Na última segunda-feira (26), em uma decisão inédita nos Estados Unidos, a multinacional norte-americana Johnson & Johnson foi condenada a pagar U$ 572 milhões por conta de opioides. Segundo o juiz Thad Balkman, a empresa contribuiu com o vício público da substância em Oklahoma.
Balkman disse que “essas ações comprometeram a saúde e a segurança de milhares de pessoas de Oklahoma” ao se referir aos analgésicos altamente viciantes produzidos pela Johnson & Johnson.
Balkman disse que o laboratório Janssen, farmacêutica conjunta à J&J, praticou “marketing enganoso e promoção de opioides”, acarretando em uma crise de dependência a esses analgésicos, com mortes, superdosagens e crescimento de crises de abstinência neonatal.
“A crise dos opioides devastou o estado de Oklahoma e deve ser contida imediatamente”, afirmou o juiz.
Entretanto, a Janssen distribuía o medicamento Duragesic e as pílulas Nucynta, que não são os opioides mais populares dos EUA. Um dos mais populares é o Oxycontin, do laboratório Purdue, que já entrou em acordo e irá pagar U$ 270 milhões. O laboratório israelense Teva também negociou um acordo de U$ 85 milhões.
A decisão por multar a gigante multinacional pode interferir no futuro de outras 2 mil demandas apresentadas contra fabricantes de medicamentos opioides em vários âmbitos em todo o país. A quantia solicitada pela justiça será revertido para financiar programas de remediação à crise no estado estadunidense.
Veja também: BTG Pactual cai 18,48% na B3 após denúncia de informante no âmbito da Lava Jato
Segundo a direção da companhia, a J&J irá recorrer da decisão.
Johnson & Johnson aguardava multa maior
Em nota a seus investidores, o analista David Maris, do Wells Fargo, disse que a expectativa do mercado era que a J&J recebesse a sanção de até US$ 2 bilhões no caso de Oklahoma.
“O mercado irá extrapolar positivamente para as outras ações relacionadas aos opioides” afirma.
As ações da Johnson & Johnson apresentavam alta de 5,4% no final do pregão do NYSE, em Nova Iork, após ser anunciada a decisão. A farmacêutica Teva, que também entrou em acordo para o pagamento de uma multa, subiu cerca de 10%. Enquanto as companhias entram em acordo para finalizarem seus casos antes que entrem em juízo, alguns analistas estimam que o mercado dos opioides e sua distribuição deveriam ressarcir em US$ 100 bilhões o Estado em responsabilidade pela crise.