O Itaú Unibanco (ITUB4) registrou um lucro líquido gerencial na ordem de R$ 7,668 bilhões no quarto trimestre. O valor representa uma alta de 7% na comparação com mesmo período do ano passado, porém um recuo de 5,1% em relação ao terceiro trimestre. No acumulado do ano, o Itaú lucrou R$ 30,78 bilhões — avanço de 14,5% em relação a 2021.
Conforme o balanço financeiro divulgado ao mercado nesta quarta-feira (7), o lucro líquido contábil do Itaú ficou em R$ 7,3 bilhões, uma alta 18% em relação ao 4T21. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a margem financeira foi de R$ 24,975 bilhões, alta de 17,8%.
O consenso Bloomberg – e a maioria dos analistas –, no entanto, estimava que o banco obtivesse um lucro acima de R$ 8 bilhões.
O mercado se perguntava qual seria o impacto da Americanas (AMER3) no balanço dos principais bancos. O resultado do Itaú no 4T22 foi afetado – nas provisões, pelo menos, sem abalo no lucro, segundo o banco.
Graças a margens mais altas, fruto de uma carteira de crédito mais rentável, o maior banco do País diz que conseguiu absorver o impacto de “um evento subsequente de um grande cliente corporativo sobre o custo de crédito”, como diz o documento sobre o balanço do Itaú, sem citar o nome da Americanas.
O nome desse cliente não foi informado, mas o movimento do Itaú é o mesmo já realizado pelo Santander (SANB11), indicando que se trata da Americanas.
Este efeito não levou a uma queda no lucro com o crescimento das margens do Itaú. A margem financeira gerencial foi de R$ 24,975 bilhões, alta de 17,8% em um ano, puxada pela margem com clientes, que reflete os ganhos com empréstimos. Esse indicador fechou o trimestre em R$ 24,227 bilhões, avanço de 21,7% em um ano, refletindo tanto o maior volume de crédito quanto a alta da Selic.
O patrimônio líquido do Itaú, por sua vez, foi de R$ 160,925 bilhões, alta de 11,3% em 12 meses. Com isso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) recorrente da instituição foi de 19,3%, uma queda de 0,9 ponto porcentual em um ano, e de 1,7 p.p. em três meses.
Carteira de crédito tem alta
Entre os ativos totais do Itaú, o documento da empresa contabiliza R$ 2,469 trilhões no quarto trimestre, uma alta de 1,39% em 12 meses. Já a carteira de crédito somou R$ 1,141 trilhão, aumento de 11,1% em relação ao 4T21.
Segundo o banco, a alta foi puxada pela carteira de títulos e pelas operações de crédito.
Já a margem com mercado, que reflete o resultado da tesouraria do Itaú, caiu 42,5% em um ano, mas subiu 44,9% em três meses, para R$ 748 milhões. Já o spread (diferença entre custo de captação e os juros cobrados dos clientes) foi de 8,7%.
Na comparação com o quatro trimestre de 2021, a alta foi de 1 ponto porcentual. Em relação ao 3T22, o avanço foi de 0,1 p.p.
Confira os números abaixo:
“Nosso balanço robusto demonstra capacidade do banco de absorção de riscos como os que enfrentamos no fechamento de 2022”, afirma Alexsandro Broedel, CFO do do Itaú Unibanco.
Números do Itaú em 2022: “Calibramos nossa exposição”
No acumulado do ano, o Itaú informou que obteve um resultado recorrente gerencial de R$ 30,78 bilhões, alta de 14,5% em relação a 2021. Já o retorno recorrente gerencial sobre o patrimônio líquido foi de 20,3%, avanço de 1 ponto percentual.
Já o índice de inadimplência fechou o ano 2,9%, um avanço de 0,4 ponto percentual frente a 2021.
O presidente do banco, Milton Maluhy, afirmou que o foco nos clientes e na gestão de riscos levou ao crescimento dos resultados do banco no ano passado. “Antecipamos o atual ciclo de crédito, diversificamos nossos portfólios e calibramos nossa exposição. Ao mesmo tempo, continuamos a consolidar nossa transformação cultural e digital, o que tem sido fundamental para os resultados conquistados pelo Itaú Unibanco nos últimos trimestres”, disse, em nota à imprensa.
Ainda de acordo com Maluhy, o banco manterá a capacidade de crescer de forma sustentável, e vai manter a satisfação dos clientes como ponto central de sua estratégia.
“Nosso balanço robusto demonstra capacidade do banco de absorção de riscos como os que enfrentamos no fechamento de 2022”, afirmou o CFO, Alexsandro Broedel. “Em 2023, seguiremos com disciplina de execução e foco na eficiência operacional, presentes em nosso guidance, para continuar entregando resultados consistentes e sustentáveis.”
O Itaú divulgou também seu guidance pra 2023. O banco prevê crescimento entre 6% e 9% da carteira de crédito total no ano que vem.
Segundo o banco, a margem financeira com clientes deve subir entre 13,5% e 16,5% em 2023.
Veja os números na tabela abaixo:
Despesas com provisões, mas sem citar a Americanas (AMER3)
A alta no lucro líquido do Itaú foi apoiado por uma carteira de crédito mais rentável. Assim, foi possível para o maior banco do País absorver o impacto de um “evento subsequente de um grande cliente corporativo sobre o custo de crédito”.
Isso porque o Itaú é um dos maiores credores da companhia, que pediu recuperação judicial em janeiro, com R$ 2,9 bilhões a receber da varejista. Em termos relativos, é um dos grandes bancos menos expostos à companhia, o que dilui o impacto do evento sobre o resultado
O Itaú diz que houve um esforço para cobrir 100% deste evento, com impacto negativo de R$ 719 milhões no lucro recorrente. Apenas com esse cliente não-identificado, o banco teve uma despesa de R$ 1,3 bilhão em provisões.
Ao todo, o custo de crédito do Itaú foi de R$ 9,805 bilhões, alta de 58,1% em relação ao mesmo período de 2021, de acordo com o balanço.
Com informações do Estadão Conteúdo