O recém eleito presidente da Argentina, Javier Milei, confirmou seus planos de fechar o Banco Central durante discurso nesta segunda-feira (20).
No domingo (19), quando o resultado da eleição foi anunciado, Javier Milei evitou falar sobre sua proposta de dolarizar o país – uma das suas principais propostas econômicas na campanha.
“Vamos começar primeiro pela reforma do Estado e pela resolução do problema dos Leliqs [liquidez do Banco Central]”, disse.
Além disso, em entrevista a rádios argentinas, citou privatizações que devem incluir de meios de comunicação públicos a estatais de commodities.
“Consideramos que a TV Pública se tornou um mecanismo de propaganda”, declarou em entrevista à Mitre.
“Primeiro é preciso recompor a YPF. Desde que Kicillof decidiu nacionalizá-la, a deterioração que foi feita à empresa em termos de resultados para que ela valha menos do que quando foi expropriada… Obviamente a primeira coisa a fazer é reconstruí-la”, declarou, em outra ocasião.
Milei será empossado presidente da Argentina no dia 10 de dezembro.
Goldman Sachs chama atenção para ‘riscos de implementação’ de propostas de Javier Milei
Em relatório desta segunda (20), especialistas do Goldman Sachs destacam que, de certa forma, o diagnóstico de Milei acerca da economia da Argentina.
Os analistas da casa destacam que, de fato, o tamanho da máquina pública cresceu mais, com gastos acima da arrecadação, e o Banco Central é utilizado para financiar os déficits do governo.
Com isso, os problemas fiscais deterioraram a inflação, que já ultrapassa os 100% na Argentina.
“Em resposta, no entanto, Javier Milei propõe uma agenda de medidas radicais e políticas transformadoras para a economia da Argentina. Entre seus principais projetos econômicos propostas são o fechamento do banco central, a dolarização da economia, um corte agressivo nos gastos públicos e a eliminação de restrições comerciais e de controle de capital”, explicam os analistas do Goldman Sachs.
Em seu parecer, a casa acrescenta que o discurso adotado por Milei não mostrou distanciamento da retórica libertária adotada durante a campanha.
Contudo, os especialistas chamam atenção para o fato de que algumas políticas visadas por Javier Milei podem apresentar riscos, dado que são propostas que apostam em mudanças estruturais profundas.
“Destacamos que algumas propostas de Milei acarretam em riscos de implementação significativos. Por exemplo, a dolarização, que notamos que ficou de fora do discurso de domingo”, destacam.
“Recentemente publicamos um relatório detalhado, lançando alguma luz sobre os desafios econômicos da Argentina e os desafios de adotar uma moeda estrangeira. Tal como acontece com tudo em economia, não existe almoço grátis e tentar adotar, preservar e se beneficiar da dolarização pode ser um grande desafio”, completa.
O Goldman Sachs, todavia, chama atenção que é “indiscutível que uma mudança rápida em relação às políticas económicas falhas do passado são algo imperativo”, apesar de não endossarem nominalmente alguma proposta de Javier Milei.
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