O divórcio entre Itaú (ITUB4) e XP é, desde o ano passado, um dos principais episódios que o mercado brasileiro acompanha. A holding Itaúsa (ITSA4), que tem cerca de 38% do Itaú, acabará ficando com 15% da XP e já tem um plano traçado.
No evento Itaúsa Day, promovido pela empresa na manhã desta terça-feira, o presidente Alfredo Setubal disse que por mais que a holding acredite na XP e enxergue seu crescimento, a participação na empresa não faz parte do plano estratégico de diversificação.
“A XP vem crescendo bastante, acreditamos bastante nela, mas não faz parte do noss plano de diversificação. Esse processo está sendo feito fora dos serviços financeiros. Essa parte continuará sendo focada no Itaú”, comentou o executivo.
Em 2017, o Itaú comprou 49,9% da XP por cerca de R$ 5,7 bilhões. Hoje, após a companhia fundada por Guilherme Benchimol abrir capital nos Estados Unidos, essa fatia equivale a US$ 11,67 bilhões (R$ 63,35 bilhões na cotação atual).
Com base no acordo firmado entre as partes, a Itaúsa controlará 15% da corretora, o que perfaz uma participação de US$ 3,5 bilhões (R$ 19 bilhões).
“Acreditamos bastante na tese da XP, tanto que o banco era acionista e também seremos por um tempo. Mas a tendência é que, ao longo dos próximos anos, nós iremos vender a participação.”
Segundo Setubal, isso será feito de maneira “devagar, sem pressionar o mercado e aproveitando as oportunidades de venda.”
Alocação de recursos pela holding
O executivo, entretanto, disse que a Itaúsa, antes de vender as ações da XP, precisará saber muito bem o que está fazendo e onde irá alocar esses recursos.
De acordo com ele, com o dinheiro em maõs, a Itaúsa poderá comprar outras empresas, recomprar suas ações, pagar dividendos e diminuir seu endividamento.
“XP é um investimento que iremos administrar lentamente a saída, pois não faz parte de diversificação do negócio.”
Participação da Itaúsa no Itaú continuará relevante
Segundo a apresentação da empresa, a Itaúsa é a empresa privada com mais investidores do Brasil. Em junho deste ano, eram 924 mil. Ou seja, a cada cerca de quatro investidores no País, um possui Itaúsa na carteira.
A queridinha da B3 é constantemente questionada sobre a participação no Itaú, que hoje corresponde a mais de 90% dos resultados.
A preocupação dos investidores giram em torno da ameaça que as fintechs representam, fazendo frente aos bancões nos últimos anos. A rentabilidade das grandes instituições é grandemente atrelada a serviços financeiros proporcionados a custos mais baixos por bancos digitais.
Quando questionado por Tiago Reis, fundador da Suno Research, Setubal disse que enxerga a Itaúsa em 10 ou 20 anos bem mais diversificada do que é hoje. Porém, com o banco sendo a maior participação.
“Vejo que daqui a 10 anos a Itaúsa terá um grande portfólio de empresas não financeiras. O todo desse portfólio terá grande relavância, mas o Itaú continuará sendo uma grande âncora na instituição”, comentou o executivo.
Segundo ele, o resultado da empresa deve continuar sendo representado por 85% a 90% do Itaú, isso em função do tamanho que a instituição bancária tem, e que “irá continuar crescendo e sendo a líder do setor financeiro”, de acordo com o executivo.
“Outras grandes empresas continuarão gerando caixa e retorno para os investidores da Itaúsa. Isso pode aumentar o payout com a ampliação do portfólio.”
As ações da Itaúsa tem leve queda no pregão desta terça-feira, sendo negociadas a R$ 11,17, por volta das 13h15. No ano, os papéis da holding acumulam uma desvalorização de 3,2%.