Segundo o ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, o recém-empossado presidente do país, Javier Milei, não é comparável ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL). Durante o Fórum Político, evento da XP Investimentos, Mauricio Macri declarou que Milei é ‘um completo outsider’, e não alguém que tinha raízes na política.
“Esse governo é dos libertários, como eles se chamam, e é um verdadeiro caso de outsider, não é um caso de ‘semi outsider’. Não é comparável a Bolsonaro, que veio de dentro do sistema, que era parlamentar. Donald Trump, como outro exemplo, era do partido Republicano. Milei, que trabalhou muito no segundo turno, é um outsider. Ele usou isso [mostra o celular] e ganhou a eleição. É impressionante”, declarou Macri durante evento da XP.
O ex-presidente da Argentina destacou que a prioridade máxima de Milei, no momento atual, deve ser uma reforma fiscal que limite os gastos exacerbados.
Fazendo uma analogia, defendeu que o máximo de austeridade possível fosse adotado de imediato, dado o passado recente do país latino.
“Na Argentina, temos um problema com gastos públicos como um alcóolatra tem com bebida. [um alcóolatra] sabe que não pode beber um gole de cerveja. Na Argentina em 95% dos anos tivemos déficit fiscal. Precisamos acabar com o déficit fiscal e acabar com a crise do Banco Central imediatamente”< declarou.
Outro ponto relevante a ser buscado por Javier Milei já nos primeiros 100 dias de governo, segundo Macri, deve ser resolver as pontas soltas do país no comércio exterior, já que atualmente a Argentina tem uma cifra de US$ 30 milhões em mercadorias que ainda precisa pagar.
“Milei tem um ambiente ruim de governabilidade”
Durante o painel, Macri destacou que Milei tem um ambiente inicial de governabilidade muito pior do que o seu quando assumiu a cadeira de presidente da Argentina.
“Estamos frente a um novo presidente que tem uma margem política menor do que eu, com 20% da Câmara e um total de zero governadores. Mas vou deixar uma mensagem de otimismo porque ele não só tem qualidade e uma clareza para resolver os problemas”, disse.
Apesar desse cenário, o ex-presidente disse que a reforma tem chances concretas de ser aprovada em breve, em função da urgência do tema e pelo fato de o eleitorado ter se unido para tirar o peronismo do poder.
“Nessas eleições fizemos como os franceses. Deixamos de votar em necessariamente quem gostamos e votamos para retirar quem não gostamos”, disse.
Também em suas falas, Macri reiteradamente criticou o peronismo e as políticas econômicas passadas, afirmando que a Argentina foi o “paraíso do populismo” e a que há uma “inflação escandalosa deixada por Massa [ministro da Economia do governo anterior]”.
Segundo o ex-presidente, a eleição de Milei se deu pois “a Argentina não aguentaria mais um dia sequer sendo governada com políticas de Estado mafiosas”.
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