O IRB Brasil (IRBR3) divulgou, na madrugada desta sexta-feira (19), seus resultados do quarto trimestre de 2020. Entre outubro e dezembro do ano passado, a resseguradora teve um prejuízo líquido de R$ 620,2 milhões, contribuindo para a perda de R$ 1,52 bilhão no acumulado do ano.
O resultado reverte o lucro líquido de R$ 654,4 milhões auferidos no quarto trimestre do ano anterior, assim como o ganho de R$ 1,21 bilhão no acumulado de 2019. O volume de prêmios emitidos pelo IRB Brasil, contudo, aumentou na comparação de ano a ano.
Segundo o documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa contabilizou um total de R$ 9,59 bilhões em prêmios em 2020, um avanço de 12,6% frente a 2019. Os prêmios no Brasil contribuíram com R$ 4,87 bilhões, enquanto o exterior somou R$ 4,72 bilhões.
Somente no quarto trimestre do ano passado, os prêmios emitidos somaram R$ 2,08 bilhões, alinhado ao resultado do mesmo período do ano anterior, de R$ 2,09 bilhões, embora tenha representado uma queda de 29,94% sobre o terceiro trimestre de 2020.
O índice de sinistralidade total ficou em 102,3% em 2020, frente a 66,4% em 2019. O índice combinado ampliado, por sua vez, subiu de 81,2% para 132,4% na mesma base comaparativa.
Dentre os destaques do ano, a administração da companhia salientou que encerrou 2020 com excesso de capital regulatório de R$ 1,3 bilhão, sobretudo por conta da capitalização concluída em agosto. O montante perfaz um índice de solvência regulatória de 167% — calculado pela relação entre patrimônio líquido e capital de risco total.
Além disso, no último dia de 2020, o IRB Brasil possuía um superávit ou suficiência de ativos elegíveis para “cobertura” das provisões técnicas, de R$ 542,6 milhões, revertendo o resultado negativo de 31 de dezembro de 2019, que era de um déficit de R$ 1,1 bilhão.
IRB Brasil reconhece “crise de credibilidade”
Em comunicado, o presidente do IRB, Antonio Cassio dos Santos, reconheceu que, além dos fortes impactos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), 2020 ficou marcado pela “crise de credibilidade” da resseguradora.
“Enfrentamos o desafio de superar uma crise de credibilidade motivada por irregularidades identificadas pela divulgação de informações inverídicas sobre a base acionária da Companhia em março de 2020″, disse o executivo.
Cassio dos Santos também citou a instalação da SUSEP de Fiscalização Especial, em maio, por conta da insulficiência de Ativos Garantidores de Provisões Técnicas da empresa, e que naquele momento estavam na ordem de R$ 1 bilhão.
As provisões técnicas do IRB Brasil no ano, vale lembrar, cresceram R$ 3,1 bilhões, atingindo R$ 13,5 bilhões. Um crescimento de 29,7% sobre o reportado no fim de 2019.
“Esses fatos nos levaram a alterar por completo nossa Diretoria Executiva, além de renovar o Conselho de Administração e reavaliar a amplitude e intensidade de atuação comitês de assessoramento ao Conselho”, afirmou o CEO.
O presidente relembrou que no início deste ano, a empresa contratou uma consultoria estratégia de capilaridade mundial para contribuir com uma revisão global do IRB, que contempla uma reavaliação dos negócios, geografias e modelo operacional.
“O IRB Brasil se confirma como a maior Resseguradora do Brasil e a maior Resseguradora Regional de origem ibero-americana; e encerra o exercício de 2020 sendo indiscutivelmente uma Companhia robusta com Ativos da ordem de R$ 22,7 bilhões”, reforçou Cassio dos Santos.