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J&F quer ser potência fora do setor de alimentos; Braskem (BRKM5) pode estar na mira, diz jornal

JBS (JBSS3)

JBS (JBSS3). Foto: Paulo Vitale/ Divulgação/JBS

A J&F Investimentos, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, decidiu se aventurar na mineração, com a compra de minas de minério de ferro e manganês da Vale (VALE3). Com isso, a holding, mais conhecida por ser a dona da gigante das carnes JBS (JBSS3), fez uma aposta fora do setor de alimentos. Segundo fontes ouvidas pelo Estadão, o movimento, que ocorre em um dos melhores momentos de preço do minério dos últimos anos, tem por trás a intenção de tornar o grupo uma gigante exportadora – independentemente do setor. Neste domingo, foi noticiado pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, a intenção da J&F em comprar a Braskem (BRKM5).

Segundo fontes que acompanharam a transação, os irmãos Batista acreditam que o produto a ser exportado pode variar, mas a essência negocial seria a mesma, apesar das eventuais diferenças dos mercados. Logo, haveria ganhos de escala a serem aproveitados pela J&F.

Prova disso é que, em 2010, a holding fundou a Eldorado Celulose. A companhia acabou vendendo o negócio em seu momento de maior crise – na época da prisão de Wesley e Joesley Batista, em 2017, que resultou em um acordo de leniência de R$ 10 bilhões com a Polícia Federal. Após fechar venda da Eldorado por R$ 15 bilhões para a Paper Excellence, a empresa tentou desfazer o negócio, que há anos é discutido na Justiça.

O valor da transação com a Vale, de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 5,7 bilhões), envolveu, na prática, um desembolso de US$ 150 milhões (cerca de R$ 710 milhões) no fechamento da operação. O restante do valor, na verdade, se refere a garantias dadas pela J&F em contratos logísticos já existentes, no valor de US$ 1 bilhão (R$ 4,75 bilhões).

“Essa garantia pode ser uma aplicação financeira. A garantia só será executada se eles não cumprirem os contratos. E não tem muita gente no Brasil capaz de dar uma garantia desse tamanho”, comentou uma fonte do mercado financeiro. Foi essa garantia que fez a holding levar o negócio.

Neste domingo (10) o colunista Lauro Jardim informou que a J&F pretende fazer proposta de compra da Braskem (BRKM5). A transação incluiria, segundo a apuração do jornalista, a aquisição de 36% da Petrobras e a fatia de 38% da Novonor, ex-Odebrecht. A operação custaria cerca de R$ 27 bilhões.

Foi uma oferta debatida entre as empresas, embora sem ter sido formalizada. Jardim diz que a J&F até contratou o ex-presidente da Braskem Carlos Fadigas para traalhar para a empresa na possível aquisição.

J&F: operação com a Vale

Os Batistas enxergaram na operação com a Vale uma boa oportunidade de entrar nesse mercado e viram poucos riscos envolvidos na compra do ativo. Na mineração, o maior desafio para as empresas é iniciar um projeto do zero, o que envolve uma série de riscos, incluindo a obtenção de licenças. Mas as minas adquiridas pela J&F já produzem.

Segundo a Vale, o Sistema Centro-Oeste produziu 2,7 milhões de toneladas de minério de ferro e 200 mil toneladas de manganês em 2021. “Para quem começou com um açougue em uma rua comum em Goiânia e chegou onde chegou, Corumbá (referência à cidade de MS onde está localizada a mina) será um excelente começo”, disse uma fonte próxima ao negócio.

Apetite para mais

Outro impulso que levou os Batistas à nova empreitada é o fato de estarem com dinheiro no caixa e dispostos a comprar ativos com potencial exportador. “Eles já têm uma posição dominante nos mercados de alimentação, o que dificulta novas aquisições, por conta das leis de concorrência”, disse uma fonte próxima às negociações. A ideia é ir atrás de negócios com alto potencial de rentabilidade. “Certamente eles não vão parar por aí.”

Segundo fontes consultadas pelo Estadão, outras minas semelhantes às da Vale ainda devem ser vendidas, e a expectativa é de que a J&F participe do processo competitivo. Além da gigante dos alimentos, há fundos de private equity (que compram participação em empresas) já atentos ao momento em que a Vale colocar à venda outros ativos desse tipo.

Além da própria JBS, a J&F tem em seu portfólio Banco Original, PicPay, Flora (do setor de higiene e limpeza) e a Âmbar Energia. Além da Eldorado, já foi dona da Alpargatas (ALPA4), dona das Havaianas, e também da marca Vigor – ambas também foram vendidas durante a crise que o grupo viveu em 2017.

Procurada pela reportagem, a J&F não comentou.

Com informações do Estadão Conteúdo

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