Os olhos do mundo no momento estão direcionados para a Guerra em Israel com o Hamas. Após um ataque do grupo extremista que surpreendeu o exército israelense, o conflito já soma cerca de 1,8 mil mortos das duas nações. O Suno Notícias falou com especialista de economia, mercado financeiro e relações internacionais para entender como o evento pode abalar os setores econômicos e o bolso do investidor.
Guerra em Israel deverá impactar o preço do barril de petróleo e ações da Petrobras (PETR4)?
De acordo com os especialistas ouvidos pelo Suno Notícias, a principal preocupação do mercado neste momento é com o preço do barril de petróleo. Na segunda-feira (9), a cotação do Brent chegou a ter uma alta de 4%, refletindo o estresse econômico provocado pelos conflitos na região próxima de nações exportadoras da commodity. Hoje a commodity devolveu os ganhos e fechou em baixa.
“A boa notícia é que os dois países envolvidos não são grandes exportadores de petróleo. Se começarmos a ver o envolvimento de outros países, como a Arábia Saudita, Irã e outros, aí o preço poderá tornar a subir,” explicou o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.
O diretor de research e sócio da Quantzed, Leandor Petrokas ainda ressalta que a cotação da commodity é diretamente afetada pelo conflito da região. “Logo na abertura da segunda-feira (9), as ações do setor abriram subindo com a forte alta do preço do petróleo lá fora.”
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras (PETR4), também falou sobre o impacto que a guerra em Israel poderia ter sobre o preço dos combustíveis e nas ações da companhia. Segundo ele, será possível ver um aumento na volatilidade e a decisão sobre um possível reajuste nos preços dos combustíveis no Brasil, caso haja uma elevação nos derivados em decorrência do cenário internacional, depende do comportamento de cada um, entre eles, a gasolina e, principalmente, o diesel.
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Custo de logística pode aumentar com conflito em Israel
Como salientou o economista da Suno, os efeitos no curto prazo deverão ser limitados. “Entretanto, caso o conflito comece a tomar um formato mais de guerra e se espalhar pelo Oriente Médio, aí poderemos ver maiores incertezas e consequências negativas sobre os mercados, ponderou Sung.
Nesse aspecto, o doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Oxford e professor na FGV, Vinícius Vieira, comentou que um dos temores associados à guerra de Israel no momento é a localização em que ocorre, “próxima a rotas de transporte, aumentando custos logísticos.”
Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos, também destaca que no setor de logística a região tem um potencial agravante: “O estreito de Ormuz, por onde passa um quinto do petróleo global.” Mais precisamente, cerca de 30% do petróleo do mundo é levado pelo ponto geográfico na costa do Irã, além de 20% do transporte mundial, sendo considerada uma das principais rotas de comércio mundiais.
Petrokas, da Quantzed, ainda destaca que as complicações nas vias marítimas podem ser uma oportunidade para pensar em outras formas de transporte das mercadorias. “Embraer (EMBR3) é um papel que pode subir, pois, se a guerra em Israel escalar, pode surgir uma necessidade de jatos e caças”, especula.
Mais commodities que podem inflar com a Guerra em Israel
Além do petróleo, outras commodities também podem vir a ser afetadas com o acirramento da guerra em Israel, segundo os especialistas. Por questões de logística e oferta e demanda, alguns produtos podem ter os preços inflacionados.
Petrokas cita como exemplo os setores de frigoríficos e agronegócio. “Em um primeiro momento, não devem sofrer impacto, somente se a extensão do conflito for para outros países. Já os grãos, por exemplo, não teriam impacto significativo, porque a região não tem relevância nesse setor,” tranquiliza o diretor de research.
O diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP, André Meirelles, também ressalta que a preocupação no momento é mais especulativa sob as commodities com a possibilidade de escala do conflito. Meirelles também ressalta que é “importante avaliar se haverá paralisação das atividades produtivas em Israel, dado que o país é exportador de produtos utilizados em fertilizantes”.
O mercado deverá continuar a semana atento aos ataques de Israel e do Hamas. Contudo, até o momento a posição generalizada é de que os investimentos deverão ser abalados apenas caso aconteça uma intensificação do conflito.
“Cabe ao investidor identificar o que é ruído ou fator de curto prazo e o que pode ser uma mudança estrutural. Não recomendo que investidores mudem suas carteiras pensando na Guerra em Israel e nem tentando prever os movimentos do mercado. Como diz Peter Lynch: Mais dinheiro foi perdido tentando prever os movimentos do mercado do que no próprio movimento”, sintetiza João Daronco, analista CNPI da Suno Research.