A IRB Brasil (IRBR3) foi questionada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre conversas privadas realizadas com investidores na semana passada. Esses contatos teriam sido realizados após a divulgação da carta da gestora Squadra, que acusava a resseguradora de irregularidades contábeis.
A CVM pediu para a IRB de “explicar as razões pelas quais os materiais relativos a essas apresentações não foram divulgados ao mercado”. A resseguradora respondeu que esses contatos teriam sido esclarecimentos a agentes de mercado que procuraram a empresa em busca de esclarecimentos após a publicação da primeira carta da Squadra, na noite do domingo dia 2 de fevereiro.
“Reativamente, a companhia prestou esclarecimentos a tais investidores e agentes de mercado via conferências telefônicas, tendo tratado tão somente de dados e fatos já públicos”, alegou a IRB.
Além disso, a IRB informou que, diante da divulgação da nova carta da Squadra, no dia 9 de fevereiro, teria realizado uma conferência telefônica aberta ao público, agendada previamente via comunicado ao mercado.
“Do mesmo modo que as interações anteriores, na mencionada conferência, somente foram prestados esclarecimentos sobre informações já publicadas pela companhia, sem o uso de qualquer apresentação”, salientou a IRB.
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Segundo a Squadra, nessas conversas privadas a IRB teria divulgado informações e apresentações para confrontar a análise divulgada nas cartas do começo de fevereiro. Segundo a gestora carioca, essa seria uma modalidade incorreta de divulgação de informações, além de conter “muitos erros”.
Acusação da Squadra
Segundo as cartas divulgadas pela Squadra, a geração de caixa da IRB vem diminuindo ao longo dos últimos anos. Por isso, segundo a gestora, os resultados apresentados desde que ela estreou na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), em 2017, só poderiam ser explicados por itens não recorrentes no balanço da resseguradora.
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Por isso, usando dados públicos, a gestora indicou que a IRB teria tido um prejuízo antes do Imposto de Renda no acumulado de três trimestres de 2019, enquanto a resseguradora divulgou um lucro de R$ 1,4 bilhão.
Nas duas cartas, uma de 154 páginas e outra de 50 páginas, a Squadra também informou que está short (vendida) em ações da IRB.
“Em nossa opinião, existem indícios que apontam para lucro normalizados (recorrentes) significativamente inferiores aos lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras da Companhia”, informou a Squadra, “essa disparidade entre lucro contábil e lucro normalizado foi crescente durante o período e atingiu sua maior diferença nos resultados trimestrais mais recentes. Não estamos afirmando que há razões legais ou regulatórias que exijam a divulgação de tais lucros de modo diferente ao realizado pelo IRB”.
A divulgação dos dois documentos provocou uma forte queda na cotação das ações da resseguradora nas últimas semanas.
IRB apresenta acusação contra Squadra
A própria IRB apresentou na última segunda-feira (10) uma acusação contra a Squadra na CVM. Segundo a resseguradora, a gestora teria manipulado preços e seria responsável por insider trading.
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Em sua denúncia, a IRB indicou que a Squadra teria utilizado essa carta para influenciar os preços das ações no mercado. A gestora estaria apostando na queda através de um fundo com posições vendidas desde 2018.
Entretanto, pouco antes da divulgação do documento, a Squadra aumentou essa posição de um terço. E isso, segundo o documento apresentado à CVM, seria uma negociação atípica de ações que configuraria “insider trading”.
Além disso, segundo a IRB, a Squadra não poderia publicar análises de investimentos, pois seria uma gestora recursos e não uma casa de análise.