Israel: em meio a protestos, Parlamento ratifica coalização e tira Netanyahu do poder
O Parlamento de Israel confirmou a “coalização de mudança”, formada por rivais ideológicos, e elegeu um novo premiê após 12 anos. Benjamin Netanyahu dará lugar ao ultradireitista Naftali Bennett, de 49 anos.
O centrista Yair Lapid, líder da oposição, e Bennett, se reuniram com o Knesset, como é chamado o Parlamento de Israel, para apresentar a nova equipe governamental. Depois, os parlamentares aprovaram os nomes em votação — 60 a favor, 59 contra, com uma abstenção.
O evento marca uma relevante mudança de rumos na política israelense, dando lugar a uma coalização heterogênea, formada para tirar Netanyahu do poder após mais de duas décadas. O acordo conta com dois partidos de esquerda, dois de centro, três de direita e um árabe — integrando pela primeira vez o governo do país.
A coalização não teve a participação do partido de Netanyahu, o conservador Likud, dando clareza à política israelense após um período de crise que levou a quatro eleições em cerca de dois anos.
Aos 71 anos, Netanyahu está sendo julgado por suspeita de corrupção. Manifestações exigindo sua renúncia ocorrem há meses, sendo o último às vésperas da decisão parlamentar, no último sábado (12).
“A única coisa que Netanyahu queria era nos dividir, uma parte da sociedade contra a outra, mas amanhã estaremos unidos, direita, esquerda, judeus, árabes”, disse Ofir Robinsky, um representante dos protestos.
Nova dinâmica em Israel
Filho de imigrantes estadunidenses, Naftali Bennett entrou na política israelense em 2006, no mesmo partido de Netanyahu. Dois anos depois, trocou de partido e foi para o Lar Judeu, onde permaneceu por quatro anos. Em 2012, foi eleito líder da legenda, rebatizada de Yamina há três anos.
Ele apoiava Bibi, como é chamado Netanyahu, até recentemente, mas mudou de posição após a possibilidade de mudança no poder do país.
Ele diz que suas razões para mudar de posição dizem respeito à necessidade de trocar o primeiro-ministro de Israel após tantas eleições frustradas. Netanyahu diz que Bennett representa a “maior fraude da história de Israel”.
A nova coalização e, consequentemente, o governo, será liderada por Bennett pelos primeiros dois anos. Lapid tomará a frente por um período equivalente em seguida.
“O governo trabalhará para toda a população, religiosa, laica, ultraortodoxa, árabe, sem exceção”, prometeu Bennett. Lapid, por sua vez, disse que “população merece um governo responsável e eficaz que coloque o bem do país em primeiro lugar em suas prioridades”. Neste primeiro momento, ele deve se tonar o ministro das Relações Exteriores.
O partido de Netanyahu concordou em realizar uma “transição pacífica de poder”. O Likud se viu prejudicado pela crise em Israel nos dois últimos anos, a qual impediu o partido de formar um governo, levando a uma união nacional que durou poucos meses.