JBS (JBSS3) é a aposta do BofA entre os frigoríficos em 2022
O ano de 2021 foi misto para os frigoríficos brasileiros, avalia o Bank of America em seu último relatório revisando recomendações de compra. Enquanto as empresas expostas ao mercado norte-americano — como JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) — tiveram lucro recorde, as mais focadas no mercado brasileiro — BRF (BRFS3) e Minerva (BEEF3) — passaram por outros desafios.
O BofA acredita que para 2022 os ciclos nos EUA devem se tornar mais negativos, após um 2021 muito forte. Mesmo assim, os analistas do banco seguem dando preferência para as empresas expostas ao mercado americano por dois motivos: depreciação do real e ambiente de forte demanda com aumento de custos para carne bovina, que pode surpreender com margens positivas.
Em carne bovina, as exportações devem melhorar, pois a China suspendeu a proibição que impactou profundamente no 4T21, enquanto a oferta de gado deve melhorar em direção ao segundo semestre.
Já para o mercado brasileiro, o banco acredita que os principais empecilhos em 2021 foram principalmente relacionados à pressão de custos, volatilidade nas exportações e necessidade contínua de aumento de preços ao consumidor — mas o cenário pode ser levemente melhor em 2022.
A expectativa positiva se deve aos custos mais baixos e à transferência de preços elevados para os consumidores, mas o banco alerta que “essa dinâmica pode mudar se o cenário de consumo no Brasil se tornar mais desafiador, dado o alto desemprego e os salários reais mais baixos“.
BofA recomenda JBS e Marfrig, mas mantém cautela para Minerva e BRF
“A JBS é nossa principal escolha no setor de alimentos na América Latina, dada a combinação de forte crescimento dos lucros, grande diversificação geográfica e de produtos, lucros resilientes e avaliação atraente. A JBS é negociada a 17% de rendimento de fluxo de caixa livre em 2022E”, disseram os analistas do banco.
O BofA também recomenda a compra das ações da Marfrig, pois a maior parte do lucro vem da carne bovina dos EUA, além do valuation também estar atrativo. A Marfrig é negociada a 27% de rendimento de fluxo de caixa livre.
Já para o Minerva e BRF, a recomendação é neutra. No caso da Minerva, “o momento de ganhos dos frigoríficos no Brasil só deve começar a melhorar no 2S22″, enquanto na BRF “o fluxo de caixa limitado das operações continua sendo nossa principal preocupação”.
Os analistas do banco lembram também que as taxas de juros estão subindo globalmente, com um aumento significativo esperado para ser visto no Brasil, com taxa de 10,25% em 2022, contra a média de 4,6% em 2021. Isso significa maiores despesas financeiras nos próximos anos, impactando mais empresas locais e alavancadas.
“Esperamos que a BRF seja a mais afetada, enquanto a JBS tem o melhor posicionamento com exposição praticamente nula às taxas locais no Brasil. Isso deve permitir que a JBS siga sua agenda de crescimento dos negócios de forma inorgânica e orgânica, apesar de um ambiente setorial menos positivo, enquanto o aumento de capital proposto pela BRF pode eventualmente ajudar a empresa a reduzir a alavancagem, reduzir despesas financeiras e gerar caixa”, conclui o relatório.