado de trabalho nos EUA. O relatório ADP, que avalia o setor privado, informou a geração de 192 mil empregos em abril, segundo pesquisa com ajustes sazonais. O resultado superou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, de geração de 175 mil postos de trabalho.

Já o número de empregos criados em março foi revisado para cima, de 184 mil para 208 mil. A pesquisa da ADP também mostrou que os salários no setor privado tiveram expansão média anual de 5% em abril. Na sexta-feira (3), os EUA divulgam seu relatório oficial de emprego, conhecido como “payroll”, que engloba dados dos setores privado e público.

Já o relatório Jolts informou que a abertura de postos de trabalho nos EUA recuou de 8,813 milhões em fevereiro (dado agora revisado, de 8,756 milhões divulgado inicialmente) a 8,488 milhões em março, informou o Departamento do Trabalho. Analistas ouvidos pela FactSet previam 8,665 milhões.

Enquanto isso, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial caiu de 51,9 em março para 50 em abril, nível que indica estagnação da atividade manufatureira, segundo dados finais publicados pela S&P Global. O resultado veio em linha com a previsão de analistas consultados pela FactSet, mas ligeiramente acima da leitura preliminar, de 49,9, e mostra que o cenário da política de juros nos EUA tem mantido a atividade industrial estagnada, reduzindo assim o risco de pressão inflacionária.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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