Itaúsa (ITSA4) vende R$ 665 milhões em ações da XP (XPBR31) para ‘financiar novas compras’
A Itaúsa (ITSA4) vendeu mais 7 milhões de ações Classe A da XP Inc (XPBR31) pelo valor aproximado de R$ 665 milhões, segundo comunicado pela companhia. O valor considera a taxa de câmbio atual, e os papéis vendidos correspondem a 1,26% do capital social da XP
A venda vai na mesma linha dos últimos comunicados da Itaúsa, que já antecipava essa ‘saída gradual’ do capital da XP.
“Desta forma, a Itaúsa passa a deter 57.470.985 ações ordinárias Classe A de emissão da XP, equivalentes a 10,31% do capital da XP e 3,68% de seu capital votante”, diz a holding, em seu fato relevante arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“A alienação decorre da decisão estratégica da companhia de reduzir sua participação na XP, conforme divulgado anteriormente, por não se tratar de ativo estratégico, bem como da necessidade de caixa da holding para fazer frente ao recente investimento anunciado na CCR”, segue.
Isso pois, ainda na véspera, a holding assinou contrato em conjunto com a Votorantim para a aquisição da totalidade das ações da Andrade Gutierrez na CCR (CCRO3).
Em fato relevante, Itaúsa detalhou que a Andrade Gutierrez possuía 300.149.836 ações da CCR, valor equivalente a 14,86% do seu capital social, totalizando um investimento de R$ 4,1 bilhões.
Além disso, com essa venda de ações da XP impactará positivamente os resultados da Itaúsa do terceiro trimestre deste ano em aproximadamente R$ 300 milhões, líquidos de impostos.
Veja a última venda de ações da XP pela Itaúsa
Ainda no fim de março a Itaúsa realizou a venda de 12 milhões de ações de Classe A da XP. À época, a venda de ações da XP pela holding gerou uma cifra de R$1,8 bilhão à tesouraria, representando 2,14% do capital total da XP.
Em um comunicado, a companhia destacou que ainda poderia vender 24 milhões de ações da XP no ano de 2022, “na busca contínua pela melhor alocação de seu capital e a depender das condições de mercado”.
No ano passado, a Itaúsa já havia reduzido a sua participação no grupo financeiro para levantar capital, fechando 2021 com cerca de 13,67% da XP.
“Ao longo deste ano deveremos fazer novas vendas de ações da XP para maximizar os resultados e reduzir ao máximo possível os impostos que temos que pagar”, disse o presidente-executivo da companhia, Alfredo Setubal, durante conferência com analistas e investidores sobre os resultados da holding no 4T21.
“Também poderemos repor um pouco o caixa que estamos utilizando agora para fazer frente ao investimento na Alpargatas, que a gente estima em torno de R$ 900 milhões”, seguiu.
No mesmo sentido, destacou que a companhia deve seguir com fusões e aquisições no radar, considerando especialmente que o endividamento da companhia é baixo – e em linha com o aporte feito na CCR.
A Itaúsa terminou 2021 com dívida líquida ajustada de R$ 3,79 bilhões.
Além disso, o caixa gerado com a saída do capital social do grupo financeiro pode custear novos dividendos aos acionistas ou também um novo programa de recompra de ações da holding, segundo o Setubal.
Entenda a cisão com a XP
Em meados de maio de 2017, o Itaú (ITUB4) demonstrou intenção de adquirir o controle da XP em três etapas, a primeira seria cerca de 49,9% da companhia após a aprovação regulatória, em 2020 o banco também adquiriu 12,5% da corretora.
Por fim, as compras terminariam em 2022 com um adicional de 11,3%. Contudo, a compra não ocorreu desta forma.
A participação de 49,9% adquirida em 2018 foi diluída para 46% após a abertura de capital (IPO) da XP em novembro de 2019. Em dezembro de 2020, o banco vendeu 4,5% de sua participação na XP, reduzindo sua participação para 41%.
No mesmo ano, o Itaú anunciou a intenção de cindir sua participação na XP com a possibilidade de vender um montante de até 5% do capital social da corretora.
A movimentação foi fruto do imbróglio societário que começou com uma briga de visões de gestão entre ambas as companhias. No páreo, a XP defendeu ferrenhamente a desbancarização e a briga chegou a vir a público com ambas comprando publicidade na TV aberta com “indiretas” sobre o conflito.
Várias etapas ocorreram desde então, com as ações sendo inicialmente segregadas em uma companhia chamada XPart, que foi posteriormente incorporada pela XP.
Com a cisão, decidida pela controlada da Itaúsa no ano passado, cerca de 90 milhões de títulos da empresa passaram a ser negociados na Bolsa brasileira, por meio de BDRs negociados sob o ticker XPBR31.