Itaú (ITUB4) e Nubank (ROXO34) acirram corrida pelo posto de banco mais valioso da América Latina
O Itaú (ITUB4) e o Nubank (ROXO34) acirraram no mercado financeiro o embate para saber quem desbanca quem como o banco mais valioso da América Latina. O Nubank, negociado na Bolsa de Nova York, está avaliado em US$ 55,9 bilhões, enquanto o Itaú fechou em US$ 56,22 bilhões.
Na sexta-feira (24), o Nubank chegou a superar o Itaú durante o pregão, mas fechou ligeiramente abaixo. A última vez que o Nubank superou o Itaú em valor de mercado foi em 21 de fevereiro de 2022.
Desde o início do ano passado, o Nubank vem se recuperando e, em março deste ano, chegou a ultrapassar a Vale (VALE3) em valor de mercado. Em contrapartida, as ações do Itaú caíram na primeira metade do ano passado e desde então têm se mantido estáveis, apesar do lucro recorde e do anúncio de um dividendo extraordinário multibilionário.
Entre janeiro e fevereiro de 2022, o Nubank e o Itaú se alternaram na posição de banco mais valioso da América Latina, em uma disputa que durou mais de um mês. Naquele período, o valor de mercado de cada banco girava em torno de US$ 45 bilhões.
Em termos nominais, o Nubank está próximo do Itaú, que atualmente possui a maior capitalização entre os bancos da América Latina. No entanto, existe um detalhe relevante, segundo especialistas: o Nubank é negociado em dólar, enquanto o Itaú é negociado em reais, o que pode dar uma vantagem ao banco digital dependendo das flutuações cambiais.
Para que o Nubank alcance o valor de mercado do Itaú, seria necessário apenas que suas ações valorizassem 0,05% na próxima sessão da Bolsa de Nova York (Nyse), que ocorrerá nesta terça-feira (27) devido ao feriado nos Estados Unidos hoje.
A diferença entre os dois bancos não está apenas na capitalização de mercado, mas também na composição do patrimônio líquido. O Itaú acumula décadas de lucro, o que inflaciona seu patrimônio líquido, enquanto o Nubank começou a registrar lucro apenas no ano passado.
Essa diferença histórica no acúmulo de lucros afeta o múltiplo de preço sobre valor patrimonial (P/VPA) de cada instituição. O patrimônio líquido maior do Itaú reduz seu múltiplo, refletindo sua longa trajetória de lucratividade. Já o Nubank, por ter iniciado recentemente a geração de lucro, apresenta um múltiplo diferente, o que é um fator a ser considerado ao comparar os dois bancos.
Transição de prejuízo para lucro mudou o Nubank, analisa BBA
Hoje, o Itaú BBA disse que a recomendação para as ações do Nubank permanece positiva, com classificação de outperform (compra). Os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard consideram o Nubank “uma das principais escolhas no setor financeiro do Brasil”. Eles avaliam que as ações do Nubank estão em um bom momento devido ao cenário de crescimento contínuo.
Segundo a análise do BBA, as métricas de crédito do Nubank permanecem saudáveis e os indicadores macroeconômicos são favoráveis, o que deve contribuir para o crescimento do lucro nos próximos trimestres, apesar do portfólio de maior risco. Por isso, a recomendação é manter a compra dos papéis do Nubank, com o preço-alvo para o final de 2024 fixado em US$ 13.
Na visão dos analistas, as ações do Nubank estão sendo negociadas a 24 vezes o preço sobre lucro (P/L) de US$ 2,1 bilhões em 2024 e 15 vezes em 2025, refletindo expectativas positivas para o desempenho futuro do banco.
Os estrategistas lembram ainda que o banco digital fez a transição de prejuízo para lucro pela primeira vez em 2023, alcançando um resultado notável de US$ 1 bilhão. E dizem que, com 90 milhões de clientes no Brasil, a base de clientes do Nubank não vai continuar crescendo no mesmo ritmo, mas há muito potencial para exploração.
Lucro e ROE do Itaú são positivos, diz BB-BI
De olho no desempenho do setor bancário no primeiro trimestre deste ano (1T24), o BB Investimentos (BB-BI) afirmou em relatório no último dia 7 que o lucro líquido de R$ 9,77 bilhões no primeiro trimestre de 2024, resultando em um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 21,9%, indicam um resultado positivo para o Itaú.
No entanto, ao examinar mais detalhadamente, segundo o analista Rafael Reis, surgem algumas preocupações, como em relação ao crescimento da carteira de crédito do Itaú, que aumentou apenas 2,6% em comparação ao crescimento de 8,3% do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Além da margem com clientes que caiu 1,8% em relação ao trimestre anterior.
Apesar dessas tendências, o BB-BI analisa que o Itaú projeta uma estabilização da margem com clientes, refletindo um mix de crédito mais equilibrado, e uma expansão projetada da carteira de crédito de cerca de 8% ao longo deste ano. O primeiro trimestre, devido à sazonalidade, conforme o estrategista, não reflete claramente essas projeções positivas.
“Já as despesas não decorrentes de juros (DNDJ) evidenciam um excelente controle de custos, em nossa opinião, tendo recuado 6,2% no trimestre, também impactadas por efeitos sazonais, e se expandindo 4,3% no ano, variação próxima da inflação, levando o índice de eficiência a 38,3%, o melhor da série histórica”, diz Rafael Reis.
Veja os resultados dos bancos no 1º trimestre deste ano
Dois dias após patrocinar o show de Madonna, na Praia de Copacabana, cujo custo de R$ 60 milhões foi majoritariamente coberto pelo Itaú Unibanco, o banco divulgou um lucro de R$ 9,7 bilhões, representando um aumento de 15,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em comparação com o trimestre anterior, de outubro a dezembro de 2023, o crescimento foi de 3,9%. O banco também reportou uma redução de 6,2% nos custos trimestrais, totalizando R$ 14,4 milhões. No entanto, na comparação anual, os custos apresentaram um aumento de 4,3%.
Ao final do mês de março, o Nubank apresentou uma carteira de crédito que gerou juros no valor de US$ 9,7 bilhões, refletindo uma expansão de 18,3% no trimestre e um aumento de 86,5% em relação ao ano anterior. O portfólio total atingiu a marca de US$ 19,6 bilhões, em comparação com os US$ 12,8 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
Em relação à inadimplência, o Nubank reportou que atingiu 6,3% em março, um leve aumento em comparação com os 6,1% registrados no quarto trimestre e os 5,5% do primeiro trimestre de 2023. Já a inadimplência de 15 a 90 dias foi de 5%, comparada com os 4,1% do trimestre anterior e os 4,4% do primeiro trimestre de 2023.