Bolsonaro diz que respeitará a Constituição; Ciro Nogueira confirma início da transição

O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez o primeiro pronunciamento após a sua derrota nas eleições de domingo (30), quando as urnas deram vitória a Lula (PT). A fala ocorreu 45h depois do resultado confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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O mandatário convocou jornalistas para o Palácio da Alvorado, em Brasília, para a fala oficial. Não reconheceu o resultado das eleições nem citou Lula. Disse que vai respeitar a Constituição. Bolsonaro agradeceu os votos, falou em um ‘congresso forte’ e condenou as manifestações feitas de forma coercitiva.

“Quero agradecer os 58 milhões de votos. As manifestações são espontâneas e mostram indignação com o modo que o processo eleitoral foi conduzido. Mas, os nossos métodos não podem ser os da esquerda, como invasão de propriedade e cerceamento do direito de ir e vir”, disse.

“Sempre fui acusado de antidemocrático e, ao contrário dos meus opositores, sempre joguei nas quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da república e cidadão, seguirei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”, seguiu.

pronunciamento Bolsonaro Alvorada. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Bolsonaro apareceu, num púlpito previamente preparado, acompanhado por diversos ministros do seu governo e aliados políticos. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

“As manifestações pacíficas sempre serão bem vindas”, disse.

“Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, Pátria, Família e Liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nosso sonho segue mais vivo do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, enfrentamos a pandemia e as consequência de uma guerra”, acrescentou o mandatário.

“É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarelo da nossa bandeira. Muito Obrigado”, concluiu Bolsonaro.

Logo após seu discurso, falou o Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).

“O presidente Jair Messias Bolsonaro me autorizou quando for provocado com base na lei, iniciaremos o processo de transição. A presidente do PT, em nome do presidente Lula, disse que na quinta será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin. Aguardemos isso para que seja cumprida a lei no nosso país”, disse.

O presidente havia passado a segunda (31) inteiramente em silêncio, tanto oficialmente como nas redes sociais.

Atualmente ocorrem paralisações e manifestações em todo o país, com mobilizações de caminhoneiros fechando rodovias federais.

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Há uma pressão de diversos setores da economia para que Bolsonaro peça uma desmobilização das manifestações, a fim de cessar com os problemas logísticos e os danos à economia.

Veja a íntegra do pronunciamento de Bolsonaro, o primeiro depois da derrota mas Eleições

“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro.

Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral.

As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.

A direita surgiu de verdade em nosso País. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, Pátria, Família e Liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca.

Somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra.

Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar mídia e as redes sociais.

Enquanto presidente da República, esse cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.

É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde amarela da nossa bandeira.

Muito obrigado.”

Bolsonaro: reunião com o STF

Ainda nesta terça (1º), mais cedo, Bolsonaro tentou realizar uma reunião com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, os magistrados negaram a reunião no Palácio da Alvorada com o silêncio do Presidente da República. Pediram para que o presidente se manifestasse oficialmente antes do encontro.

Os ministros ficaram preocupados com a eventual imagem que o encontro poderia ter, de condescendência com a postura do Planalto sobre o resultado das eleições.

Estavam pré-confirmados no encontro, pelo menos, a presidente do STF, Rosa Weber, e os ministros Gilmar Mendes, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux.

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As informações apontam que Bolsonaro aceitou a transição de governo, mas somente em falas privadas a auxiliares e aliados do Governo. Nesta terça (1º), o Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu por escolher Geraldo Alckmin (PSB), como o líder da transição de Governo.

Bolsonaro, contudo, não se reuniu oficialmente com representantes do governo Lula. A decisão da transição se deu após reunião com a presidente do PT em São Paulo, Gleisi Hoffman, que bateu o martelo sobre a decisão de escolher Alckmin.

Depois do pronunciamento no Alvorada, Bolsonaro se reuniu com ministros do STF Rosa Weber,Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Edson Fachin, Nunes Marques, André Mendonça e Alexandre de Moraes. Fachin declarou após o encontro: “O presidente disse ‘acabou’ (sobre o assunto eleições). Quer olhar para frente.”

Em nota divulgada no final da tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) destacou o pronunciamento de Bolsonaro.“O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições”, declarou a Corte

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Com informações da Agência Brasil

Eduardo Vargas

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