Em teleconferência sobre os resultados da Itaúsa (ITSA4) nesta terça-feira (21), o CEO da holding, Alfredo Setubal, destacou a intenção da administração de voltar a elevar o patamar de distribuição do lucro líquido da companhia aos acionistas (payout).
Atualmente, os dividendos da Itaúsa vivem um ‘vale’ no gráfico, após anos áureos em que o payout havia sido relativamente elevado em razão de um contexto de capital excessivo.
Nos últimos anos, contudo, a companhia seguiu repassando integralmente os dividendos recebidos do Itaú Unibanco (ITUB4) – que representa 85% do portfólio de empresas – e diversificou o número de companhias não financeiras.
“A Itaúsa vem distribuindo entre 35% e 40% do seu lucro como proventos, mas entre 2017 e 2019 nós pagamos muito dividendos, tínhamos um excesso de capital e a carteira de crédito não vinha tão acelerada assim, resultando em distribuições muito generosas”, disse Setubal, CEO da Itaúsa.
“É possível que ao longo dos próximos anos que as investidas paguem mais proventos. Estamos em um certo vale, mas acho que vamos voltar ao payout histórico nos próximos anos”, completou.
Além disso, o executivo destacou que a bonificação de ações deve ser um instrumento cada vez mais recorrente, e uma delas ocorre justamente em breve, sendo uma oportunidade para os investidores de ITSA4 de atualizarem o preço-médio dos papéis e pagarem menos Imposto de Renda.
Desinvestimento da Itaúsa na XP
Em linha com o que a companhia vem comunicando há meses, os movimentos de alienações de ações da XP devem seguir no longo prazo.
O processo, segundo Setubal, ajudou na desalavancagem da holding – um grande foco no momento atual.
Juntamente com esse movimento, as próximas aquisições e a gestão do portfólio devem seguir com um horizonte de empresas não financeiras.
Apesar disso, no curto e médio prazo, a Itaúsa não mira novas aquisições.
“Temos um processo de desinvestimento da XP que possibilitou uma desalavancagem, mas não vemos um momento adequado para novos investimentos. A conjuntura e a geopolítica são adversos para tomada de risco, além das taxas de juros altas”, comenta o CEO.
“Em relação à participação do banco [Itaú], a ideia é que ele fique como está hoje, com cerca de 85% do portfólio da holding, o que representa cerca de 38% do capital social do banco. É difícil uma diversificação que compense essa participação. Nosso objetivo é criar um portfólio de empresas não financeiras e que esse portfólio como um todo tenha um valor relevante, gerindo ele aproveitando oportunidades”, completoa.
Segundo a CFO da Itaúsa, Priscila Grecco, desde 2017 os proventos pagos por empresas não fincaneiras do grupo representam algo entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões ao ano em proventos, deixando o dividend yield (DY) atual na casa dos 7% – considerando os proventos do Itaú.
ITSA4 distribuirá R$ 750 milhões em JCP
O conselho de administração da Itaúsa (ITSA4) anunciou na segunda (20) o pagamento antecipado de juros sobre capital próprio (JCP) no montante de 750 milhões. O valor líquido é de R$ 0,0773 por ação.
Com a dedução de 15% do Imposto de Renda (IR), o valor bruto dos proventos do Itaúsa passa para R$ 0,065705 por ação, sendo excetuados dessa retenção os acionistas pessoas jurídicas comprovadamente imunes ou isentos.
- Valor total do JCP: R$ 750 milhões
- Valor líquido por ação: R$ 0,0773
- Valor bruto por ação: R$ 0,065705
- Data de corte: 23de março
- Data do pagamento: 31 de março
No balanço da companhia, foi anotado um lucro líquido de R$ 3,3 bilhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), valor que representa uma queda de 19,3% na comparação com os R$ 4,117 bilhões do mesmo período do ano anterior.
No total de 2022, o indicador cresceu 12,1%, saindo dos R$ 12,2 bilhões em 2021, para R$ 13,674 bilhões.
Enquanto isso o lucro líquido recorrente da Itaúsa no 4T22 caiu 18,7%, para R$ 3,3 bilhões. No acumulado do ano, apesar disso, o avanço foi de 13,7%, saindo de R$ 12,070 bilhões em 2021 para R$ 13,722 bilhões em 2022.