A possibilidade de fim dos Juros Sobre Capital Próprio (JCP) deve afetar direta e intensamente o modo como bancos e instituições financeiras remuneram seus acionistas, especialmente os grandes pagadores de proventos como o Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander (SANB11) e outros players.
Em teleconferência sobre os resultados do Itaú no 3T23 nesta terça (7) o CEO do banco, Milton Maluhy Filho, destacou que a gestão espera uma visão regulatória mais clara em breve e que o Conselho de Administração deve discutir alternativas já neste mês de novembro.
O executivo destaca que há algumas alternativas no radar para contornar a questão do JCP. Dentre elas, o aumento dos dividendos do Itaú, uma recompra de ações, ou um mix entre as duas soluções.
“A nossa expectativa é de que tenhamos espaço para aumento no payout e da recompra de ações. Vamos discutir isso agora em novembro. Algo será feito, sem dúvida nenhuma. Iremos ir além do que tem sido, que é a otimização do JCP, que tem trazido nosso payout para algo próximo de 30%”, declarou Maluhy, durante a teleconferência.
E continua: “devemos incrementar o payout implícito via recompra, dividendos ou uma combinação dos dois. Daremos mais explicações no próximo call, após discussões que teremos no conselho”, completou.
O CEO do Itaú ainda destacou que a implementação regulatória deve afetar os bancos somente em meados de 2025, e que com a visão acerca da nova regulação, o Itaú deve realizar seu planejamento de capital.
“A parte boa é que nossa geração de capital melhorou, mas queremos até o fim desse mês calibrar a direção e ver alternativas. Atualmente estamos colhendo o benefício do juros sobre capital, com pagamento [payout] de 30%”.
No âmbito da recompra, ao ser indagado por um analista de sell-side sobre a dinâmica de bancos no Brasil e no mundo, Maluhy já adiantou que considera o preço atual das ações ITUB4 relativamente barato, tal como de outros bancos concorrentes.
“Apesar de não olharmos para o preço para sensibilizar decisões do management, de fato vemos os bancos muito baratos aqui e lá fora”, disse.
Segundo Maluhy, não é possível ‘adiantar nada’ no momento atual, mas a gestão deve atualizar o mercado muito em breve, tal como a divulgação do guidance para 2024 – que deve vir com a publicação do resultado trimestral do quarto trimestre.
Atualmente o banco revê os números projetados para o ano que vem, mas para esse ano os executivos reafirmaram o guidance.
“Estamos planejando 2024 e publicaremos o guidance no próximo trimestre e ainda estamos trabalhando e olhando o portfólio visado o longo prazo, visando uma resiliência grande no ciclo econômico. Não posso antecipar nada, ainda temos trabalho a ser feito e, até agora, avançamos mas não podemos divulgar nada muito concreto”
O CEO ainda destacou que, com os dados financeiros, quando se faz uma consolidação com hedge, alocação e índice de capital e assimetria tributária, faz com que a visão de rentabilidade para o acionista do Itaú seja menor.
“É algo positivo para o lucro, porém dilutive para o ROE”, observou Maluhy.
Resultado do Itaú no 3T23
Conforme balanço divulgado na véspera, o banco reportou lucro recorrente de R$ 9,04 bilhões no terceiro trimestre de 2023 (3T23), levemente acima dos R$ 8,9 bilhões estimados pelo consenso Bloomberg.
A cifra representa um aumento de 11,9% em comparação com o lucro do banco em igual etapa do ano anterior.
Além disso, o resultado do Itaú mostrou um retorno sobre patrimônio (ROE) estável em 21,1%, em comparação ao segundo trimestre (20,9%) e ao mesmo trimestre do ano anterior (21%).