Em meio a intensas especulações sobre como se desenrolarão as relações entre Estados Unidos e Brasil após a eleição de Joe Biden, a BBC Brasil reportou ontem que o democrata, além de outros membros do alto escalão do governo americano, recebeu um dossiê pedindo o congelamento de acordos, negociações e alianças políticas com o Brasil. Pelo menos enquanto Jair Bolsonaro estiver na presidência.
Segundo reportagem, Joe Biden tem agora em mãos um documento 31 páginas, escrito por professores universitários e diretores de ONGs internacionais que critica a aproximação entre Donald Trump o presidente da República brasileiro.
De acordo com o dossiê obtido pela BBC Brasil, o alinhamento teria colocado em xeque o papel de “Washington como um parceiro confiável na luta pela proteção e expansão da democracia”.
O documento é organizado em dez eixos:
- democracia e estado democrático de direito;
- direitos indígenas, mudanças climáticas e desmatamento;
- economia política;
- base de Alcântara e apoio militar dos EUA;
- direitos humanos;
- violência policial;
- saúde pública;
- coronavírus;
- liberdade religiosa;
- e trabalho.
“A relação especialmente próxima entre os dois presidentes foi um fator central na legitimação de Bolsonaro e suas tendências autoritárias”, diz o texto.
“Os EUA têm obrigação moral e interesse prático em se opor a uma série de iniciativas da atual presidência do Brasil”, ressalta.
Com Joe Biden, cresce pressão sobre Brasil
O documento ecoa outro momento, no ano passado, quando o então candidato à presidência dos Estados Unidos Joe Biden citou em debate a destruição da floresta amazônica.
Na ocasião, o democrata acusou Donald Trump de não fazer valer sua influência para barrar o desmatamento no bioma brasileiro e prometeu agir nesse sentido se fosse eleito, inclusive ameaçando o Brasil economicamente.
A agenda ambiental é pauta cara ao presidente Joe Biden e umas de suas maiores bandeiras durante as eleições no ano passado, mas a questão não está somente na boca do mandatário.
Questões envolvendo a Amazônia também se tornaram impasses para a aprovação de um acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. Em outubro, protestos na Europa levaram líderes da França, Irlanda e Áustria a dizer que barrariam o aval entre os países do bloco e o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, a menos que Bolsonaro faça mais para combater o desmatamento.
Sem negócios, com restrições
Além disso, o dossiê obtido pela BBC destaca que o “governo Biden-Harris não deve de forma nenhuma buscar um acordo de livre-comércio com o Brasil”.
Mais, o texto recomenda que o presidente norte-americano restrinja, seja por ordem executivo ou pelo Congresso, as importações de madeira, soja e carne do Brasil, “a menos que se possa confirmar que as importações não estão vinculadas ao desmatamento ou abusos dos direitos humanos”.
Perguntei ao presidente @JoeBiden quando ele vai falar com o presidente do Brasil. Biden riu. pic.twitter.com/OjDOfVyxS9
— Raquel Krähenbühl (@Rkrahenbuhl) January 28, 2021
Há cerca de uma semana, a correspondente da GloboNews Raquel Krähenbühl perguntou à Joe Biden quando conversaria com presidente brasileiro. Biden apenas riu.
Notícias Relacionadas