Juros em alta e dólar em queda: como fica o cenário de investimentos?
A recente elevação da taxa Selic pelo Banco Central para 14,25% e a desvalorização do dólar em relação ao real estão moldando um novo cenário para investidores no Brasil. Com a Selic podendo alcançar 15% ao ano, o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos pode criar novas oportunidades, embora ainda haja desafios significativos.

Os especialistas consultados pelo Suno Notícias afirmaram que o diferencial de juros pode contribuir para a valorização do real, aumento do fluxo de investimentos no Brasil e até mesmo a redução da inflação. Nos Estados Unidos, o Fed manteve os juros entre 4,25% e 4,5%, prevendo dois cortes ainda em 2025.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, destaca que a alta da taxa Selic tende a atrair capital estrangeiro para o Brasil. “O investimento em títulos brasileiros se torna mais atrativo, o que pode fortalecer o real e, ao mesmo tempo, impactar negativamente os investimentos produtivos”, afirma.
Em certa medida, isso pode trazer um fluxo maior de dólares, seja na bolsa de valores ou em ativos de renda fixa, resultando na valorização desses ativos.
Queda do dólar pode reduzir a inflação e contribuir com a valorização dos ativos brasileiros
Por outro lado, Gustavo Menezes, gestor de fundos na AZ Quest, indica que o diferencial de juros pode ajudar na valorização da moeda brasileira e na redução da inflação. “Com o câmbio mais estável, espera-se uma desaceleração nos preços de produtos importados, o que pode beneficiar o consumidor”, explica.
Menezes lembra que o cenário de inflação fora da meta do Banco Central, que é de 3% a 4,5% ao ano, é o principal problema do país. Tanto é que a inflação acumulada, atualmente em 5,06%, é um dos pontos que gera maior impopularidade do governo Lula, afirma o especialista da AZ Quest.
Em contrapartida, ele afirma que o dólar sob controle evita que investidores e empresários se afastem dos ativos brasileiros, abrindo perspectivas mais otimistas para o futuro.
Menezes explica que, embora a inflação ainda esteja acima da meta, a estabilidade no câmbio gera um clima de confiança.
Tanto é que o mercado de ações já mostrou sinais de recuperação, atingindo patamares acima dos 130 mil pontos, após uma queda vertiginosa nos períodos em que o dólar alcançou patamares acima de R$ 6,00. Essa recuperação indica que o otimismo está voltando, e a expectativa é de que a inflação possa caminhar em direção à meta, embora o processo seja gradual, acredita o gestor.