Guerra Israel e Hamas, dia 10: extremistas falam em soltar reféns estrangeiros; Irã alerta para entrada de aliados do país no conflito

A guerra entre Israel e Hamas entra no décimo dia, com o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, negando que haja uma trégua e ajuda humanitária em Gaza em troca da retirada de estrangeiros.

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Um pouco antes, a agência Reuters havia informado que Egito, Israel e Estados Unidos tinham chegado a um acordo por cessar-fogo e reabertura da fronteira em Rafah, no sul de Gaza. A informação também foi negada pelo chefe do gabinete de comunicação do Hamas, Salama Marouf.

O acordo permitiria a saída de cidadãos estrangeiros da Faixa de Gaza e a chegada de ajuda humanitária ao território palestino.

Também nesta segunda, o Hamas anunciou que iria soltar reféns estrangeiros entre os mais de 200 sequestrados pelos extremistas.

Já o Ministro de Relações Exteriores do Irã Hossein Amir Abdollahian disse que, se Israel mantiver os ataques na Faixa de Gaza, terá de enfrentar mais conflitos – ao norte, com a grupos como o Hezbollah, do Líbano.

Abdollahian afirmou ainda que a entrada do Irã na guerra também é possível – também em referência à contraofensiva de Israel no território palestino.

No domingo, Shtula, um dos vilarejos do norte de Israel, foi alvo de um ataque de mísseis do Hezbollah. Após o episódio, as forças de defesa israelenses afirmaram que o país ativou um plano para retirar moradores de 28 vilarejos próximos à fronteira com o Líbano, ao norte.

As pessoas que deixarão suas casas ficarão em pensões pagas pelo governo israelense.

Conforme informações do Ministério da Saúde de Gaza, ao menos 2.750 palestinos morreram e 9.700 ficaram feridos em ataques israelenses em Gaza desde o dia 7 de outubro, início dos ataques. Em Israel, 1,4 mil pessoas já morreram no conflito.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se reúne nesta segunda-feira (16) em Nova York e discute a adoção de medidas contra a escalada do conflito no Oriente Médio. O encontro foi suspenso, com declaração dos representantes dos Emirados Árabes. Quando a reunião recomeçou, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou a resolução da Rússia sobre conflito em Israel. O documento russo evitou citar o nome do Hamas e pediu um cessar-fogo imediato – e por isso acabou reprovado.

Os EUA pediram que os civis na Faixa de Gaza tenham aceso à agua, energia e ajuda humanitária — os embaixadores americanos também assinalaram que o conflito não deve se espalhar pelo Oriente Médio.

Nesta terça (17), o Conselho deve votar o texto proposto pelo Brasil – que relaciona o Hamas aos ataques terroristas de sábado (7) que mataram e sequestraram civis em uma invasão a Israel. A proposta do Brasil, segundo especialistas, incorpora interesses dos EUA e Rússia. Para a resolução ser aprovada, é preciso ter ao menos nove votos de um total de 15 países do Conselho. O documento não pode ser rejeitado por nenhum dos cinco membros permanentes – Estados Unidos, Reino Unido, China, França e Rússia.

Lula conversa com presidente do Conselho Europeu sobre crise em Gaza

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta segunda-feira (16) com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, sobre o conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas, no Oriente Médio. Em nota, o Palácio do Planalto informou que Lula levou sua preocupação com a população civil da região, incluindo brasileiros e estrangeiros de outros países que estão tentando sair da Faixa de Gaza, região cercada pelas forças armadas israelenses.

“O presidente brasileiro e o do Conselho Europeu concordaram sobre a importância de um corredor humanitário para a entrada de remédios e alimentos para os civis de Gaza e para a libertação dos reféns [mantidos pelo grupo Hamas]”, diz a nota.

Ainda de acordo com a manifestação do Planalto, Lula e Charles Michel reiteraram a condenação aos atos terroristas cometidos pelo Hamas e concordaram sobre a importância de fortalecer a Autoridade Palestina como legítima representante do povo palestino.

“O presidente Lula pediu que essas posições sejam reafirmadas por ocasião da reunião extraordinária do Conselho Europeu, composto por chefes de Estado e de Governo dos 27 países da União Europeia, que ocorrerá amanhã, em Bruxelas”, completa a nota.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), presidido atualmente pelo Brasil, no mês de outubro, tenta negociar uma resolução que permita a instalação de um corredor humanitário e a adoção de um eventual cessar-fogo entre as forças em conflito.

Governo envia voo para resgate de brasileiros e entrega de insumos

A aeronave KC-30 (Airbus A330 200), da Força Aérea Brasileira (FAB), partiu na tarde desta segunda-feira (16) da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, rumo a Tel Aviv, em Israel, para repatriar brasileiros que estão na região do conflito.

O destino inicial é Roma, na Itália, de onde deve aguardar autorização para pousar em Tel Aviv e resgatar mais brasileiros. A bordo da aeronave estão dois médicos, duas psicólogas e duas enfermeiras que atuarão no transporte dos repatriados em segurança das áreas de conflitos em Israel.

O retorno da aeronave ao Brasil está previsto para quinta-feira (19), às 2h30, no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ).

Este é o sétimo voo enviado pelo governo brasileiro para o Oriente Médio. No total, 916 passageiros e 24 pets já retornaram de Israel para o Brasil. Uma outra aeronave VC-2 (Embraer 190) está em Roma e aguarda autorização para ir ao Egito resgatar os brasileiros que estão na Faixa de Gaza.

