A Guide Investimentos divulgou um relatório listando 20 fundos imobiliários que podem ser impactados com a deflação registrada no mês de julho, detalhando qual é a correlação entre o Dividend Yield destes fundos e o IPCA.
A lista da Guide tem como base o anúncio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na última terça-feira (10), que apurou queda de 0,68% em julho.
O relatório conta com a análise de Fernando Siqueira e Caio Ventura, que são analistas da Guide Investimentos. Segundo os especialistas, a baixa no índice de inflação em julho pode reduzir a taxa de retorno com dividendos dos FIIs de papel.
Os fundos imobiliários de papel são aqueles que têm seus investimentos voltados a títulos de renda fixa. Os FIIs que estão atrelados ao certificado de depósito interbancário (CDI) e outros índices de preços são os mais sensíveis a variação do IPCA, conforme explicou o analista Caio Ventura.
O relatório aponta que a correlação do dividend yield de alguns fundos imobiliários e o IPCA pode ser de até 90%, como o Kinea Índice de Preços (KNIP11) e o Kinea High Yield CRI (KNHY11), por exemplo. A lista também conta com os FIIs RECR11, HCTR11, CPTS11 e IRDM11.
Os FIIs com seu DY mais correlacionado ao IPCA são “os fundos com maior chance de terem seus proventos reduzidos em nossa visão”, dizem os analistas no relatório.
No entanto, Fernando Siqueira explica que “isto não quer dizer que os dividendos serão zero ou negativos”. Ele ainda considera que “é possível ver que alguns fundos irão sofrer mais do que outros”.
Veja a correlação do DY dos fundos e o IPCA
Veja a lista a seguir, elaborada pela Guide, detalhando a correlação entre o DY de 12 meses de fundos imobiliários e o IPCA.
- Kinea Índice de Preços (KNIP11) – 90%
- Kinea High Yield CRI (KNHY11) – 90%
- Habitat II (HABT11) – 87%
- Plural Recebíveis Imobiliários (PLCR11) – 72%
- REC Recebíveis Imobiliários (RECR11) – 61%
- Barigui Rendimento Imobiliários I (BARI11) – 61%
- Hectare CE (HCTR11) – 60%
- Capitania Securities II (CPTS11) – 59%
- Banestes Recebíveis Imobiliários (BCRI11) – 57%
- Iridium Recebíveis Imobiliários (IRDM11) – 56%
- Fator Verita (VRTA11) – 52%
- Riza Arctium Real Estate (ARCT11) – 52%
- Vectis Juros Real (VCJR11) – 51%
Fonte: Guide Investimentos
O que esperar dos dividendos dos FIIs de papel para os próximos meses?
O relatório destaca que os dividendos dos fundos imobiliários de CRIs se mantiveram em um nível muito superior ao que foi visto em outros segmentos do IFIX durante quase todo o período de pandemia. No entanto, com a perspectiva de queda da inflação nos meses seguintes, é possível que o dividendo dos FIIs do grupo tenham uma queda.
Segundo os analistas, os fundos de CRIs, sobretudo os que estão mais expostos à inflação, acabaram sendo os mais buscados pelos investidores na pandemia.
Isso aconteceu em meio à possibilidade desses fundos imobiliários de “surfarem” no aumento do IPCA, por meio do pagamento de dividendos mais robustos. Esses rendimentos se mostravam mais elevados quando comparados com os FIIs de tijolo, por exemplo.
A Guide destaca que o consenso de mercado mostra uma perspectiva de queda na inflação nos próximos meses, principalmente após a deflação registrada em julho.
Por conta disso, os analistas da corretora acreditam que nos meses seguintes deve ocorrer um ajuste negativo no dividend yield dos fundos imobiliários que tenham uma concentração mais relevante em indexadores de inflação. Sendo assim, além da possibilidade de queda no pagamento de dividendos, esses FIIs podem ter uma maior volatilidade em suas cotações.