A briga entre a XP Inc. e o Itaú Unibanco (ITUB4), que movimenta o mercado acionário brasileiro nos últimos dias, ganhou um novo capítulo. Em coletiva nesta quinta-feira (25), o sócio e diretor executivo da XP Inc., Gabriel Leal, afirmou que o banco deveria repensar o investimento feito na corretora.
“Se o Itaú Unibanco estiver desconfortável, achar que não faz sentido [o negócio], ele deveria repensar investimento dele [na XP], disse Leal, que, além de sócio, é head comercial e de relacionamento com clientes da XP.
Em 2016, o banco comprou uma participação de 49,9% da XP por R$ 6,3 bilhões. O contrato também prevê que a participação do Itaú pode subir para 75% em duas etapas até 2022, e chegar em 100% em 2024 ou 2033.
“Se o Itaú está insatisfeito ou não, as melhores pessoas para responder isso são eles. Mas eles deveriam repensar a participação deles”, afirmou Leal.
Itaú Personnalité pode acabar devido a migração para XP
O sócio diretor executivo da XP Inc. afirmou ainda que, caso seja mantido o ritmo de migração de clientes para a XP, o Itaú Personnalité, braço do banco para clientes de alta renda, poderia acabar em três anos.
“O Itaú não tem proposta de valor para o cliente e perde R$ 150 milhões por dia em TEDs à plataforma da XP. É provável que, se esse cenário não mudar, o Personalité acabe”, disse ele.
Segundo o diretor executivo da XP Inc, o papel do assessor de investimentos, atacado pelo Itaú Unibanco em peças publicitárias, é focada em relacionamento, mas boa parte das decisões são tomadas pelos próprios clientes.
“Cerca de 70% do volume das transações são feitas pelo cliente final da plataforma. O agente autônomo tem um papel fundamental, mas hoje ele é mais um profissional de assessoramento e relacionamento, mas boa parte das decisões são feitas diretamente pelos clientes”, disse o sócio da XP sobre o Itaú Unibanco.
Polêmica começou com peça publicitária
A polêmica entre dois dos principais players do mercado financeiro no Brasil começou após o Itaú Unibanco veicular na Rede Globo no horário nobre da última terça (23).
Na propaganda, protagonizada pelo ator Marcos Veras, o banco critica o modelo de negócios das corretoras, fazendo alusões e sarcasmo sobre o papel dos agentes autônomos de investimento. E terminando dizendo como investimentos no Itaú Personnalité seriam mais seguros.
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“A moda aqui em 2019 é ter conta em corretora. Assessor também tá na moda. Insiste o tempo todo, ‘investe nisso, investe naquilo, não tem risco’. Estou me sentido o rei de Wall Street”, diz o ator no começo da propaganda.
“Aqui em 2020, deu para ver que não tinha risco para ele, que ganhava comissão por tipo de investimento. Ainda bem que você deixou seu dinheiro no Personnalité. São especialistas isentos. Aprendeu?”, responde o mesmo ator.
A reação da XP Investimentos não demorou para aparecer. Menos de 24 horas depois, o fundador e CEO da corretora, Guilherme Benchimol, publicou uma carta em “resposta aos ataques do Itaú”.
Nesta quinta-feira (25), a polêmica continuou nas redes sociais, com posts irônicos entre os dois (sócios) e concorrentes.