Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da holding J&F, projetam investir mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,06 bi) para expandir a produção nas áreas de mineração que compraram da Vale (VALE3) em 2022, informa a Bloomberg.
Ano passado, a Vale (VALE3) acertou a venda das minas de ferro e manganês, localizadas em Mato Grosso do Sul, para a J&F Investimentos por R$ 1,2 bilhão
Segundo a Bloomberg, desde que assumiu o controle das minas, a J&F dobrou a produção de minério para 4 milhões de toneladas. A expectativa é de alcançar 10 milhões de toneladas até o final de 2024.
Para isso, os irmãos batistas pretendem investir cerca de US$ 1 bilhão, equivalente a R$ 5 bilhões, em melhorias logísticas. Ao todo, o planejamento é de que entre 2023 e 2026 sejam destinados para mineração cerca de R$ 38,5 bilhões.
A J&F planeja construir 50 quilômetros de linhas ferroviárias para conectar as minas ao seu porto Gregório Curvo, segundo o porta-voz da empresa ouvido pela Bloomberg. No mês passado, foi inaugurado um centro de distribuição em Minas Gerais para atender o mercado doméstico.
J&F quer ser potência fora do setor de alimentos
A J&F, holding mais conhecida por ser a dona da gigante das carnes JBS (JBSS3), segundo fontes ouvidas pelo Estadão, tem a intenção de tornar o grupo uma gigante exportadora – independentemente do setor.
Antes de ser vendido para J&F, o sistema de mineração Centro-Oeste produziu 2,7 milhões de toneladas de minério de ferro e cerca de 200 mil toneladas de minério de manganês em 2021, contribuindo com US$ 110 milhões em lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebtida, na sigla em inglês) para Vale no ano.
A estrutura envolve a mina Urucum, que fica a 22 km de Corumbá e possui exploração a céu aberto de minério de ferro, além de uma mina subterrânea de minério de manganês. Outra mina do sistema é a de Santa Cruz, que tem várias frentes de lavra.
O valor da transação com a Vale, de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 5,7 bilhões), envolveu, na prática, um desembolso de US$ 150 milhões (cerca de R$ 710 milhões) no fechamento da operação. O restante do valor, na verdade, se refere a garantias dadas pela J&F em contratos logísticos já existentes, no valor de US$ 1 bilhão (R$ 4,75 bilhões).
Operação com a Vale
Os Batistas enxergaram na operação com a Vale uma boa oportunidade de entrar nesse mercado e viram poucos riscos envolvidos na compra do ativo. Na mineração, o maior desafio para as empresas é iniciar um projeto do zero, o que envolve uma série de riscos, incluindo a obtenção de licenças. Mas as minas adquiridas pela J&F já produzem.
Outro impulso que levou os Batistas à nova empreitada é o fato de estarem com dinheiro no caixa e dispostos a comprar ativos com potencial exportador. “Eles já têm uma posição dominante nos mercados de alimentação, o que dificulta novas aquisições, por conta das leis de concorrência”, disse uma fonte próxima às negociações ouvidas pelo Estadão. A ideia é ir atrás de negócios com alto potencial de rentabilidade. “Certamente eles não vão parar por aí.”