A economia brasileira está se recuperando, após o choque da chegada do coronavírus (covid-19) ao País, com a retomada do consumo, de acordo com análise feita pelo Itaú Unibanco (ITUB4) nesta terça-feira (9), o que deverá fazer com que a taxa básica de juros (Selic) encerre o ano a 3,5%.
Na avaliação de Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, o consumo não deve arrefecer a patamares menores do que o visto em 2020, mesmo sem o auxílio emergencial, já que a taxa de poupança acumulada no ano deve diminuir em 2021.
“As famílias pouparam muito, mas isso deve retroceder a medida que as pessoas fiquem mais confiantes com o progresso da vacinação, consumindo mais, e a taxa de poupança deve cair mesmo com a ausência de auxílio emergencial”, disse.
Além disso, o banco já observa uma melhora do mercado de trabalho, o que deve auxiliar também a atividade econômica.
“Hoje, observamos a reincorporação das pessoas que, inicialmente, foram afastadas. Elas foram chamadas de volta, então a distância entre o emprego total e o efetivo chegou a superar os 20 milhões de pessoas e, agora, está em cinco milhões, o que mostra uma melhora no mercado formal de trabalho”, afirmou o economista-chefe do Itaú Unibanco.
Sobre a alta da inflação, um dos maiores problemas para o cenário econômico do ano passado, o Itaú Unibanco espera um resultado dentro da meta, de 4,5% ao ano, mas com um aumento da taxa básica de juros (Selic), que deve ir a 3,5% já neste ano como forma de desacelerar um pouco a atividade.
“A pressão inflacionária teve a ver com câmbio e aumento da demanda por alguns itens em um momento de restrição da oferta. Muita inflação de alimentos, que não achamos que vá se repetir em 2021, muito a ver com o clima, mas que não deve se repetir”, afirmou.
“O que vemos é uma alta de juros para 3,5% ao ano, estimamos que o patamar a partir do qual você teria um freio mais relevante para a atividade econômica está mais para 5%,6%. A analogia seria pisar no acelerador com menos força, não pisar no freio”, concluiu Mesquita.
Itaú Unibanco analisa mudança no comportamento
Além das projeções, o banco também apresentou um estudo para entender as mudanças comportamentais no consumo durante a pandemia do coronavírus (covid-19).
De acordo com o estudo, o consumo começou a se recuperar a partir do terceiro trimestre, e 2020 fechou com faturamento apenas 3,2% maior que o de 2019.
O movimento foi puxado pelos estabelecimentos Atacadistas; de Materiais de Construção; Mercados; e Drogarias/Cosméticos. Entre os segmentos que se destacam pela perda de valores transacionados estão Turismo; Vestuário; Cultura, Esportes e Entretenimento; e Educação.
Além disso, a forma de comprar também vem mudando. O e-commerce transacionou 19,4% mais que no ano anterior, com crescimento mais acelerado em Restaurantes; Atacadistas; e Materiais de Construção. Ao final de 2020 os meios digitais já respondiam por 18,9% do total transacionado pelo varejo, contra 16,3% um ano antes.
“A análise de uma ampla gama de informações tem sido o caminho para entendermos de maneira aprofundada quem é o nosso cliente e atendermos com mais agilidade às suas expectativas e às particularidades de novos momentos de consumo”, disse, em nota, Moisés Nascimento, diretor de Estratégia e Engenharia de Dados do Itaú Unibanco.