Em relatório sobre o setor de alimentos, o BTG Pactual diz esperar uma temporada de bons resultados no quarto trimestre de 2023 (4T23), com a JBS (JBSS3) ainda sendo a favorita do banco. A Minerva (BEEF3) também deve apresentar um trimestre sólido, com margens mais fortes destacando o ciclo favorável no Brasil, informam os analistas.
Segundo o BTG, a estratégia de diversificação da companhia vem mostrando ser eficaz, levando a resultados consolidados mais fortes. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 23,70, ante os R$ 24,28 atuais. A ação subiu 2,45% no Ibovespa hoje.
Cotação JBSS3
“Acreditamos que a JBS está passando por um ponto de inflexão. Apesar de nossa visão cautelosa em relação à carne bovina nos EUA, há melhoras cíclicas em todas as outras unidades de negócio da JBS, suportando resultados positivos à frente”, explica o BTG. Na ocasião, o banco estima receitas de R$ 93,8 bilhões, alta de 1% em relação ao ano e Ebitda de R$ 5,8 bilhões no 4T23 da JBS.
Quanto à projeção da Minerva no 4T23, os preços da carne bovina devem continuar impactando o momento da receita, mas uma estabilização nos últimos meses sugere que os preços não serão mais tão prejudiciais quanto em trimestres anteriores. Além disso, é esperado um forte crescimento no volume impulsionado pelo ciclo positivo no Brasil.
“Com a oferta global de carne bovina se ajustando em 2024, esperamos uma recuperação nos preços, tornando este um ano forte para os negócios consolidados da Minerva”, projetam os analistas. O banco vê receitas totalizando R$ 7,4 bilhões, com Ebitda de R$783 milhões, uma alta de 29% em relação ao ano anterior. Sobre os papéis BEEF3, a recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 6,75 – hoje a cotação está em R$ 7,20.
BTG mantém recomendação neutra para BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e M. Dias Branco (MDIA3)
Em relação à BRF, os analistas esperam que os custos da alimentação continuarão a cair, uma vez que os grãos originados durante a colheita abundante do ano passado fluem através da cadeia de produção e dos resultados, promovendo a expansão das margens em todas as divisões.
Para a Marfrig, a avaliação do BTG é de que sua subsidiária National Beef deva continuar a superar os pares, mas a redução da oferta de gado deve gerar resultados mais fracos na divisão.
Já a M.Dias Branco deve entrar em 2024 com uma base mais forte, segundo o BTG, mas maior visibilidade sobre um desempenho mais consistente no turnover seria fundamental para uma visão mais construtiva sobre as ações.
JBS finaliza investimento de R$ 570 mi em 3 novas fábricas
A JBS (JBSS3) está em fase final de investimentos que totalizam R$ 570 milhões para a construção de três novas fábricas de ração localizadas nas cidades de Seberi (RS), Santo Inácio (PR) e Itaiópolis (SC). Conforme a companhia, os investimentos têm como foco adequar o fornecimento de insumos à atual capacidade produtiva da Seara.
Ao todo, as unidades representam um incremento superior a 1 milhão de toneladas/ano na produção de ração da Seara. Além de fortalecer a capacidade produtiva da empresa nos segmentos de aves e suínos, mais de 300 postos de trabalho estão sendo criados com o início das atividades das fábricas.
O presidente da Seara, João Campos, disse no comunicado que “as novas fábricas são equipadas com o que há de mais moderno em automação e dispõem da mais alta tecnologia disponível para a produção dos insumos. Esses investimentos demonstram nosso esforço contínuo para ampliação da nossa capacidade de produção”.
Com investimento de R$ 145 milhões, a nova planta de Santo Inácio, no Paraná, ocupa uma área de 11,3 mil metros quadrados construídos, e possibilitou a geração de 80 novas vagas de emprego. Com isso, a Seara terá os insumos necessários para alimentar a capacidade de processamento nas cidades paranaenses de Rolândia, Santo Inácio e Jaguapitã. A Seara inaugurou neste ano duas unidades industriais em Rolândia, consideradas entre as mais modernas da JBS no Brasil.
Já o investimento de R$ 194 milhões em Itaiópolis, em Santa Catarina, teve por objetivo a construção de um complexo com duas fábricas, com total de 13,8 mil m2 de área construída. Uma unidade é voltada para a produção de ração.
Com previsão de entrega para março de 2024, abastecerá mais de 200 produtores integrados e mais de 300 aviários da região. A segunda é a fábrica de premix, um produto essencial para a qualidade nutricional da ração. Trata-se de um insumo que concentra todas as vitaminas e minerais necessários para a alimentação dos animais. O investimento permitirá que a Seara priorize a oferta de premix, hoje adquirida de fornecedores terceirizados, tendo um controle ainda mais rigoroso sobre a qualidade final do produto. A instalação atenderá a 100% da demanda das fábricas do negócio. Ao todo, serão gerados 120 novos postos de trabalho nas duas plantas.
Em Seberi, o investimento na fábrica chegou a R$ 230 milhões. Considerada estratégica, visto que poderá otimizar entregas, reduzir custos logísticos e estimular a fidelização de fornecedores, a fábrica proporcionou a geração de até 110 empregos diretos.
JBS: lucro teve queda de 85,7% no 3T23
A JBS obteve lucro líquido de R$ 572,7 milhões no terceiro trimestre do ano, queda de 85,7% ante o mesmo período de 2022.
A receita líquida no terceiro trimestre de 2023 da JBS foi de R$ 91,4 bilhões, recuo de 7,6% ante o mesmo período do ano passado, quando a receita líquida alcançou R$ 98,9 bilhões.
O Ebitda da JBS (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 5,4 bilhões, queda de 43,3% ante o terceiro trimestre de 2022, que havia sido de R$ 9,5 bilhões. A margem do Ebitda ajustada foi de 5,9%, queda de 3,7 pontos porcentuais ante o terceiro trimestre de 2022.