Se a reforma da Previdência cuja minuta foi vazada neste mês for aprovada sem mudanças, deve gerar uma economia no PIB de 2,5% em 2027, com R$ 1,05 trilhões em dez anos. Mas uma eventual “desidratação” durante sua tramitação deve levar a uma economia menor, entre 1,4% e 2,1% do PIB, segundo previsão do banco Itaú.
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Os cálculos sobre a reforma da Previdência e dados da economia brasileira foram divulgados na 27ª edição do Macro em Pauta, evento trimestral sobre macroeconomia do Itaú, realizada nesta terça (19).
O Itaú levou em consideração algumas alterações que podem ocorrer durante a tramitação da reforma no Congresso:
- Aumento do tempo mínimo de contribuição para 20 anos;
- Aumento de idade mínima para mulheres rurais;
- Contribuição rural de 8%;
- Retirada da desvinculação BPC/LOAS;
- Tempo de transição suavizado.
Com essas mudanças inclusas na conta, a economia gerada pela reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro deve se igualar à proposta apresentada por Michel Temer em 2017, de 1,4%.
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“Há três fatores para uma tramitação no Congresso ser bem-sucedida: popularidade do presidente, identificação ideológica entre Executivo e Legislativo e articulação política. A ex-presidente Dilma Rousseff não tinha nenhum dos três. Michel Temer tinha a identificação ideológica e a articulação política. Já Bolsonaro tem a popularidade e a identificação ideológica, falta a capacidade de articulação”, declarou Pedro Schneider, economista sênior do Itaú.
Segundo Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú, a recente crise e consequente demissão do ex-ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, não deve afetar tanto a tramitação da reforma da Previdência “A aprovação vai ser um processo de vários meses. Esse episódio tem curto prazo, então não acredito que tenha esse efeito tão prolongado assim”, afirmou.
O Itaú estima que a reforma da Previdência comece a ser votada na Câmara dos Deputados no começo do segundo semestre. Para isso, a instituição leva em conta uma média de 70 dias para a tramitação, começando a contar de abril. As festas de junho e o recesso de julho, portanto, jogariam a votação para agosto.
Numa hipotética situação na qual a reforma não consiga passar no Congresso, Mesquita disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia mencionado um plano B. “Uma alternativa é aprovar a PEC 287 [a reforma da Previdência do governo Temer], já pronta para ser votada”, afirmou.
“Mas a reforma da Previdência é uma condição necessária. Se não for aprovada, os credores do governo vão passar a exigir uma taxa de juros maior para manter esses investimentos em carteira. Se não acontecer, [os credores] vão migrar para ativos reais, como moeda estrangeira. A consequência mais imediata da não aprovação seria uma depreciação bem grande da moeda e os desdobramentos decorrentes disso”, declarou Mesquita.