O IRB Brasil (IRBR3) pode ter dificuldade de colocar uma nova emissão primária subsequente de ações. Nos últimos dois pregões, com a especulação de um aumento de capital bilionário – que levaria a ação para R$ 1 – as ações do IRB caem 1,44%. Nesta segunda a queda foi ainda maior: 10%.
“[Seria] o maior desconto de ‘follow-on’ dos últimos anos, se não for o maior de todos os tempos”, disse uma fonte não revelada, ao jornal Valor Econômico.
Atualmente a companhia está em contato com o Itaú BBA e Bradesco BBI para o follow-on bilionário, segundo a Bloomberg.
“O papel está caindo porque o preço tende a convergir para o preço da operação. A questão é saber se o Itaú e o Bradesco, maiores acionistas do IRB, vão subscrever o ‘deal’ inteiro ou vai ter demanda para a subscrição de outros investidores”, disse a fonte do Valor.
A resseguradora mira um possível aumento de capital por conta dos problemas de liquidez.
Com a retração do índice de liquidez para 106%, aumentam os riscos da companhia, já que o patamar mínimo exigido para as empresas de capital aberto é de 100%.
“O preço de tela hoje do IRB Brasil está totalmente errado. Se sair com um desconto só de uns 30%, não vai ter demanda”, disse uma fonte familiarizada com o tema ao Brazil Journal.
Em meados de 2020 a companhia passou pela mesma situação e também decidiu aumentar seu capital, com a ajuda de bancos acionistas como o Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4).
Há expectativa de que essas instituições deem mais uma vez suporte à operação e, posteriormente, decidam por fechar o capital da companhia.
IRB confirma estudar aumento de capital
Após fontes internas citarem um possível aumento de capital de até R$ 1,5 bilhão, a companhia veio a público, na segunda (15), dizer que “avalia diversas alternativas disponíveis para o reforço de sua condição financeira”.
Se concretizada, a proposta poderia fazer cada ação IRBR3 ir a R$ 1.
“[O IRB] estuda a possibilidade de realização de uma operação de captação de recursos, que em princípio consistiria em uma oferta pública subsequente de distribuição primária de ações ordinárias, todas nominativas, escriturais e sem valor nominal, de emissão da Companhia, todas livres e desembaraçadas de quaisquer ônus ou gravames, com esforços restritos de colocação, a ser realizada no Brasil, nos termos da legislação e regulamentação aplicáveis, e com esforços de colocação no exterior”, diz o documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A companhia destaca que deve fazer isso com base no limite de aumento de capital autorizado pelo Estatuto Social. Além disso, cita que “até o momento, ainda não definiu ou aprovou a efetiva realização da Potencial Captação ou a sua estrutura”.
No fato relevante, também consta que a companhia ainda não definiu os valores, estimados em R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão, segundo as fontes internas da empresa. A oferta pública, diz o IRB, ‘não está sendo realizada em qualquer jurisdição’.
“A efetiva realização da Potencial Captação, assim como qualquer operação de captação de recursos no mercado de capitais que a Companhia poderá realizar, está sujeita, entre outros fatores, às condições do mercado de capitais brasileiro e internacional, à obtenção das aprovações necessárias, incluindo as respectivas aprovações societárias aplicáveis, às condições políticas e macroeconômicas favoráveis, ao interesse de investidores, dentre outros fatores alheios à vontade da Companhia”.
Resultado de IRBR3
A companhia teve prejuízo líquido de R$ 373 milhões no segundo trimestre de 2022 (2T22), uma piora de 80% em relação aos R$ 206 milhões de prejuízos anotados em igual período de 2021.
O Prêmio Emitido no trimestre foi de R$ 1,68 bilhão, queda de 22% ante os R$ 2,16 bilhões na mesma etapa de 2021.
O Sinistro retido foi negativo em R$ 1,663 bilhão, estável ante os R$ 1,65 bilhão vistos em 2021.
As despesas administrativas caíram 25%, saindo de R$ 106 milhões para R$ 76 milhões no 2T22.
Segundo a administração, o prejuízo líquido do IRB no 2T22 foi negativamente impactado pelos efeitos climáticos que afetaram os contratos de Riscos Rurais.
No acumulado semestral, o prejuízo totalizou R$292,8 milhões, comparado a um prejuízo de R$156,1 milhões no primeiro semestre de 2021.
“O primeiro semestre de 2022 apresentou-se bastante desafiador para o mercado segurador e ressegurador. O efeito das questões climáticas no agronegócio causou quebras de safra importantes, que resultaram em sinistros vultosos para os produtores rurais e, consequentemente, para as seguradoras e resseguradoras. Esse efeito relevante, somado ao impacto da pandemia nos seguros de vida, elevou a sinistralidade a níveis não esperados pela companhia”, consta no balanço do IRB.