Os frigoríficos brasileiros devem surpreender positivamente neste terceiro trimestre, devido à alta nos preços de exportação e a desaceleração nos custos de produção. A tendência favorece empresas com fortes operações nos Estados Unidos, como a JBS (JBSS3) e a Marfrig (MRFG3), de acordo com o Bank of America (BofA),
A Marfrig já abriu a temporada de balanços dos frigoríficos e comprovou a análise do banco de investimentos. A empresa de alimentos teve uma receita líquida de R$ 23,6 bilhões no terceiro trimestre, expansão de 40,4% em um ano.
Desse total, a América do Sul respondeu por R$ 6,909 bilhões (+44,1%) e a América do Norte com R$ 12,729 bilhões (+38,9%), “evidenciando a ampla disponibilidade de animais e forte demanda por carne bovina nos Estados Unidos”, evidenciou o balanço da Marfrig.
Em relatório, o BofA destaca que os spreads de proteínas melhoraram neste terceiro trimestre por causa do aumento dos preços da carne no Brasil e no exterior, com um alívio marginal nos custos. No entanto, esse movimento foi mais relevante nos EUA, onde os preços e o consumo são fortes, enquanto a inflação de custos é relativamente mais moderada do que por aqui.
Mesmo com a entrega de números consistentes, o banco reiterou sua recomendação neutra para as ações da Marfrig e justificou: “Apesar da dinâmica sólida de ganhos, continuamos cautelosos sobre a alocação de capital após a aquisição da participação na BRF“.
Expectativa para os frigoríficos
- JBS (JBSS3): recomendação de compra; a expectativa do BofA é de Ebitda recorde com bons números para as operações nos EUA;
- Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3): recomendação neutra; com perspectiva de manutenção do Ebitda e das margens em relação ao 2T21.
- M. Dias Branco (MDIA3): não faz cobertura, mas apontam que deve melhorar marginalmente as margens no trimestre, dados os preços e melhor controle de despesas.
JBS:
De acordo com o banco americano, as operações brasileiras da JBS estão melhorando, com preços mais altos e desaceleração nos custos (principalmente do gado). Os analistas esperam que o Ebitda Brasil permaneça estável em relação ao do ano anterior, enquanto os resultados dos EUA devem aumentar.
“Estimamos um Ebitda de US$ 2,1 bilhões, 125% maior na comparação anual e 10% superior ao do trimestre passado, à medida que os preços da carne bovina continuam subindo e os spreads aumentando.”
As margens da carne suína nos EUA também devem melhorar no trimestre e no ano, diz relatório do BofA, em razão dos custos mais baixos do suíno, pressionados pela menor demanda chinesa.
BRF
O banco espera que o resultado da BRF seja semelhante ao do 2T21. “A empresa continuou a aumentar os preços no Brasil para repassar custos mais elevados com impacto nos volumes”. No mercado internacional, as margens asiáticas da BRF estão sob pressão devido aos preços mais baixos na China, apesar da recuperação em outros mercados, como o do Japão.
“Estimamos um Ebitda consolidado de R$ 1,28 bilhão, praticamente estável no trimestre e 3% inferior ao ano anterior. O Ebitda BR deve ser de 10,7%, aumento de 240 bps no trimestre, e de 9,7% na divisão internacional, queda de 140 bps no trimestre”, analisa o BofA.
Calendário dos frigoríficos:
- Marfrig: divulgado na terça-feira (26/10) – veja aqui
- Minerva: 4 de novembro, após o pregão
- M. Dias: 5 de novembro, após o pregão
- JBS: 10 de novembro, após o pregão
- BRF: 10 de novembro, após o pregão