Em relatório enviado a clientes, analistas do BTG Pactual voltaram a destacar que consideram as ações da Itaúsa (ITSA4) como ‘excessivamente descontadas’.
Os analistas da casa não firmaram preço-alvo nem recomendação para as ações da Itaúsa pois os papéis ficam fora da cobertura da casa – contudo, reafirmaram a tese de que veem os ativos como baratos.
“No seu último preço de fechamento, o valor de mercado é de R$ 88 bilhões, enquanto suas participações no Itaú (ITUB4) e na XP (assumindo últimos preços de fechamento) totalizam R$ 102 bilhões, implicando uma avaliação “injusta” de -R$ 14 bilhões para o restante do seu portfólio – Alpargatas (ALPA4), Dexco (DXCO3), Aegea, Copa Energia, NTS e CCR (CCRO3) -, dada a sua qualidade e relevância”, observa a casa.
“A Copa e a Aegea continuam registradas a valor contábil, ou seja, o o desconto seria ainda maior considerando o valor justo de ambas as empresas. Com base no último preço de fechamento de R$ 9, o desconto de holding é superior a 20%, e deverá ser menor com potenciais impactos positivos da Reforma Tributária sobre o Consumo”, completa.
Além disso, analistas chamam atenção para o fato de que ITSA4 subiu cerca de 6% desde o início de 2023, ao passo que o Itaú acumulou alta de 10% de janeiro para cá.
Atualmente o Itaú é a ‘âncora’ do portfólio da holding financeira, representando 85% dos ativos da companhia.
Mais dividendos e menos dívida na Itaúsa
Os analistas chamaram atenção para o fato de que o CEO da companhia, Alfredo Setubal, associou um eventual retorno de dividendos mais polpudos à redução de dívida da companhia – atualmente em cerca de R$ 5 bilhões.
No momento, segundo executivos da companhia, a Itaúsa passa por uma fase de ‘consolidação de portfólio’ – na qual a holding gasta bilhões ao ano investindo nas suas empresas para colher frutos no futuro.
Além disso, a companhia também mira reduzir seu patamar de endividamento, já que paga R$ 1 bilhão ao ano com juros da sua dívida.
O temor sobre o patamar de alavancagem, mas não existe, já que a dívida da Itaúsa é majoritariamente associada a debêntures e tem avaliação ‘AAA’ das três maiores agências de classificação de risco.
“O CEO reconheceu que a Itaúsa pagou ‘menos do que gostaria’, mas disse que estão no caminho certo para reduzir a dívida acumulada nos últimos anos para fazer face ao último ciclo de investimentos, que segundo ele foi concluído após o negócio da CCR (final de 2022)”, diz o relatório do BTG.
“A Itaúsa está focada no amadurecimento de seu portfólio e na redução gradual de sua dívida de R$ 5 bilhões, com Setúbal dizendo que ‘ao reduzir a alavancagem e os investimentos, deveríamos começar a ver pagamentos mais elevados novamente, compensando o período de dividendos mais baixos'”, completa
Analistas ainda destacaram o fato de que a Itaúsa sinalizou que pretende continuar captando recursos via venda de ações da XP (XPBR31) ainda neste ano, aproveitando ‘boas oportunidades de preços’.