Foi anunciado nesta sexta-feira (8) que o Itaú (ITUB4) comprou fatia de 35% na Avenue, empresa conhecida por facilitar os investimentos de brasileiros no exterior.
Após a compra na Avenue, a XP Investimentos reiterou a recomendação de compra do banco, com o preço alvo das ações do Itaú em R$ 31. Na visão de Renan Manda e Matheus Guimarães, que assinaram o relatório da XP, a visão da aquisição é positiva.
Os analistas acreditam que isso vai permitir o Itaú a um crescimento de receita de tarifas, oferecendo também uma nova gama de serviços, “em especial para os clientes que pretendem internacionalizar parte de seu portfólio. Algo que antes estava restrito aos clientes private da instituição”, afirma o texto.
Além disso, a XP enxerga que a compra da fatia da Avenue está inteiramente alinhada à estratégia de aquisições e parceria do banco.
Conforme o anúncio, feito pela manhã desta sexta, a operação envolve um aporte de R$ 160 milhões e a aquisição secundária de ações, somando R$ 493 milhões. O banco vai comprar ainda mais 15,1% dos papéis depois de dois anos, chegando ao controle da companhia – 50,1% do capital total e votante.
Cinco anos depois do fechamento da primeira etapa, o Itaú Unibanco poderá exercer uma opção para comprar a participação remanescente.
Expansão digital e internacional com aquisição
Segundo fato relevante divulgado pelo banco, a compra da Avenue pelo Itaú está em linha com outras aquisições já anunciadas, como a compra da Ideal Corretora e o lançamento da plataforma Íon. Na visão da Guide Investimentos, a movimentação é positiva justamente pela expansão dos segmentos digitais da empresa, como o Iti e o Íon.
“O número relevante de clientes da Avenue, que alcança cerca de 230 mil, também oferece ao Itaú a oportunidade de realização de cross-selling com os produtos já existentes do banco para esses clientes”, afirma Rodrigo Crespi, analista da Guide.
A Avenue tem uma corretora digital nos Estados Unidos, que foi criada há quatro anos. A empresa conta com 229 mil clientes ativos, 492 mil contas habilitadas e R$ 6,4 bilhões sob custódia.
A equipe de Research da Ativa Investimentos também enxerga sob luz positiva a estratégia do banco. “Vemos como positivo o movimento estratégico do Itaú em buscar, cada vez mais, soluções digitais para os seus clientes e avançando na transformação digital do banco. Outras casas também fizeram esse movimento de ofertar soluções internacionais em suas plataformas”, aponta o relatório.
A Ativa afirma que o valor pago pelo Itaú implica em um valuation de R$ 1,4 bilhões. “Embora não seja muito significativo para o Itaú, o valuation nos parece esticado, com uma relação de mais de 20% Valuation/Custódia, versus 10,6% para XP, que tem um valor de mercado de R$ 53 bi (no fechamento de 7 de julho) e aproximadamente R$ 500 bilhões sob custódia”.
O BTG Pactual (BPAC11) diz, em relatório, que até certo ponto, a aquisição do Itaú na Avenue relembra o negócio com a XP (XPBR31), que ajudaram a levar a marca XP para o próximo nível e promover o crescimento. Mas no caso da corretora, o Itaú não obteve aprovação regulatória para comprar o controle total.
“Até embora a Avenue seja pequena em relação ao Itaú, acreditamos que vários outros instituições também se interessaram pela empresa, já que foi pioneira no fornecimento de investidores brasileiros acessam os mercados internacionais”, diz o relatório.
O BTG reitera a recomendação de compra do Itaú, com preço alvo de R$ 32.
Cotação do Itaú
A ação do Itaú opera em alta de 0,08%, a R$ 22,92, às 15h35. No ano, acumula ganhos de 6,88%.