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IRB Brasil (IRBR3) sobe 16% em tentativa de short squeeze à la GameStop

IRB Brasil. Foto: Reprodução

IRB Brasil. Foto: Reprodução

O IRB Brasil (IRBR3) é, de longe, o principal destaque do pregão desta quinta-feira (28). As ações da resseguradora disparam 16% após um grupo de investidores se organizar e tentar um short squeeze — inspirado no fórum r/WallStreetBets, do Reddit, e na GameStop.

Por meio do Telegram, rede social de mensagens instantâneas, investidores a favor do IRB Brasil se juntaram e têm combinado a compra em massa das ações da empresa para pressionarem os “vendidos” nos papéis a se desfazerem das posições — o que pode levar a ainda maior valorização das ações.

Quando um investidor vende uma ação a descoberto, se ela for a zero o ganho é de 100%, mas se ela continuar se valorizando, a perda pode ser infinita. E é assim que o short squeeze acontece: os vendidos na empresa, normalmente investidores institucionais, são pressionados a recomprarem os papéis para devolverem aos proprietários no processo do aluguel de ações, realimentando o ciclo de alta.

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O movimento é inspirado no que tem acontecido com as ações da GameStop. Fundada em 1984, a empresa de video-games era considerada carta fora do baralho por Wall Street por ter ficado “para trás” com a chegada da tecnologia. No entanto, com uma mudança em seu corpo diretivo, promessas foram feitas para que a empresa se tornasse a “Amazon dos games”.

As metas, contudo, não convenceram os investidores profissionais norte-americanos. As ações da GameStop são as que possuem a maior quantidade de posições vendidas nos Estados Unidos, com cerca de 150% de seus papéis negociados a descoberto, de acordo com S3 Partners.


Foi então que pequenos investidores, através do Reddit, se organizaram para fazer uma corrida em massa para a compra das ações da GameStop, pressionando os vendidos.

Com a disparada inexplicável, alguns hedge funds que possuíam posições vendidas tiveram também de comprar papéis para limitar as perdas, o que levou as ações a se valorizarem ainda mais. Melvin Capital, de Gabe Plotkin, e Citro Research, de Andrew Left, se viram em uma encruzilhada na situação.

Na última quarta-feira, as ações da empresa encerraram com uma alta de 134%, sendo que somente em janeiro já sobem mais de 1.100%. Nesta quinta-feira (28), entretanto, o papel faz o movimento inverso e despenca quase 60%.

“Compliance” no short squeeze do IRB Brasil

No grupo do Telegram, que já contava com mil pessoas há poucos minutos, os organizados disseram que “o nosso grande objetivo é ver um short squeeze no IRB”.

Entretanto, para evitar problemas com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os investidores tiveram de adaptar algumas normas comuns do mercado financeiro, como uma espécie de compliance do grupo.

Os organizadores disseram que as postagens no grupo não representam ordem de compra e venda das ações, e não visam o benefício individual ou de pessoas. Além disso, eles afirmaram que não são analistas de valores mobiliários.

Com isso, reiteram que não fazem nenhum tipo de recomendação de compra de ativos, e que ali são expressos somente “opiniões pessoais”.

Vale ressaltar que, até o início do pregão desta quinta, aproximadamente 9% das ações do free float do IRB estavam em posições vendidas. A proporção é considerada alta, pois a Petrobras (PETR4), por exemplo, que é um dos ativos mais líquidos da Bolsa, tem somente 2,7% das ações em aluguel.

Contudo, ainda é uma situação consideravelmente diferente da observada com a GameStop. Principalmente por conta do volume de negociação médio diário do IRB, que fica em torno de R$ 500 milhões. O short squeeze costuma ocorrer com mais facilidade em papéis mais líquidos.

Segundo gestores ouvidos pelo SUNO Notícias, no mercado acionário brasileiro, os fundos não têm a mesma facilidade em operar vendido papéis com baixa liquidez, como os da IRB. Por isso, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, dificilmente uma posição vendida como essa se tornaria algo relevante.

“O mercado de aluguel é muito difícil, tem poucas opções e os investidores tiram o aluguel muito rápido. Dessa forma, fica complicado operar vendido papéis sem grande liquidez”, disse um gestor.

Posicionamento da CVM

Em resposta ao SUNO Notícias sobre o caso do IRB, a CVM disse que “acompanha e analisa informações e movimentações envolvendo companhias abertas, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário”.

“A autarquia ressalta que possíveis casos concretos envolvendo a situação mencionada em sua demanda serão avaliados individualmente pela autarquia, por meio de processos administrativos que poderão, até, gerar as punições previstas no art. 11 da Lei 6385/76”, diz o posicionamento oficial.

Por volta das 13h20, os papéis do IRB Brasil subiam 16,13% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), sendo a principal alta do Ibovespa no dia. Os “comprados” na empresa procuram compensar a queda de 81% dos últimos 12 meses.

(Contribuiu Vinicius Pereira)

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