O presidente da República Jair Bolsonaro está nos Estados Unidos da América (EUA) desde o último domingo (17). O encontro a portas fechadas com o presidente norte-americano, Donald Trump, ocorreu na tarde desta terça-feira.
Segundo a equipe econômica do ministro Paulo Guedes, o principal objetivo da viagem é garantir a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Afinal, ser membro da OCDE é um símbolo de qualificação em políticas macroeconômicas. A medida atrairia investimentos estrangeiros ao País.
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Confira abaixo os principais fatos da viagem de Jair Bolsonaro aos EUA:
EUA querem Brasil sem benefícios da OMC, diz Guedes…
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que os EUA exigem a saída do Brasil da lista de favorecidos da Organização Mundial do Comércio (OMC). Para então apoiar a entrada do País na OCDE.
A fala de Guedes acerca da OMC foi dita em conversa com jornalistas, nesta terça-feira (19), em Washington. Paulo Guedes integra a comitiva presidencial de Jair Bolsonaro.
Incluso na lista de países que se declaram em desenvolvimento na OMC, o Brasil possui tratamento diferenciado. A exemplo, prazos maiores para cumprir acordos, e uma série de flexibilidade nas negociações comerciais.
“Vocês têm que entender que para entrar na OCDE vocês precisam abrir mão do tratamento especial e diferenciado na OMC”, disse 0 representante de comércio dos EUA, Robert Lighthizer, à Paulo Guedes.
Pela visão da equipe econômica, segundo o jornal “O Globo”, os EUA estão acrescentando diversas exigências à lista para apoiar a entrada do Brasil na OCDE.
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…Mas Trump diz apoiar a entrada do Brasil na OCDE
O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que apoia o ingresso do Brasil na OCDE. A declaração foi dada à Imprensa, ao lado do presidente da República, Jair Bolsonaro, no Salão Oval da Casa Branca.
“Eu estou apoiando os esforços deles [brasileiros] para entrar [na OCDE]”, disse Donald Trump, ao lado de Bolsonaro.
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Venezuela
Na madrugada desta terça-feira, Jair Bolsonaro deu entrevista à emissora “Fox News”, na qual afirmou que a pauta Venezuela estaria no centro das discussões.
Os dois países reconhecem Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Guaidó lidera a oposição a Nicolás Maduro, e autodeclarou-se presidente interino em 23 de janeiro deste ano.
Deputado pelo Partido Vontade Popular, Guaidó é o líder da Assembleia Nacional da Venezuela. Mais de 40 nações apoiam a oposição de Maduro.
“Nós não podemos falar em todas as possibilidades, mas o que for possível fazer de forma diplomática“, disse Bolsonaro à emissora. “Hoje temos nova ideologia e queremos que a Venezuela volte à democracia“, completou.
Ao receber Bolsonaro na Casa Branca, com presença da Imprensa, Trump alegou que sabe “exatamente o que quero com a Venezuela. Está tudo sobre a mesa e vamos conversar sobre isso”.
Saiba mais – Trump diz que deseja Brasil como aliado da Otan ou “até dentro”
Brasil na OTAN
Donald Trump, afirmou na tarde desta terça-feira que quer o Brasil na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), organização militar comum de defesa, com 28 países-membros.
“Como disse tenho a intenção de designar o Brasil como um aliado fora da Otan especial e até um aliado dentro da Otan, isso poderia melhorar nossa cooperação. Nossas nações estão trabalhando juntas para proteger o povo do terrorismo do crime transnacional e do tráfico de drogas, armas e pessoas, algo que é prioridade”, disse Trump após encontro com Bolsonaro.
A possibilidade de o Brasil tornar-se aliado da Otan surgiu no contexto político da Venezuela. Os EUA já falaram acerca de uma intervenção militar no governo de Nicolás Maduro.
Ao ser questionado acerca do apoio à uma intervenção militar no país vizinho, Bolsonaro declarou que o Brasil está disposto ao “que for possível fazer para solucionar o problema da ditadura”.
Saiba mais – Governo dispensa visto para cidadãos de Japão, Austrália, Canadá e EUA
Dispensa de visto de visita ao Brasil para EUA, Canadá, Austrália e Japão
Jair Bolsonaro assinou na segunda-feira (18) um decreto para dispensar o visto de visita ao Brasil para cidadãos de quatro países:
- Estados Unidos;
- Canadá;
- Austrália;
- e Japão.
O decreto sobre a dispensa do visto foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União, que saiu na tarde desta segunda, e entra em vigor em 17 de junho. A decisão, no entanto, não vale para brasileiros que viajem para esses países, quebrando o princípio da reciprocidade diplomática executada pelo Brasil. Isto é, a ideia se refere a oferecer tratamento a estrangeiros que vem ao País da mesma forma que brasileiros são tratados nesses respectivos países.
O Ministério do Turismo, entretanto, diz que a decisão de Bolsonaro não interfere no princípio de reciprocidade. De acordo com a pasta, a dispensa do visto para norte-americanos, canadenses, australianos e japoneses visa incentivar a geração de emprego e renda no Brasil.
“A isenção do visto de forma unilateral é um aceno que fazemos para países estratégicos no sentido de estreitar as nossas relações. Nada impede que essas nações isentem os brasileiros dessa burocracia num segundo momento”, informou.
Saiba mais – Brasil assina acordo nos EUA que permite uso comercial da base de Alcântara
Base de Alcântara
Integrantes dos governos brasileiro e norte-americano assinaram na também segunda-feira (18) um acordo de salvaguardas tecnológicas (AST) que permite o uso comercial da base de lançamento de Alcântara, no Maranhão.
O AST, que é negociado desde os anos 2000, vai permitir aos Estados Unidos lançar foguetes e satélites do centro de lançamento de Alcântara.
O acordo possui cláusulas que protegem a tecnologia usada tanto pelo Brasil, quanto pelos estadunidenses. O documento já chegou a ser assinado, mas o Congresso Nacional o rejeitou.
Desta vez, terá de passar novamente pelo crivo do Legislativo, de acordo com o embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral.
Saiba mais – Brasil e México assinam acordo de livre-comércio de veículos
Livre-comércio de veículos entre Brasil e México
Brasil e México assinaram ainda na segunda-feira um acordo para garantir o livre-comércio de veículos entre os dois países.
A informação foi confirmada primeiramente pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), e então pelo governo. A medida entrou em vigor já nesta terça-feira.
Desta forma, Brasil e México passam a ter, pela primeira vez, livre-comércio de veículos e autopeças. Isto significa que montadoras instaladas nos dois países poderão importar e exportar produtos sem barreiras comerciais (como cotas e Imposto de Importação).
Antes do novo acordo, o que estava previsto entre as duas partes eram cotas isentas de impostos.
“Vamos observar se isso vai ter impacto nos novos investimentos; as empresas vão avaliar a situação para poderem tomar suas decisões”, disse na véspera, o presidente da Anfavea, Antonio Megale.
A Anfavea defendia a prorrogação, por mais três anos, do sistema de cotas. Segundo a associação, a competitividade da indústria brasileira é muito inferior à do México:
- a carga tributária interna do México é menor;
- a infraestrutura é mais eficiente;
- e a escala é elevada, por exportar a maior parte de sua produção para os EUA.
O receio é que as matrizes das montadoras prefiram investir no México, ao invés do Brasil.
Bolsonaro deve estar presente na quarta-feira (20) no Congresso Nacional. A entrega da proposta de reforma da Previdência, para os militares das Forças Armadas, aos parlamentares, está prevista para amanhã.
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