Itaú (ITUB4): analistas apontam qual foi o maior destaque no 2T23; ações caem
As ações do Itaú Unibanco (ITUB4) recuperaram as perdas registradas no início do pregão, mas voltaram a subir na tarde desta terça-feira (8), em um movimento de correção do papel e com analistas de mercado repercutindo o balanço do segundo trimestre da instituição, divulgado na véspera.
No fechamento, as ações preferenciais do Itaú caíram 0,22%, cotadas a R$ 27,60. O Bradesco (BBDC4) subiu 0,46%, cotado a R$ 15,41. No lado oposto, as ações do Santander (SANB11) caíram 1,26%, a R$ 27,49. O Banco do Brasil (BBAS3) caiu 0,70%, a R$ 46,99.
Cotação ITUB4
“Basicamente, no início do dia, tivemos um recuo e o papel chegou a cair mais um pouco mais de 2%, mas foi por causa de uma correção no mercado como um todo. Levando em consideração o balanço, ele foi dentro com o esperado, diferente dos outros pares privados Santander e Bradesco”, pontuou Gustavo Gomes, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero.
Segundo Gomes, o que mais chamou a atenção neste segundo trimestre do Itaú foi o Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) de 21%, que ficou bastante em linha com o esperado pelo mercado. “Ou seja, o banco está conseguindo entregar uma margem bem interessante em relação aos pares, e o guidance para a carteira de crédito do segundo semestre de 2023 também foi reiterado, com margens bem interessantes e toda a parte de linha de crédito tendo uma alta”, acrescentou.
Em relatório, os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, do BTG Pactual, também destacaram o forte desempenho do ROE no período. Apesar de um segundo trimestre considerado fraco para o crescimento do crédito no setor, o Itaú conseguiu expandir sua carteira de empréstimos.
No geral, segundo o banco de investimentos enxerga os resultados do Itaú como ‘neutros’ para a ação.
“Taxas menores no ano devem ser compensadas por impostos mais baixos, o que significa nenhuma mudança relevante em nossa estimativa de lucro líquido de R$ 35 bilhões. Embora a administração ainda não tenha anunciado nada, acreditamos que dividendos mais altos virão no segundo semestre”, acrescentaram.
O BTG Pactual tem recomendação de “compra” para as ações do Itaú, com preço-alvo a R$ 35,00.
Em relatório, o analista Rafael Reis, do BB Investimentos, disse que o resultado do Itaú no segundo trimestre foi marcado por dinâmicas similares às dos trimestres anteriores, com carteira de crédito ainda equilibrando expansão e rentabilidade diante de um ciclo de desaceleração, com inadimplência sob controle.
“Acreditamos que, dentro do setor bancário, o Itaú continua representando uma alocação em renda variável de risco mais reduzido, já que conta com uma entrega de qualidade, estando entre as maiores rentabilidades e eficiências do setor”, destacou Reis.
O analista enxerga, ainda, um gatilho positivo vindo do cenário de queda de juros que se desenha, com a queda no custo de captação, incremento de resultado de tesouraria, maior atividade em mercado de capitais, além de melhoria na inadimplência passando a se manifestar de forma mais sólida no radar.
O BB Investimentos tem recomendação de “compra” para as ações do Itaú, com preço-alvo a R$ 35,20, sendo uma das “top picks” para 2023.
Itaú tem resultado 13,9% maior no 2T23 e lucro de R$ 8,742 bilhões supera expectativas
O Itaú teve um resultado recorrente de R$ 8,742 bilhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), conforme balanço trimestral divulgado nesta segunda-feira (7). O consenso Refinitiv estimava um lucro líquido de R$ 8,652 bilhões. Assim, os números divulgados superaram as expectativas do mercado financeiro.
Esse resultado do Itaú mostra uma alta de 13,9% na comparação com o mesmo período de 2022. Além disso, a empresa registrou um retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio anualizado (ROE) de 20,9%.
