EUA só devem cortar juros em setembro, diz Itaú BBA; analistas apontam impactos no dólar, Selic e no Ibovespa
Os cortes de juros nos Estados Unidos devem ficar para as reuniões de política monetária de julho ou setembro, prevê o Itaú BBA. Conforme analisa a casa, este adiamento deve ter impactos diretos no câmbio do dólar e nas negociações do Ibovespa no Brasil.
No relatório “Acorde-me quando setembro acabar” (“Wake me up when September ends”), os analistas CNPI do Itaú BBA, Daniel Gewehr, Matheus Marques, Victor Cunha explicam que já não existe mais um consenso de que as taxas serão cortadas na reunião de junho.
“Os preços de mercado sugerem que isso [os cortes de juros] aconteça nas reuniões de julho/setembro, ou dezembro, de acordo com o nosso atual, segundo a equipe macro, atrasando a realocação esperada para ações”, afirma o relatório do Itaú BBA, braço de investimentos do Itaú (ITUB4).
Análise do Itaú BBA sobre efeito EUA no Brasil: Dólar e Ibovespa
“O Brasil é um mercado com efeitos inversamente correlacionados às taxas de juros nos EUA“, afirmam os analistas.
Em outubro, os Treasuries, títulos do Tesouro norte-americanos, tiveram um pico. Em paralelo, indicadores de valor e qualidade na América Latina e especificamente no Brasil tiveram uma queda.
Após a atualização na semana passada das previsões de uma Selic mais alta e menor PIB até o final de 2024, o BBA defende que os investidores devem buscar um portfolio de investimentos com equilíbrio entre os dois indicadores.
Dólar: No contexto de uma taxa Selic mais pressionada, em paralelo com os juros no exterior, é esperado um câmbio do dólar mais alto, em R$ 5,20 até o final e 2025, que pode ser bom para empresas com hedge cambial e commodities, como setores de Papel e Celulose e Petróleo e Gás.
Ibovespa: Na avaliação do risco de uma taxa de inflação mais alta para as ações brasileiras, o Itaú comparou o desempenho do IBOV nos últimos 10 anos com spread de taxa de juros entre os EUA e o Brasil de 10 anos e as taxas de títulos de 1 ano.
“Devido ao seu vencimento mais curto, entendemos que as taxas de títulos de um ano acarretam menos riscos e estão mais ligados ao nível de curto prazo das expectativas do Banco Central”, apontam os analistas.
Por outro lado, a casa afirma que os títulos com vencimento em 10 anos também são afetadas pelas variáveis de longo prazo da dinâmica econômica do país, como o risco fiscal no Brasil.
Em comparação com outros mercados da América Latina, entretanto, o Brasil se destaca pela diferença de rendimento no comparativo histórico, com expectativas de lucros acima da média e acima de outros mercados emergentes, defendem os analistas do Itaú.