As ações ordinárias da JBS (JBSS3) estão caindo na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) desde a abertura do pregão desta quarta-feira (29). No fechamento, a queda era de 6,33%, com os papeis cotados a R$ 21,17.
A baixa ocorre em um dia posterior ao qual eclodiram os clímax das investigações. Estas apurações envolvem supostos casos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina envolvendo a família Batista, fundadora da JBS:
- A empresa está envolvida na nova investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
- A companhia também é investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) em um suposto esquema de pagamento indevido ao deputado Aécio Neves (PSDB), feito pelo empresário Joesley Batista e pela holding J&F.
- Além do MPF, Joesley Batista também é alvo de investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O empresário teria participado de operações irregulares no Banco Original, que também é da holding J&F.
Além disso, em conjunto com a BRF (BRFS3), as ações foram afetadas pela valorização do preço do milho. Devido ao ritmo mais lento de produção norte-americana de milho, o principal alimento para os porcos.
Quem é a família Batista?
A família Batista é dona da holding J&F, que controla as empresas:
- JBS, fundada por José Batista Sobrinho, conhecido como Mineiro;
- Flora;
- Banco Original;
- Canal Rural;
- Rádio Rural;
- Floresta Agropecuária;
- J&F Oklahoma;
- e a Âmbar Energia.
O Mineiro é pai dos gêmeos Joesley e Wesley Batista, além de José Batista Junior, conhecido como Júnior Friboi.
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CPI do BNDES e a família fundadora da JBS
Na noite da última terça-feira (28), a revista “Veja” informou que o relator da CPI, o deputado Altineu Cortês (PL) protocolou o pedido de convocação de Jeremiah O’Callaghan, ex-diretor de Relações com Investidores da JBS.
A convocação busca apurar detalhes referentes à aquisição do frigorífico Bertin pelo grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
De acordo com o depoimento do ex-sócio da família Batista, Marcio Celso Lopes, a transação foi superfaturada. A compra teria totalizado R$ 650 milhões, mas foi declarada no valor de R$ 12 bilhões.
Segundo a revista, o grande gap monetário teria gerado prejuízos para os acionistas minoritários da JBS. Inclusive o BNDES.
No último dia 22, a a CPI do BNDES aprovou o pedido do deputado Ubiratan Sanderson (PSL) para convocar o José Batista Sobrinho, o Mineiro a depor.
José Batista Sobrinho tem 86 anos, e terá de responder aos questionamentos referentes aos negócios entre a JBS e o banco. Além disso, de acordo com a revista “Época”, a CPI também terá acesso adados bancários, fiscais e telefônicos do fundador da JBS.
O Mineiro esteve na presidência-executiva da JBS até dezembro de 2018. Tendo assumido a liderança após a prisão do filho, Wesley Batista, que era o CEO da empresa. A posição de Mineiro foi assumida por Gilberto Tomazoni, que já era o diretor global de operações da companhia.
Também na última terça-feira, o ex-diretor jurídico da companhia de carnes, Francisco de Assis Silva, compareceu à CPI do BNDES para falar sobre os empréstimos concedidos à JBS. Contudo, segundo o “Antagonista”, Silva permaneceu em silêncio na audiência.
“Senhor presidente, senhores deputados, não farei uso do tempo. Respeitosamente vou fazer uso do meu direito constitucional e ficarei em silêncio”, disse o advogado.
O que é a CPI do BNDES?
A CPI do BNDES busca investigar se houve irregularidades em atos praticados pelo banco entre 2003 e 2015.
Em sua campanha presidencial, Jair Bolsonaro (PSL) havia adiantado que a gestão buscaria abrir a “caixa-preta” do BNDES. A CPI foi instalada em 27 de março deste ano.
O presidente do colegiado é o deputado Vanderlei Macris (PSDB), e o relator da CPI é o deputado Altineu Côrtes (PR)
Além disso, a comissão é composta por 34 membros titulares e 34 suplentes. E tem prazo de 120 dias para concluir seus trabalhos.
- 2015: parlamentares fizeram a primeira CPI, devido às descobertas da Operação Lava Jato. A comissão também investigou as irregularidades do banco entre 2003 e 2015.
- 2017/2018: delações premiadas dos executivos do grupo J&F levaram o Senado Federal a abrir uma CPI para apurar novamente o BNDES.
Em ambas as investigações feitas pelo Legislativo não houveram indiciados.
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MPF investiga JBS e Aécio Neves
Na noite da última terça-feira (28), o juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, determinou o bloqueio imediato de R$ 128 milhões do deputado federal mineiro Aécio Neves (PSDB).
O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal, no âmbito do inquérito policial que investiga o pagamento de valores indevidos feito pelo empresário Joesley Batista e a holding J&F, a Aécio Neves.
Segundo a investigação, o pagamento teria sido feito por vantagens que viriam a ser colhidas pelo empresário, em um futuro governo presidencial. Isto, quando Neves foi candidato à Presidência da República brasileira em 2014.
Além disso, o pagamento teria sido feito com o intuito de adquirir influência no governo de Minas Gerais, para a restituição de créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago pelo Grupo J&F.
Confira abaixo os valores que estão sendo investigados nas transações de Joesley Batista e da holding:
- R$ 17,354 milhões teriam sido pagos em 2015. Na “aquisição” de prédio do Jornal Hoje Em Dia, situado em Belo Horizonte. O valor seria referente a quitação de despesas eleitorais pendentes da campanha do PSDB de 2014.
- R$ 918 mil (R$ 54 mil mensais por 17 meses) entre 2015 e 2017, para despesas pessoais de Aécio Neves. Os pagamentos teriam sido feitos por meio da Rádio Arco Íris, também de Belo Horizonte.
A J&F afirmou ao “G1” que não vai comentar a decisão da Justiça.
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CVM e Joesley Batista
Nesta última segunda-feira (27), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acusou Joesley Batista de participar de operações irregulares no Banco Original, que também é do Grupo J&F.
O processo aberto na última segunda-feira é resultado de uma investigação iniciada pela CVM em abril de 2018. A acusação da apuração é de prática não equitativa do Banco Original, com derivativos de taxas de juros feitos antes de um acordo de delação premiada de Joesley e outros executivos do grupo J&F.
A defesa de Joesley Batista afirmou que “as operações de derivativos em análise são usuais e regulares, realizadas com base em critérios técnicos, dentro dos limites operacionais previamente estabelecidos e sempre dentro das normas dos órgãos reguladores”, em nota.