No primeiro semestre deste ano, o banco teve resultado gerencial de R$ 17,177 bilhões, alta de 14,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
No último ano, os números do Itaú cresceram diante de uma inadimplência mais controlada que nos concorrentes privados Bradesco e Santander Brasil. O maior banco da América Latina tem clientes com renda média mais elevada, o que reduziu o impacto da alta dos juros sobre a qualidade dos ativos. Este efeito voltou a aparecer no balanço divulgado hoje.
Em seu comunicado, o relatório sobre o 2T23 do Itaú atribuiu esse resultado principalmente ao aumento da margem financeira com clientes, que tinha sido impulsionada pelo crescimento da carteira – que, por sua vez, está relacionado à gradativa mudança do mix de créditos com melhores spreads, assim como da receita de seguros.
O custo do crédito do Itaú somou R$ 9,4 bilhões no segundo trimestre de 2023, com crescimento de 25,3% em relação a igual etapa de 2022, em meio ao aumento da despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa nos negócios de atacado em território brasileiro.
A carteira de crédito total do Itaú teve alta de 6,2% no trimestre, chegando a R$ 1,151 trilhão em junho. Na carteira que inclui pessoas físicas, o crédito pessoal registrou aumento anual de 21,1%, e o crédito imobiliário subiu 17%.
O presidente do banco, Milton Maluhy, diz que o resultado reflete a consistência e a transformação do banco, e afirmou que o Itaú está otimista com o segundo semestre. “Iniciamos a segunda metade do ano otimistas com as perspectivas para o futuro, decorrentes da consolidação da agenda monetária e fiscal que deverá promover uma retomada mais robusta da atividade econômica no País”, afirma ele, em nota
“Estamos bastante ativos e lançando novas funcionalidades para atender melhor o cliente, mesmo com o cenário de elevação da taxa básica de juros”, diz o balanço do Itaú sobre o crédito imobiliário.
As receitas de serviços e seguros aumentaram 1,4% na comparação com o segundo trimestre de 2022. O Itaú destaca que essa alta foi impulsionada por três fatores:
- Crescimento do faturamento de cartões, tanto em emissão quanto em adquirência;
- Aumento das receitas de administração de consórcios;
- Avanço nos prêmios ganhos, que geraram um crescimento de 17,5% nos resultados de seguros no mesmo período.
Já as despesas não decorrentes de juros tiveram alta anual de 7,2%, chegando a R$ 14,3 bilhões. Segundo o documento de resultados do Itaú, esse aumento das despesas de pessoal se deu em razão dos efeitos da negociação do acordo coletivo de trabalho e por conta do crescimento da despesa com participação nos resultados.
“O aumento sequencial e gradativo da nossa rentabilidade, a estabilização dos índices de atraso e a melhoria contínua do nosso índice de eficiência foram os destaques do nosso segundo trimestre, consolidando a entrega de resultados bastante sólidos e consistentes para o Itaú Unibanco nesta primeira metade do ano”, disse o diretor financeiro, Alexsandro Broedel.
Itaú: retorno sobre o patrimônio líquido tem alta
A margem do banco com clientes, que contabiliza os ganhos gerados pelas operações de crédito, subiu 13,4% em um ano, para R$ 24,927 bilhões, número 5,3% superior ao do primeiro trimestre. Na tesouraria, ou margem com mercado, o resultado foi de R$ 1,070 bilhão, alta de 64,6% em um ano, e de 65,9% em um trimestre.
O Itaú encerrou o segundo trimestre do ano com R$ 2,585 trilhões em ativos totais, ainda de acordo com o balanço, alta de 12,7% em um ano, e de 1,5% em um trimestre. O banco é o maior da América Latina em ativos.
O patrimônio líquido da instituição era de R$ 169,199 bilhões em junho, número 12,3% maior que um ano antes, e 2,6% superior ao observado em dezembro de 2022. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do Itaú foi de 20,9%, alta 0,1 ponto porcentual em um ano, e de 0,2 ponto em um trimestre.
Enquanto isso, as despesas administrativas também aumentaram, enquanto o índice de eficiência somado em 12 meses é de 40,5%, com diminuição 1,9 ponto percentual na comparação com o mesmo período de 2022, o mais baixo da série histórica do Itaú.
Com Estadão Conteúdo