Em uma transmissão ao vivo organizada pelo Itaú (ITUB4) na noite da última quinta-feira (7), o copresidente do Conselho de Adminsitração do banco, Roberto Setubal, disse que a crise gerada pelo coronavírus (Covid-19) “veio como um meteoro na Terra”. Para ele, não é claro como o Brasil, e o mundo, sairá dessa situação.
Para o ex-presidente do Itaú, de forma distinta da crise do subprime, em 2008, o Brasil está em um estado mais frágil, com uma maior dívida pública e alavancagem elevada na economia.
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Segundo o executivo, o sistema financeiro brasileiro poderá sofrer consequências até nos próximos anos devido ao impacto da crise. Reflexo disso são as quatro maiores intituições financeiras, além do Itaú, Bradesco (BBDC4), Santander (SANB3) e Banco do Brasil (BBAS3), realizando maiores provisões sobre PDD, o que impactou seus lucros.
Setubal afirmou que o Banco Central (BC) deverá tomar medidas para assegurar a liquidez dos bancos neste período crítico. Entretanto, para ele, não faz sentido esses recursos serem liberados para todos os tipos de negócio. “Vamos ter empresas e atividades vencedoras, e outras vão declinar. Temos de aceitar esse ajuste da economia. Não dá pra salvar todo mundo”, disse.
O executivo diz que a economia brasileira no pós-crise será diferente da anterior, regida pelas mudanças nos hábitos e do avanço tecnológico.
Embora a autoridade monetária central já tenha permitido uma maior flexibilização do sistema financeiro, como a redução do depósito compulsório, Setubal salienta que serão necessárias outras mudanças, mesmo que por tempo limitado.
“O BC terá de reduzir os níveis de exigência para superarmos a crise. Questões regulatórias não podem ser limitadores para emprestar”, afirmou durante a ‘live’.
Para ele, a crise criará uma realidade de juros mais baixos no país. O executivo ressalta que isso tem um lado positivo, que é a redução do custo financeiro, mas a desvalorização cambial é o ponto negativo. “Precisamos ajustar a economia ao novo patamar de câmbio”, afirma.
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Na última quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,75%, para 3,0%. O novo corte trouxe à taxa a sua nova mínima da série histórica.
O conselheiro do Itaú, ainda, disse que certamente o período pós-coronavírus será mais difícil nos países democráticos, sobretudo devido ao aumento do desemprego, falência de empresas e insatisfação popular. O Brasil deverá ter de encontrar uma forma de equilíbrio fiscal e de crescimento, segundo ele.