Itaú Unibanco (ITUB4) aprova cisão da XP para ‘destravar valor’
O conselho de administração do Itaú Unibanco (ITUB4) aprovou nesta quinta-feira (26/11) a cisão de sua parcela da corretora XP com a criação de uma nova empresa receber os ativos.
A intenção de retirar os ativos da corretora de seu balanço foi anunciada ao mercado no começo do mês e a execução ainda depende de aprovação na assembleia dos acionistas do banco.
A nova empresa terá 41,05% do capital social da XP e o capital será distribuído de forma proporcional aos atuais acionistas do banco.
O balanço do Itaú ainda deterá 5% do capital da XP, que poderá ser vendido diretamente ao mercado.
Na visão do Itaú e de parte do mercado, o valor da XP não era totalmente precificado no balanço do Itaú. O banco pagou R$ 6 bilhões por 46% da corretora de Guilherme Benchimol, com um valuation atrativo de cerca de 20x o lucro líquido anual. Hoje, a XP é negociada a mais de 80x o lucro.
No radar do bancão, existe também possibilidade de fazer valer um acordo que pode aumentar a participação na companhia, segundo especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias.
Desde a compra da participação na XP, o Itaú Unibanco possui a possibilidade de comprar mais 12,5% do capital social da corretora em 2022, dependendo apenas da aprovação do BC. O BC, porém, vetou que o Itaú Unibanco assumisse o controle da XP, ou seja, o banco não poderia possuir 50% mais um dos votos na corretora.
Dessa forma, com a estratégia citada de repassar o percentual a outra empresa e vender uma pequena parcela, o Itaú abriria a possibilidade de exercer esse direito sem temer o veto do Banco Central ou do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). E com um uma possiblidade de realizar uma arbitragem excepcional.
A ação preferencial do Itaú, ITUB4, fechou o dia em queda de 2,1% a R$ 28,74. No mês, o papel sobe 22,4%. Já a XP encerrou o pregão de ontem da Nasdaq a US$ 41,98. Não houve negociações na Bolsa de Nova York, que ficou fechada pelo feriado de Ações de Graças.
Destravar valor também é objetivo do Itaú
Além da possibilidade de ampliar a participação na XP, o Itaú Unibanco também busca destravar o valor da XP dentro do banco. Segundo Cândido Bracher, “esse investimento [na XP] não está precificado 100% em nosso valuation”.
“O mercado nunca precificou as ações de Itaú essa participação na XP. O Itaú só vem caindo na Bolsa, assim como os grandes bancos. Então, na visão do Itaú, [ a cisão] é uma forma de ele conseguir gerar valor a acionistas e caixa”, disse o especialista da SUNO Research Gutenberg Neto.