O Itaú BBA, banco de investimentos do Itaú (ITUB4), revisou suas projeções para o cenário global das commodities para incorporar os últimos impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia.
De acordo com o relatório do Itaú BBA divulgado nesta segunda-feira (14), a elevação nos preços das commodities devido ao conflito entre os países do leste europeu deve durar alguns anos, com impacto na inflação global, queda no PIB da Zona do Euro, dos Estados Unidos e da Rússia, mas com melhora nos números da China.
Aqui no Brasil, e na América Latina, a leitura dos analistas do BBA é de que os países estão temporariamente protegidos contra o aumento no preço das commodities. Isso porque, em sua maioria, as economias latinas são exportadoras de commodities e seus laços comerciais com a Rússia são mais restritos.
Apesar da revisão para baixo na estimativa para o crescimento global, o banco aumentou suas projeções de crescimento em 2022 para o Brasil (de -0,5% para +0,2%) e a Colômbia (de 4,0% para 4,5%). As projeções de crescimento para Argentina (2,5%), Chile (2,0%) e Peru (4,0%) foram mantidas.
Cotação do Petróleo
“Em meio a todas incertezas e riscos geopolíticos, atualizamos nossa projeção para o Brent este ano de US$ 90 para US$ 115”, diz o relatório do Itaú BBA.
Segundo o banco, não haverá alívio relevante no futuro, já que o balanço global de petróleo permanece apertado, impulsionado principalmente pela forte demanda, restrições de oferta por diversos motivos e tendências estruturais de descarbonização.
Comercialização dos grãos
Juntas, Rússia e Ucrânia respondem por quase 20% das exportações globais de milho e 28% de trigo. O BBA destaca ainda que os ataques da Rússia ocorrem em importantes áreas de cultivo na Ucrânia. Desde o início do conflito, em 24 de fevereiro, os preços do trigo e milho subiram 70% e 17%, respectivamente. Os preços da soja também já valorizaram 10%.
“A expectativa é de perdas na safra de trigo do próximo inverno, e também há preocupações com a próxima safra de milho, que deve começar a ser plantada em alguns meses”. Com isso, a revisão média de preços do BBA foi de 15%, cada commodity ficou assim:
- Trigo: de US$ 7,0/bushel para US$ 12,0/bushel,
- Milho: de US$ 6,7/bushel para US$ 7,65/bushel, e
- Soja: de US$ 16,0/bushel para US$ 16,5/bushel.
Preço dos metais
Segundo o BBA, os preços dos metais também subiram em função dos riscos de interrupção no fornecimento. “A guerra na Ucrânia exacerbou a pressão sobre um mercado já apertado para os metais não preciosos”.
A Rússia é uma importante exportadora de paládio (44% da oferta global), que é o insumo para a produção de semicondutores, níquel (6%) e alumínio (6%). Os preços dessas commodities atingiram novas máximas diante de possíveis sanções ou interrupção de fornecimento/logística devido ao conflito. O paládio subiu 33%, o níquel 104% e o alumínio 15%.
“A Rússia é menos relevante nos mercados de minério de ferro e cobre, mas o equilíbrio apertado nesses mercados também justifica preços mais altos por mais tempo”, diz o relatório. Com isso, as revisões do BBA, os valores ficaram assim:
- minério de ferro: chega em US$ 140/tonelada no final do ano (antes: US$ 115).
- cobre: a estimativa foi revisada de US$ 9.400/tonelada para US$ 9.700/tonelada.
Inflação global e PIB dos países pelo Itaú BBA
De acordo com a análise do Itaú BBA, um aumento de 28% nos preços do petróleo/energia adiciona 0,34 p.p. à inflação global, enquanto a alta dos grãos/alimentos acrescenta 0,60 p.p..
Com isso, a projeção do crescimento global do PIB caiu de 3,6% para 3,0%. Para os países, as estimativas são:
- EUA: caiu de 3,5% para 3,2%
- Zona do Euro: de 4,0% para 3,0%
- Rússia: economia deve encolher 10%
- China: previsão aumentou de 5,0% para 5,3%
“O banco central dos EUA (Federal Reserve) subirá os juros em 2,00 p.p. este ano (com uma alta de 0,50 p.p. em maio ou junho) diante da inflação elevada e persistente e de um novo choque inflacionário. (…) O Banco Central Europeu (BCE) também deve normalizar a política monetária, porém em ritmo mais lento”, diz relatório do Itaú BBA.