Assistência
O voo enviado hoje transporta 35 purificadores de água e dois kits de medicamentos e insumos de saúde, suficientes para atender até 3 mil pessoas ao longo de um mês.

Os itens serão descarregados em Roma, onde se somarão a outros cinco purificadores já enviados. Em conjunto, os 40 purificadores têm capacidade de tratar mais de 220 mil litros de água por dia.

Conforme informações do Ministério da Saúde (MS), cada kit de assistência humanitária é composto por remédios como anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, além de luvas e seringas. Ao todo, são 48 itens em cada kit, somando 267 quilos de materiais. Eles são preparados para atender populações em situação de emergência em saúde pública.

A palestina Huda Al-Assar morou por muitos anos no Brasil e hoje vive na Faixa de Gaza com a família, formada por quatro filhos e os netos. Em entrevista à Agência Brasil nesta segunda-feira (16), ela afirmou que a família segue bem, mas que as condições pioraram muito nos últimos dias devido à falta de água, de eletricidade e aos bombardeios.

Desde o início da semana passada, Israel bombardeia a região em resposta ao ataque que sofreu no último dia 7. Na ocasião, o grupo islâmico Hamas, que controla Gaza, entrou em território israelense, invadiu uma festa eletrônica e matou centenas de civis a tiros.

Apesar do cenário de destruição, Huda diz que vai ficar ao lado seu povo. “Não pretendo sair de minha casa”.

Irã diz que Hamas está pronto para libertar reféns

Nesta segunda-feira (16), o Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, disse que o Hamas está pronto para libertar os quase 200 reféns se Israel parar com campanha de ataques aéreos na Faixa de Gaza. O grupo islâmico, porém, não reconheceu ter feito tal oferta.

Kannani também sinalizou que poderá entrar totalmente no conflito no Oriente Médio se Israel lançar uma ofensiva terrestre em Gaza nos próximos dias.

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Moradora de Gaza diz que condições pioraram nos últimos dias

Huda é professora de matemática formada no Brasil, para onde foi na condição de refugiada após o início da Guerra do Golfo, em 2001, quando vivia nos Emirados Árabes Unidos. Ele viveu por quase 15 anos no Brasil, até que voltou para a Palestina, em 2006, após 21 anos sem pisar na sua terra natal.

Ela relatou que muitas casas e edifícios foram destruídos, o que tem lotado as residências ainda não atingidas.

“As casas e os edifícios não mantêm só os moradores deles, não. Meu edifício tem três andares e três famílias, nenhum passava de 20 pessoas cada. Hoje, meu edifício agora tem mais de 60 ou 70 pessoas [por residência] porque cada um que perde a casa a gente tem que mandá-lo vir. Então, hoje a situação está muito difícil e a destruição é enorme”, relatou.

A professora palestina contou ainda que a cada edifício derrubado morrem muitas pessoas e as demais ou vão para os hospitais ou ficam presos embaixo dos escombros. “Infelizmente, a gente não tem nem material para tirar pedras. Então, as pessoas ficam dois ou três dias embaixo das pedras e morrem sozinhas”, explicou.

Ela contou que, até o momento, as bombas apenas destruíram os vidros das janelas onde mora. “Se a gente vai continuar dentro da casa ou vão mandar a gente sair, eu não sei. Se a gente vai ser bombardeado dentro de nossas casas, eu também não sei. A gente nem imagina o que pode acontecer daqui a pouco. Essa é a situação de todo mundo na Faixa de Gaza”, explicou.

A brasileira filha de palestinos Ruayda Rabah, de 56 anos, que vive na Cisjordânia, também na Palestina, têm mantido contato com Huda pelo menos desde 2014, época de outro ataque de Israel contra Gaza.

Ruyada nasceu no Brasil após seus pais deixarem a Palestina devido aos conflitos com os israelenses. Em 1999, já formada e grávida do primeiro filho, decidiu retornar à Cisjordânia, onde vive até hoje com o marido e o filho. Ela lamenta não poder fazer muito pela amiga quando ocorre um ataque em Gaza.

“Sempre quando acontece alguma coisa lá ela me liga pedindo ajuda e socorro. Mas, infelizmente, o que a gente pode fazer é denunciar e pedir para que alguém no Brasil denuncie”, afirmou.

Brasileiros aguardam abertura de fronteira com o Egito

O grupo de 16 brasileiros que estão em Gaza seguem no aguardo da reabertura da fronteira de Rafah, no sul de Gaza, com o Egito.

Por volta de 5h30 desta segunda-feira, pelo horário de Brasília, a passagem estava fechada, segundo o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas.

O governo brasileiro planeja buscar as pessoas de avião no território egípcio, e já cedeu uma aeronave da Presidência da República para a operação. O avião está em Roma, na Itália, onde aguarda autorização para prosseguir viagem.

O grupo estava em uma escola católica em Gaza, que estava sendo utilizada como abrigo, mas com o agravamento do conflito entre Israel e Hamas, o local deixou de ser seguro.

Além do grupo, outros 12 brasileiros estão em um prédio na cidade de Khan Youndes, mais distante da fronteira com o Egito e devem ser deslocados, assim que forem autorizados, em direção a Rafah.

Com Agência Brasil

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Giovanni Porfírio Jacomino

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