Itaúsa (ITSA4) vende R$ 1,8 bilhão em ações da XP e deve vender mais este ano

O Itaúsa (ITSA4) realizou a venda de 12 milhões de ações de Classe A da XP, segundo fato relevante arquivado na manhã desta quarta-feira (23).

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A venda de ações da XP pela holding gerou uma cifra de R$1,8 bilhão à tesouraria, considerando que os papéis da XP são listados nos EUA e a cotação do câmbio da véspera foi de R$ 4,915. A fatia da venda do Itaúsa foi de 2,14% do capital total da companhia.

Com o movimento, a esta forma, a Itaúsa passa a deter um  montante de 64,47 milhões de ações ordinárias de Classe A de emissão da XP.

Ou seja, a companhia ainda detém 11,51% do capital da companhia, além de 3,63% do capital votante.

“A Alienação decorre da decisão estratégica da Companhia de reduzir sua participação na XP, conforme divulgado anteriormente, por não se tratar de ativo estratégico, bem como da necessidade de recomposição do caixa da holding em função dos últimos investimentos realizados”, diz o Itaúsa, em documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A estimativa da companhia é que a movimentação ocasione um impacto de R$ 1,1 bilhão no resultado financeiro do primeiro trimestre de 2022 (1T22).

Itaúsa deve realizar ainda mais vendas em 2022

No seu comunicado, a companhia destacou que ainda poderá vender 24 milhões de ações da XP no ano de 2022, “na busca contínua pela melhor alocação de seu capital e a depender das condições de mercado”.

No ano passado, a Itaúsa já havia reduzido a sua participação no grupo financeiro para levantar capital, fechando 2021 com cerca de 13,67% da XP.

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“Ao longo deste ano deveremos fazer novas vendas de ações da XP para maximizar os resultados e reduzir ao máximo possível os impostos que temos que pagar”, disse o presidente-executivo da companhia, Alfredo Setubal, durante conferência com analistas e investidores sobre os resultados da holding no 4T21.

“Também poderemos repor um pouco o caixa que estamos utilizando agora para fazer frente ao investimento na Alpargatas, que a gente estima em torno de R$ 900 milhões”, seguiu.

No mesmo sentido, destacou que a companhia deve seguir com fusões e aquisições no radar, considerando especialmente que o endividamento da companhia é baixo. A Itaúsa terminou 2021 com dívida líquida ajustada de R$ 3,79 bilhões.

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Contudo, pontuou que os aportes devem ser direcionados ao setor de energias renováveis e concessões de infraestrutura em detrimento de instituições financeiras.

Os aportes, em grande parte, devem ser financiados com a venda da participação na XP.

Além disso, o caixa gerado com a saída do capital social do grupo financeiro pode custear novos dividendos aos acionistas ou também um novo programa de recompra de ações da holding, segundo o Setubal.

O executivo prevê pagar o percentual mínimo obrigatório de 25% do lucro neste ano em proventos – ou seja, demonstrará um arrefecimento em relação aos dividendos dos anos anteriores.

Entenda a cisão entre Itaú e XP

Em meados de maio de 2017, o Itaú (ITUB4) demonstrou intenção de adquirir o controle da XP em três etapas, a primeira seria cerca de 49,9% da companhia após a aprovação regulatória, em 2020 o banco também adquiriu 12,5% da corretora.

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Por fim, as compras terminariam em 2022 com um adicional de 11,3%. Contudo, a compra não ocorreu desta forma.

A participação de 49,9% adquirida em 2018 foi diluída para 46% após a abertura de capital (IPO) da XP em novembro de 2019. Em dezembro de 2020, o banco vendeu 4,5% de sua participação na XP, reduzindo sua participação para 41%.

No mesmo ano, o Itaú anunciou a intenção de cindir sua participação na XP com a possibilidade de vender um montante de até 5% do capital social da corretora.

A movimentação foi  fruto do imbróglio societário que começou com uma briga de visões de gestão entre ambas as companhias. No páreo, a XP defendeu ferrenhamente a desbancarização e a briga chegou a vir a público com ambas comprando publicidade na TV aberta com “indiretas” sobre o conflito.

Várias etapas ocorreram desde então, com as ações sendo inicialmente segregadas em uma companhia chamada XPart, que foi posteriormente incorporada pela XP.

Com a cisão, decidida pela controlada da Itaúsa no ano passado, cerca de 90 milhões de títulos da empresa passaram a ser negociados na Bolsa brasileira, por meio de BDRs negociados sob o ticker XPBR31.

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Eduardo Vargas

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