O Itaú (ITUB4) revisou suas projeções para a economia do país, indicando “inflação persistente, mais aperto monetário e sinais claros de desaceleração”. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) tem sua queda projetada, a inflação e a taxa Selic devem aumentar, diz análise do banco.
Para a inflação, o Itaú sugere que o IPCA (Índice de Preços do Consumidor Amplo) termina 2021 em 10,1%. Já a projeção para 2022 aumentou de 4,3% para 5,0%. “O choque de bens industriais ligado a gargalos de produção mostra maior persistência, intensificando também os efeitos secundários sobre demais preços na economia, principalmente em serviços”, justifica o banco.
Da leitura pouco acima de 10% para o IPCA projetado para este ano, quase 7 p.p. são resultado da pressão em combustíveis (gasolina, etanol, diesel e gás de botijão), energia elétrica (bandeira de escassez hídrica) e alimentos.
O banco espera agora que a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, atinja 11,75% a.a. ao final do primeiro trimestre de 2022, nível em que, segundo o banco, encerrará o atual ciclo de alta, com altas de 1,50-1,50-1,00 p.p. nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) de dezembro, fevereiro e março, respectivamente.
Já para o PIB, o Itaú diz: “Nossas projeções indicam crescimento do PIB de 0,0% tanto no 3T quanto no 4T21 ante o trimestre anterior com ajuste sazonal. Essa estimativa indica alta do PIB de 2021 de 4,5%, mas projetamos 4,7% por acreditar que a esperada revisão dos dados de mercado de trabalho da Pnad Contínua gerará uma revisão altista na série do PIB deste ano”.
Para 2022, foi mantida a projeção de queda no PIB de -0,5%, principalmente devido à contração esperada na demanda agregada por causa do aumento de juros. O banco acredita que o primeiro trimestre se beneficiará de um crescimento forte e pontual do PIB agropecuário, e do efeito do aumento do salário-mínimo sobre o poder de compra das famílias, mas esperamos contração do PIB nos trimestres subsequentes.
Itaú prevê dólar em R$ 5,50 com incertezas domésticas
“Para 2021, alteramos nossa projeção de déficit primário de 0,8% do PIB (R$ 70 bilhões) para 0,6% do PIB (R$ 55 bilhões) e esperamos que a dívida bruta alcance 82% do PIB, ante 89% do PIB no ano passado”, disse o relatório do banco. A revisão “para o ano corrente decorre de receitas maiores que o esperado, principalmente as relacionadas a maiores dividendos de estatais – o que também reflete, em parte, a elevação dos preços de combustíveis, com os dividendos da Petrobras (PETR4) somando R$ 22 bilhões de um total de R$ R$ 38 bilhões com essas receitas.”
Por fim, o Itaú manteve a projeção da taxa de câmbio em R$ 5,50 por dólar em 2021 e 2022. As incertezas domésticas (especialmente relacionadas à evolução das contas públicas nos próximos anos) somadas ao cenário global que tem se mostrado desafiador para ativos de risco (com aumento de pressões inflacionárias globais e antecipação da elevação dos juros nos EUA) pressionam a moeda.