Ao classificar os resultados do 2T22 como negativos, identificando problemas de liquidez da companhia, os analistas do BB Investimentos recomendam venda para as ações do IRB Brasil (IRBR3). O preço-alvo para os papéis é de R$ 2,10, ante uma cotação atual de R$ 2,15.
O resultado do IRB foi divulgado ainda nesta semana, com e prejuízo líquido de R$ 373 milhões no segundo trimestre de 2022 (2T22).
“O IRB entregou um resultado que consideramos negativo, com prejuízo líquido de R$ 373,3 milhões, 80% maior do que as perdas de R$ 206,9 milhões no 2T21, impactado principalmente por um menor recebimento de prêmios e por um maior pagamento de sinistros”, dizem os analistas sobre o balanço.
A casa destaca que as operações no Brasil tiveram impacto, nos prêmios, da renovação de contas facultativas e reposicionamento de participação no ramo patrimonial, além de reduções de linhas, saída de alguns programas deficitários e revisão de condições comerciais no ramo rural.
Além disso, o BB-BI destaca o imbróglio com os problemas de liquidez da empresa, que cogita um follow-on com ações a R$ 1.
“Durante o 1S22, esses índices [de liquidez] sofreram forte deterioração. Em 30 de junho de 2022 o PLA – Patrimônio Líquido Ajustado – correspondia a 64% do CMR – Capital Mínimo Requerido – e a insuficiência no enquadramento da cobertura de provisões técnicas e liquidez regulatória era de R$ 729,7 milhões. Essa piora foi explicada pelo ‘efeito cauda’ proveniente de políticas implementadas pela antiga administração somado aos impactos da pandemia da Covid-19 e dos recentes eventos climáticos atípicos”, diz o relatório do banco.
Segundo os especialistas, o plano de saneamento de negócios e o resgate da liquidez regulatória implantado pela companhia ainda em 2020 trouxeram alento e o benefício da dúvida.
“Passados mais de 2 anos, e sucessivos prejuízos, na nossa visão ainda existe pouca visibilidade quanto à sustentabilidade da própria operação do IRB, com larga pressão da sinistralidade sobre o resultado”, dizem os analistas.
“Salientamos que nosso valuation encontra seu valor a partir da projeção de melhoria na sinistralidade – de 83% em 2022 normalizando a 73% até 2028 -, o que julgamos essencial para a saúde operacional e consequentemente liquidez da companhia, mas reconhecemos que tal
assunção encontra cada vez menos base em evidências”, concluem.
IRB aumenta prejuízo em 80%
No seu resultado financeiro, divulgado ao fim desta segunda-feira (15) após o fechamento do pregão, em documento na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia mostra um prejuízo líquido de R$ 373 milhões – piora de 80% em relação aos R$ 206 milhões de prejuízos anotados no 2T21.
O Prêmio Emitido no trimestre foi de R$ 1,68 bilhão, queda de 22% ante os R$ 2,16 bilhões na mesma etapa de 2021. Já o Sinistro retido foi negativo em R$ 1,663 bilhão, estável ante os R$ 1,65 bilhão vistos em 2021.
As despesas administrativas caíram 25%, saindo de R$ 106 milhões para R$ 76 milhões no 2T22.
Segundo a administração, o prejuízo líquido do IRB no 2T22 foi negativamente impactado pelos efeitos climáticos que afetaram os contratos de Riscos Rurais.
No acumulado semestral, o prejuízo totalizou R$292,8 milhões, comparado a um prejuízo de R$156,1 milhões no primeiro semestre de 2021.
“O primeiro semestre de 2022 apresentou-se bastante desafiador para o mercado segurador e ressegurador. O efeito das questões climáticas no agronegócio causou quebras de safra importantes, que resultaram em sinistros vultosos para os produtores rurais e, consequentemente, para as seguradoras e resseguradoras. Esse efeito relevante, somado ao impacto da pandemia nos seguros de vida, elevou a sinistralidade a níveis não esperados pela companhia”, consta no balanço.
Além disso, o Índice de Sinistralidade Total da empresa saiu de 95,7% para 124,2%, alta de mais de 28 pontos percentuais (p.p.).
Da mesma forma, o Índice Combinado Ampliado saiu de 122,4% para 143,2%, uma alta de 20,9 p.p..
No 2T22 o caixa consumido pelas operações totalizou R$475,6 milhões, comparado a uma geração de caixa de R$352,0 milhões no 2T21.
Sobre os prêmios emitidos, o IRB aponta que foram R$ 1,154 bilhão no 2T22, com decréscimo de 7,0% em relação ao mesmo
período de 2021, o que empresa aponta como “razão dos seguintes fatores”:
- Rural: reduções de linha e saída de alguns programas deficitários, além de revisão de condições comerciais;
- Vida: nenhum destaque relevante no período. Emissão de prêmio no acumulado dos últimos 6 meses continua
apresentando crescimento de 9,7% em relação a 2021; - Riscos Especiais: incremento no volume de prêmios devido a novos projetos de construção no segmento;
- Aviação: cancelamento de alguns contratos e estratégia de redução de exposição no ramo, que ainda segue
desafiador; - Outros: renovação com ajuste de taxa e correção de inflação das principais contas no segmento de riscos de
transportes e cascos marítimos no período
Em termos de cenário setorial, a companhia aponta que o setor segurador cresceu 19,6%, o que corresponde a R$13,1 bilhões a mais em faturamento em comparação ao mesmo período de 2021, alcançando R$80,0 bilhões.
Companhia confirma estudar aumento de capital
Após fontes internas citarem um possível aumento de capital de até R$ 1,5 bilhão, a companhia confirmou, na segunda (15) pela manhã veio a público dizer que “avalia diversas alternativas disponíveis para o reforço de sua condição financeira”.
Se concretizada, a proposta poderia fazer cada ação IRBR3 ir a R$ 1 – um modo de contornar as exigências regulatórias acerca da liquidez da companhia.
Há três trimestres a empresa sofre com a insuficiência no seu índice de liquidez, que caiu de 143% para 106% em março deste ano.
“[O IRB] estuda a possibilidade de realização de uma operação de captação de recursos, que em princípio consistiria em uma oferta pública subsequente de distribuição primária de ações ordinárias, todas nominativas, escriturais e sem valor nominal“, diz o documento.
O IRB destaca que deve fazer isso com base no limite de aumento de capital autorizado pelo Estatuto Social mas, cita que até o momento não definiu valores.