Dividendos da Itaúsa (ITSA4) podem crescer? Veja opinião do BTG
Os analistas do BTG Pactual participaram de um encontro com a diretoria da Itaúsa (ITSA4), e durante o evento, foram abordadas questões como diversificação de portfólio, perfil de dívida, dividendos e o desconto de holding.
Em relatório, a casa detalhou as perspectivas citadas pela empresa, e destacou a possibilidade de aumento nos dividendos da Itaúsa.
Confira a seguir os principais temas abordados pela diretoria da ITSA4 durante o evento:
Portfólio consolidado e foco em extração de valor
A Itaúsa reforçou que seu portfólio está estrategicamente posicionado em setores importantes da economia brasileira, com o Itaú (ITUB4) permanecendo como o principal investimento. Além disso, a holding controla participações em empresas como Dexco, Alpargatas, Copa Energia, Aegea, CCR e NTS, com foco crescente no setor de infraestrutura.
Após a venda total de sua participação na XP em 2023, a companhia não prevê novos investimentos no curto prazo, dado o cenário macroeconômico e o custo elevado do capital. O objetivo, por ora, é maximizar o valor dos ativos existentes.
Perfil de dívida sólido e potencial de aumento de dividendos
Desde 2022, a Itaúsa reduziu sua dívida bruta em mais de 40%, para R$ 5 bilhões, e refinanciou R$ 2,5 bilhões, estendendo o prazo médio da dívida para 6,8 anos, com custo médio de CDI + 1,5% ao ano. A companhia não enfrenta amortizações até 2028, o que garante um colchão de liquidez com caixa de R$ 3,8 bilhões.
Esse cenário, segundo o BTG Pactual, favorece o pagamento de dividendos mais robustos. A Itaúsa já distribui 100% dos dividendos que recebe do Itaú e, segundo a gestão, a forte posição de capital do banco pode levar a repasses ainda maiores, superando o yield de 6,6% registrado nos nove primeiros meses de 2024.
Desconto de holding
O desconto de holding da Itaúsa, atualmente em 25%, foi tema central do evento. A gestão destacou que, ao considerar o valor justo de empresas privadas como Aegea e Copa Energia, esse desconto poderia ser ainda maior, chegando a 28-29%.
A companhia acredita que a melhora na transparência das informações sobre ativos não listados e avanços na reforma tributária podem ajudar a reduzir esse desconto. Com a possível isenção de PIS/COFINS sobre juros sobre capital próprio (JCP) a partir de 2027, prevista no texto atual da reforma, a ineficiência tributária seria eliminada, o que, segundo a CFO, justificaria um desconto em torno de 7-8%.
Oportunidades à frente
O valor de mercado da Itaúsa, hoje, é de cerca de R$ 95 bilhões, enquanto sua participação no Itaú está avaliada em cerca de R$ 118,5 bilhões, sugerindo uma subvalorização de R$ 24 bilhões para o restante do portfólio.
A gestão acredita que, com a redução da alavancagem, maior transparência sobre os ativos privados e potenciais ganhos da reforma tributária, o mercado pode reavaliar a Itaúsa, reduzindo o desconto. Até agora, as ações da Itaúsa apresentam desempenho estável no ano, ajustado pelos dividendos, acompanhando o Itaú e superando o Ibovespa, que acumula queda de 5%.
Diante do que foi exposto no evento, o BTG Pactual entende que a Itaúsa segue focada em maximizar o valor de seu portfólio, com forte potencial de geração de valor para os acionistas, especialmente por meio de dividendos mais robustos e maior visibilidade dos ativos.