O Itaú BBA elevou o preço-alvo para as ações da JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), de olho em um ambiente favorável para o mercado de frango e nos desafios contínuos no mercado de carne bovina dos EUA.
“Nos últimos anos, ambas as empresas seguiram uma estratégia de expansão, estabelecendo plataformas diversificadas com exposição às três principais fontes de proteína (bovina, suína e de frango)”. diz o BBA.
Para os analistas do BBA, a melhoria no setor de frango provavelmente superará as tendências negativas na carne bovina, levando a uma revisão positiva das cifras consolidadas das duas empresas.
Neste contexto, a recomendação de compra para a JBS foi mantida, com a empresa ainda sendo considerada a principal escolha no setor. O preço-alvo para o final de 2024 foi elevado para R$ 39 por ação (anteriormente R$ 31).
Para a Marfrig, a recomendação neutra foi mantida, com o novo preço-alvo para o final de 2024 estabelecido em R$ 14 por ação (anteriormente era R$ 10).
JBS e Marfrig: BBA vê cenário ainda desafiador para carne bovina dos EUA
Segundo o BBA, os padrões do ciclo de gado historicamente têm sido relativamente fáceis de prever, mas desta vez está se mostrando mais desafiador.
“Os anos sequenciais de prosperidade durante o super-ciclo da carne bovina nos EUA em 2019-21 estenderam o ciclo atual, que foi ainda mais atrasado pela liquidação adicional de gado devido a condições climáticas adversas nos EUA”, diz a casa.
Apesar das expectativas de que a retenção já deveria ter começado neste momento, a proporção de vacas e novilhas na mistura de abate de gado nos EUA permanece acima das médias de 3 e 5 anos.
Fora isso, as previsões mais recentes do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para a produção de carne bovina em 2024 foram consistentemente revisadas para cima. Neste cenário, o banco vê que a reconstrução do rebanho dos EUA se tornará cada vez mais difícil à medida que a oferta de gado continue a diminuir em um ritmo acelerado de liquidação.
“Há poucas dúvidas sobre 2025 e 2026: provavelmente serão anos desafiadores em termos de oferta, enquanto acreditamos que a maior parte da pressão inflacionária deva se concentrar nos próximos dois anos”, afirma o BBA.
O banco acredita que a divisão norte-americana da Marfrig continue superando os concorrentes com um prêmio maior enquanto o nível de lucratividade permanece comprimido.
Frango pode roubar a cena no ano de 2024
De acordo com dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a queda nos custos de produção dos frangos tem sido principalmente impulsionada pela tendência de baixa nos preços dos grãos.
Embora outros custos – como genética, mão de obra e eletricidade – tenham aumentado nos últimos trimestres, segundo o BBA, é improvável que compensem o ambiente benigno de deflação dos grãos, dado que isso representa mais de 85% dos custos consolidados dos produtores de frango.
“Espera-se também algum atraso para que esses ventos favoráveis se reflitam no balanço das empresas, amortecendo o forte momento da indústria até o segundo semestre de 2024”, explica o BBA.
O segmento se destacou durante a temporada de resultados do 1T24, superando até mesmo as estimativas mais otimistas do mercado. Esse desempenho levou os investidores a revisarem suas estimativas para o restante do ano fiscal de 2024.
“Reconhecemos que o ciclo das aves é conhecido por sua capacidade de mudar de direção rapidamente em comparação com outras proteínas que cobrimos, mas temos razões para acreditar em uma tendência positiva prolongada desta vez”, pontua o BBA.
Fitch reafirma rating da JBS em ‘BBB-‘, com perspectiva estável
A Fitch Ratings reiterou os ratings de longo prazo em moeda estrangeira e moeda local da JBSS3 em ‘BBB-‘, enquanto o rating da escala nacional ficou em ‘AAA(bra)’.
A agência também reafirmou a classificação de longo prazo da JBS USA Lux S.A. (JBS USA) e as notas seniores sem garantia em ‘BBB-‘, emitidas com os co-emissores JBS Luxembourg Company S.A. e JBS USA Food Company. As notas seniores sem garantia da JBS USA são garantidas pela JBS S.A. JBS USA Finance Inc. A perspectiva do rating foi classificada como estável.
Em nota, a agência ressaltou que as classificações refletem “o forte perfil empresarial, a amortização favorável da dívida, o fluxo de caixa livre positivo esperado e a desalavancagem gradual nos próximos dois anos após atingir um pico em 2023″, disse em nota.
Para o sólido perfil empresarial da empresa, a Fitch destacou o tamanho da empresa, sua variedade de proteínas e a diversificação geográfica, sendo uma das empresas mais diversificadas geograficamente no setor de proteínas avaliada pela agência, com presença expressiva na América do Norte, América do Sul, Austrália e Europa.
Sobre a exposição da empresa fora dos EUA, a Fitch disse que a diversificação geográfica de vendas e produção “ajuda a mitigar o impacto das flutuações cíclicas do mercado de gado, restrições de importação, questões de saúde, questões sociais e riscos ambientais, incluindo aqueles decorrentes das complexidades de monitoramento da cadeia de suprimentos”.
Em 2023, as exportações representaram aproximadamente 25% das vendas líquidas globais da companhia, com a China recebendo 25% desses embarques. A JBS Brasil contribuiu com cerca de 13% do Ebitda do grupo em 2023.
Já nos Estados Unidos, a Fitch avalia como forte a ligação entre a divisão norte-americana da JBS e sua empresa controladora, “com altos incentivos legais, operacionais e estratégicos alinhados com os Critérios de Classificação de Vínculo entre Controladora e Subsidiária da Fitch”.
Cotação
Nesta sexta-feira (07), as ações da JBS subiram 0,24%, cotadas a R$ 29,24, enquanto os papéis da Marfrig avançaram 1,09%, a R$ 11,12.