IRB (IRBR3) e Espaçolaser (ESPA3) estão entre as maiores quedas das small caps em janeiro
Em um mês de janeiro de recuperação e melhora do cenário brasileiro, as small caps brasileiras fecharam o mês no azul – mas alguns ativos tiveram depreciação. Papéis como o IRB Brasil (IRBR3) ou a Espaçolaser (ESPA3) chegaram a cair cerca de 20%.
No acumulado mensal, o Ibovespa subiu 7%, fechando o último pregão do mês aos 112 mil pontos, contra uma alta de 3,7% do SMLL no mesmo período, fechando em 2.446 pontos.
Contudo, alguns ativos tiveram desempenho de mais de 20% de desvalorização no acumulado de 31 dias.
A companhia com a maior queda do mês entre as small caps foi o TC (TRAD3), ou Traders Club. Em 31 dias, a baixa foi de 25% nos papéis.
Tradicionalmente, empresas dessa natureza tendem a ter maior volatilidade. A ponta negativa do Ibovespa teve baixas de menor magnitude do que o índice de small caps – apesar da queda de 24% da Locaweb (LWSA3), que integra ambos os índices.
Por outro lado a companhia com a maior valorização do mês entre as small caps foi a Companhia Brasileira de Alumínio (CBAV3), que estreou o ticker na bolsa ainda em julho de 2021. Desde lá a alta foi de 45%, com 35% de rentabilidade em janeiro de 2022.
Veja as cinco maiores quedas das Small Caps:
- TC (TRAD3): -25%
- Locaweb (LWSA3): -24,8%
- Espaço Laser (ESPA3): -22,4%
- Paranapanema (PMAM3): -19,3%
- IRB Brasil (IRBR3): -19,2%
1) TC lidera queda das small caps
A companhia não teve muitas novidades em janeiro, e ainda sofre com o pessimismo do mercado com os papéis – que estrearam na B3 em meados de julho de 2021.
Recentemente a Genial Investimentos emitiu um relatório dizendo não ver potencial para a ação
“Acertar nas aquisições e ter a capacidade de colher as sinergias serão grandes desafios para o TC, principalmente em um período tão curto e com tantas operações distintas sendo integradas”, diz.
Ainda recentemente, Guilherme Aché, sócio-fundador da Squadra Investimentos, afirmou que a companhia não deveria ter feito listagem em bolsa.
“Abriu-se uma janela em que vieram várias empresas que não estavam preparadas. Os negócios são pequenos, pouco testados”, disse Aché.
2) Locaweb despenca com juros altos
A Locaweb viu seus papéis despencarem mais de 25% na Bolsa de Valores. A volatilidade negativa é resultado das perspectivas de aumento dos juros – cenário macroeconômico que penaliza especialmente as companhias de tecnologia.
Além disso, os juros aumentam o custo da dívida da companhia, que tem seus resultados operacionais pressionados pelo cenário.
A principal desvalorização aconteceu em 5 de janeiro, quando as ações caíram 12,78%, acompanhando o mau humor do mercado depois que o Federal Reserve, banco central americano, divulgou a ata de sua última reunião. No documento, os dirigentes do Fed indicam a possibilidade de aumento dos juros já no encontro de março.
A possibilidade de aumento dos juros dos EUA também pressiona a curva de juros de países emergentes, como o Brasil, já que esses países precisam correr atrás do valor, para manter os investimentos atrativos.
Porém, para empresas de tecnologia, como a Locaweb, aumento de juros no longo prazo significa menor lucratividade. Com isso, investidores veem menor crescimento e maior risco em investir nesses papéis.
3) Espaçolaser: Squadra vende ações
O grande movimento de drawdown dentre as small caps por parte da Espaçolaser veio na metade de janeiro.
A Squadra Investimentos vendeu todas as ações ordinárias que detinha da companhia, zerando suas posições.
No comunicado enviado à Espaçolaser, a Squadra afirma que a operação não tem o objetivo de alterar a composição do controle ou a estrutura administrativa da companhia. Somente no dia da notícia a queda foi de 4%
4) Paranapanema: renúncias e eleições
Sem muitos movimentos no mês de janeiro, a companhia teve renúncias e eleições no seu Conselho de Administração – recorrentes na segunda quinzena.
5) IRB cai com resultado abaixo do esperado
O que movimentou as ações da IRB foi o resultado divulgado pela empresa.
O IRB Brasil (IRBR3) registrou prejuízo de R$ 113,8 milhões em novembro de 2021, uma redução de 18,5% frente a perdas de R$ 134,8 milhões em novembro de 2020.
No acumulado do ano, o prejuízo do IRB Brasil foi de R$ 510,4 milhões, queda de 49,3% na comparação com o mesmo período no ano anterior, quando o resultado negativo ficou em R$ 1 bilhão.
Já o prêmio emitido do IRB totalizou R$ 706 milhões em novembro de 2021, sendo R$ 432,4 milhões no Brasil, aumento de 8,3%, e R$ 273,5 milhões no exterior, alta de 11,9%. Esse resultado ficou estável em comparação com novembro de 2020, quando havia apresentado prêmio de R$ 709,8 milhões.
Com a piora dos números do IRB, a recomendação da Genial Investimentos é de venda para as ações IRBR3. Segundo relatório divulgado na segunda (24), a perspectiva para os papéis do IRB é de mais 11,39% de queda, com preço-alvo de R$ 2,80.
Os analistas Bruno Bandiera, Eduardo Nishio e Guilherme Vianna apontam quatro fatos que embasam a tese de investimentos da Genial nessa recomendação de venda. São eles:
- incerteza em relação ao ROE (retorno sobre patrimônio) de longo prazo;
- impacto maior de contratos descontinuados ao longo de 2022 e 2023 (efeito cauda);
- consumo de capital com prejuízos incessantes e necessidade de novos aportes;
- pressão na sinistralidade do resseguro rural em função da alta quantidade de avisos de sinistros no final de 2021.
“Dado o cenário negativo, seguimos com recomendação de venda, alterando o preço-alvo de R$ 4,00 para R$ 2,8.”
Os papéis do IRB fecharam o mês como a quinta maior baixa dentre as small caps, com cotação de R$ 3,27.